Victor Junqueira é filho de Eurípedes Junqueira, ex-prefeito de Anápolis-GO - Reprodução
Victor Junqueira é filho de Eurípedes Junqueira, ex-prefeito de Anápolis-GOReprodução
Por O Dia

Goiás - Um vídeo que começou a circular nas redes sociais nesta terça-feira, mostra Victor Junqueira, de 24 anos, agredindo sua ex-namorada, a advogada Luciana Sinzimbra, de 26. Victor é piloto e filho do ex-prefeito de Anápolis, Eurípedes Junqueira. 

As imagens, gravadas por Luciana com uma câmera escondida, mostram a vítima chorando e tentando se esquivar das agressões do ex-namorado, que incluíram socos, tapas e enforcamento. Luciana tentou dialogar e pedir para ele parar, em vão: "Eu vou te bater mais", respondeu o piloto.

O caso aconteceu na madrugada do dia 14 de dezembro de 2018, mas só veio a público depois que o vídeo começou a circular nas redes sociais, nesta terça-feira. As agressões estão sendo investigadas pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Goiânia.

Por meio de suas redes sociais, a advogada escreveu que não autoriza a divulgação do vídeo e que não quer vingança, e sim justiça. Victor Junqueira apagou todos os seus perfis em redes sociais. A reportagem tentou contato com o piloto e sua defesa, mas não conseguiu retorno. O espaço está aberto para manifestação.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Goiás divulgou, nesta quarta-feira, uma nota de repúdio aos atos de violência: "Episódios assim, infelizmente, acometem diariamente, segundo se pode ver pela mídia, mulheres vulnerabilizadas, no contexto do ciclo de violência, independente de nível social, formação profissional ou escolaridade, e que só percebem a gravidade da situação, no momento que o parceiro pratica violências física, sexual ou levam a vítima à morte, movido por equivocado sentimento de posse e apropriação da mulher."

Confira a nota completa da OAB-GO:

OAB-GO REPUDIA ATOS DE VIOLÊNCIA CONTRA ADVOGADA LUCIANA SINZIMBRA

"A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Goiás, por meio da Comissão da Mulher Advogada e demais advogados apoiadores, representantes do Sistema OAB/GO, vem a público repudiar os atos de agressão e violência cometidos na madrugada do dia 14 de dezembro de 2018, em Goiânia, contra a advogada Luciana Sinzimbra, pelo seu próprio ex-namorado, o piloto Victor Augusto Amaral Junqueira.

Vídeos e imagens amplamente viralizadas pela internet, em sites de notícias e contas pessoais de redes sociais de diversas autoridades políticas e policiais, divulgaram as cenas de agressão em que a vítima aparece chorando e tentando se esquivar de safanões, socos na cabeça e tapas, bem como de um momento de estrangulamento. O vídeo mostra também que ela tentou inclusive dialogar, em vão, com o autor dos fatos, pedindo que parasse, dizendo que fosse embora e que daquele jeito, ele iria matá-la. Ainda pelas imagens, é perfeitamente audível a resposta do agressor, quando questionado pela vítima se qualquer descontentamento justificaria aquela violência, e ele dizendo que bater nela era “super justo”.

Nos relatos prestados perante a polícia, cujos autos chegaram ao conhecimento da Comissão da Mulher Advogada, via requerimento, no dia 17/12/2018, a vítima diz identificar fatos de violência anteriores, durante o relacionamento, mas que nunca chegaram à violência física. E que na mesma noite, após anunciar que iria embora, o autor ainda segurou a advogada com força, querendo obrigá-la a escutá-lo, quando ela saía do seu apartamento para ir se proteger na casa de amigos.

A Comissão da Mulher Advogada e demais subscritoras consideram o vídeo chocante, pelas imagens que mostram uma mulher passar pelo medo e sofrimento, não só em função da violência física experimentada, mas pelas ameaças do agressor em continuar agredindo.

Episódios assim, infelizmente, acometem diariamente, segundo se pode ver pela mídia, mulheres vulnerabilizadas, no contexto do ciclo de violência, independente de nível social, formação profissional ou escolaridade, e que só percebem a gravidade da situação, no momento que o parceiro pratica violências física, sexual ou levam a vítima à morte, movido por equivocado sentimento de posse e apropriação da mulher.

Manifestamos apoio à advogada Luciana Sinzimbra e a todas as mulheres que decidem denunciar fatos criminosos como estes, e salientamos a coragem desse ato, por acreditarmos que esse é o primeiro passo para acabar com a impunidade.

Pugnamos pela observância de todos os direitos constitucionais de defesa do autor dos fatos, mas exigimos que a apuração e o processo considerem a seriedade desse caso, em exemplo a todas as ocorrências de violência contra a mulher que ocorrem em Goiás e no país, lembrando que uma mulher agredida padece individualmente, mas a violência também afeta famílias, amigos e a sociedade.

Destacamos que a culpa pela violência não é da vítima e nos posicionamos veementemente contra julgamentos sobre o perfil emocional ou social da mulher vitimizada, ou ainda outros aspectos que transfiram o foco dos fatos e da figura do autor para a mulher.

Por ser o autor dos fatos, pessoa jovem e capaz de rever seus comportamentos, esperamos que busque ajuda para não repetir atos como os filmados, em nenhuma outra circunstância e sim que contribua para uma cultura de paz em sociedade, especialmente entre homens e mulheres.

A Comissão da Mulher Advogada esclarece, ainda, que dentro de suas atribuições ligadas ao Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a Mulher, sempre respeitando o papel das instituições e de advogados(as) constituídos(as), acompanhará o caso, com o intuito de preservar os direitos da mulher, a imagem profissional da vítima, e o devido processo legal para todos os envolvidos."

 

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