Sérgio Moro - Paulo Guereta/Parceiro/Agência O Dia
Sérgio MoroPaulo Guereta/Parceiro/Agência O Dia
Por iG
São Paulo - Depois de divulgar polêmicas reportagens – que revelam diálogos comprometedores entre o então juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato –, o site The Intercept começou a fazer parcerias com outros veículos da imprensa. Por conta disso, uma outra leva de vazamentos foi divulgada em parceria com a Folha de S.Paulo no último fim de semana , e, nesta sexta (5), a revista Veja publicou mais uma matéria exclusiva sobre o assunto. Os diálogos divulgados hoje mancham ainda mais a imagem de Moro.
Segundo os novos vazamentos, o ex-juiz teria pedido, em mensagens diretas a procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato , que provas fossem incluídas em processos que ele mesmo julgaria depois. Além disso, Sergio Moro teria mandado acelerar ou retardar operações a seu desejo e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Assim, segundo a revista, o agora ministro de Bolsonaro teria ultrapassado suas funções como juiz e atuado como chefe do Ministério Público Federal (MPF).

Em uma das conversas divulgadas pela revista Veja , essa registrada em 28 de abril de 2016, o coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol , diz à procuradora Laura Tessler que Sergio Moro teria o alertado para o fato de faltar uma informação na denúncia contra Zwi Skornicki – representante de estaleiro que pagou propinas a Petrobras. O alerta de Moro seria uma forma de ajudar um dos lados no processo.

"Laura no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele", diz Dallagnol. "Ih, vou ver", teria respondido a procuradora. A conversa resultou em mudança nos autos já que, no dia seguinte, o MPF incluiu um comprovante de depósito de 80 mil dólares feito por Skornicki a Musa. Minutos depois, Moro aceita e denúncia e, na sua decisão, comenta o exato documento que havia pedido para incluir na ação.
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Ainda segundo a revista, em um conversa registrada entre o procurador Deltan Dallagnol com seus colegas do MPF, no dia 13 de julho de 2015, ele teria comemorado um encontro com o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso", vibrou Dallagnol. Hoje, Fachin é o relator da Lava Jato no Supremo.

Por fim, outra revelação feita pela revista é a de que, de acordo com os vazamentos, Moro teria "cruzado a linha da imparcialidade" em relação aos acordos de delações fechados com o MPF. Afinal, no dia 5 de julho de 2017, Moro, em uma conversa privada com Dallagnol às 23h11, teria comentado e se posicionado a respeito de rumores de uma possível delação do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB).

"Rumores de delação do Cunha... espero que não procedam", diz o então juiz. Dalla­gnol afirma que tudo não passa de rumores. "Só rumores. Não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que virá) Acontecerá na próxima terça. estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par”, afirma o procurador. Moro, então, reforça seu posicionamento. "Agradeço se me manter (sic) informado. Sou contra, como sabe".
Todas as conversas vazadas nas reportagens produzidas pelo The Intercept ocorreram no aplicativo de mensagens Telegram. De acordo com a reportagem da Veja , os arquivos que chegaram ao site de forma anônima somam 1 milhão de mensagens e somam mais de 30 mil páginas de conteúdo.