Brasília - O governo calcula que faltam 56 votos para alcançar o mínimo de 308 que são necessários para aprovação da reforma da Previdência na Câmara. O Planalto espera fechar essa conta até o fim desta semana para que a proposta comece a ser discutida pelos deputados já na próxima segunda-feira. O presidente Michel Temer acertou com lideranças governistas e com o relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), um esforço na busca pelos votos restantes.
Para aprovar a reforma na Câmara, o governo precisa de pelo menos 308 votos em cada uma das duas votações no plenário. Governistas dizem, porém, que só querem votar a proposta quando tiverem cerca de 330 votos garantidos. "Hoje temos 252 votos a favor e 140 indecisos", disse ao Estadão/Broadcast Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara e um dos responsáveis por calcular os votos. Nesta terça-feira, Temer disse que o governo não colocará o texto em votação se os partidos da base não garantirem votos suficientes para aprová-lo "Acho que vai ser agora pelo que estou sentindo. Estou animadíssimo", disse em evento no Itamaraty.
O governo espera conseguir os votos que faltam após partidos da base aliada decidirem por obrigar seus deputados a votarem a favor da reforma. O movimento deve ser puxado por PMDB e PSDB. Ontem, o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), disse que já há maioria na direção nacional da sigla para fechar questão até o fim da semana. O PMDB deve tomar a decisão desta quarta-feira.
O fechamento de questão sobre um tema é uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional de um partido. Quando isso acontece, parlamentares que votarem de forma diferente ao que determinou a direção da legenda podem ser punidos até mesmo com a expulsão. Na avaliação do relator, o fechamento de questão deve ajudar consideravelmente a conseguir os votos que faltam. Para ele, há "grandes chances" de a matéria ser votada na Câmara ainda este ano.
Segundo Oliveira Maia, a expectativa é começar a votação na terça-feira. "Se votarmos o primeiro turno na semana que vem, dá para votar em segundo turno na outra", declarou o relator, que se reuniu ontem com Temer. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ter certeza que o governo conseguirá os 308 votos necessários, mas não se comprometeu em pautar a matéria no plenário para a próxima semana.
"A gente não vai a voto sem número." O governo também trabalha para convencer os 38 deputados do PSD e os 37 do PR a votarem a favor da reforma. Integrantes do chamado Centrão, esses são os partidos da base que apresentam maior resistência à proposta.