Janaúba - Subiu para sete o número de crianças mortas no incêndio da creche em Janaúba, região norte de Minas. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Cecília Davina Gonçalves Dias e Yasmin Medeiros Salvino, ambas de quatro anos, faleceram na tarde desta sexta-feira, no hospital em que estavam internadas na vizinha Montes Claros. O total de mortos na tragédia, agora, é de nove. Sete crianças, uma professora e o vigia da creche, que provocou o incêndio.
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Na manhã desta sexta-feira, em Belo Horizonte, três crianças atingidas pelo fogo e levadas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, foram transferidas para o Hospital Municipal Odilon Behrens, também na capital.
Os bombeiros elevaram para 42 o total de feridos. Conforme a corporação, houve mais procura por atendimento médico em Janaúba durante a madrugada.
Entre a noite de quinta a manhã desta sexta, 11 crianças vítimas do incêndio foram levadas para Belo Horizonte. Todas em estado grave, com queimaduras entre 10% e 80% do corpo, e nas vias aéreas. As crianças transferidas para o hospital municipal têm três anos. Entre os pacientes que permanecem no João XXIII, oito têm cinco anos e um tem quatro anos. Outras duas vítimas, ambas professoras da creche, chegaram hoje a Belo Horizonte.
O incêndio na creche, conforme investigações da Polícia Civil, foi provocado pelo vigia da instituição, Damião Soares dos Santos, de 50 anos, que antes teria jogado líquido inflamável nas crianças e no corpo.
Quatro alunos morreram imediatamente após o ataque. Uma professora, outra criança e o autor do crime faleceram depois de internadas no hospital de Janaúba. Ainda segundo as investigações, o crime foi premeditado. Galões com combustível foram encontrados na casa do vigia. Damião também teria dito a familiares que "daria um presente a todos, se matando em breve".
MP quer saber se estado foi negligente com saúde mental de vigia
O Ministério Público do Estado de Minas Gerais vai instaurar inquérito civil para investigar se houve negligência do município de Janaúba e do estado de Minas Gerais no acompanhamento de Damião Santos.
O MP quer saber se foi identificada, com antecedência, a necessidade de acompanhamento psicológico ao vigia e se ele teve acesso a algum tratamento de 2014 a 2017. O promotor Jorge Victor Cunha Barreto falou em coletiva de imprensa que o inquérito policial não tem como finalidade prender ninguém, mas dar uma resposta. "Todo mundo quer saber por que esse sujeito praticou um ato de tamanha barbaridade. Só que não é suficiente essa resposta do ponto de vista penal, do ponto de vista criminal", acrescentou.
Segundo o prefeito de Janaúba, Isaildon Mendes, Santos era vigia noturno na creche, desde 2008, e não tinha contato algum com as crianças. O expediente dele começava após elas deixarem a escola e terminava antes de chegarem. Ele havia acumulado férias de três meses e tinha acabado de voltar a trabalhar. Trabalhou na segunda-feira e faltou na quarta-feira.
A diretora da instituição ligou para ele perguntando se estava tudo bem e ele disse que sim. "Não tinha motivo para suspeitar de tragédia. Ele pediu para entrar para entregar um atestado médico. Nenhuma autoridade poderia imaginar que isso pudesse acontecer", diz.
De acordo com Mendes, durante todo período em que o vigia trabalhou na creche, não houve reclamações ou indícios de comportamento que demonstrasse algum desequilíbrio emocional.
O delegado responsável pelo Departamento Regional da Polícia Civil, Renato Nunes, explicou ainda que Santos tinha uma mini fábrica de picolé e que o álcool era usado como insumo para resfriar o produto. Portanto, ter uma grande quantidade do produto em casa não seria suspeito. "No momento da ação, ele tinha consciência do que estava cometendo, não estava surtado, ele estava em sã consciência", disse. "Foi imprevisível, um fato isolado que aconteceu, com acontece em outros países, infelizmente. É a mente humana. Não pudemos evitar", lamentou o delegado.