"O povo brasileiro é um povo pacífico, não é povo de quebra-quebra, nem de baderna. A marca do povo brasileiro é o povo do verde e amarelo", disse o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um antigo aliado e apoiador do presidente. "Esse País não vai ser Venezuela, não vai ser destruído por ninguém. Esse País não vai falir."
Malafaia fez referência aos apoiadores de Bolsonaro que nas últimas semanas, com presença do presidente, promoveram atos de protesto contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, majoritariamente usando símbolos pátrios e vestidos nas cores da bandeira nacional.
O pastor organizou o encontro como presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb). Participaram representantes de 11 igrejas pentecostais e neopentecostais, como Assembleia de Deus em Madureira (Abner Ferreira), Igreja Universal do Reino de Deus (Eduardo Bravo), Igreja Internacional da Graça de Deus (RR Soares), Renascer em Cristo (Estevam Hernandes), Ministério Internacional da Renovação (Renê Terra Nova), Igreja Apostólica Fonte da Vida (César Augusto), Comunidade das Nações (JB Carvalho), entre outras.
O encontro é mais um apelo de Bolsonaro ao segmento religioso, enquanto enfrenta pedidos de impeachment no Congresso, queda de popularidade, 34 mil mortos pela pandemia da covid-19, aumento do desemprego e crise econômica, e baixas no governo, como dois ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) e o ministro da Justiça e Segurança Pública (Sergio Moro). Além disso, correm no Supremo Tribunal Federal investigações contra Bolsonaro e aliados.
Mesmo no segmento evangélico, houve perda de apoio e aumento da resistência a Bolsonaro, principalmente nas igrejas históricas, como Metodista, Batista, Presbiteriana, Anglicana e Luterana.
Os pastores evangélicos rezaram perfilados ao lado de Bolsonaro e se manifestaram contra o que chamaram de convulsão social. "Toda autoridade constituída é permissão de Deus. Ele põe e Ele tira, é Ele quem faz isso. Não é jogo corrupto, bandido de homens que por interesses escusos de ganância e de poder que vai trazer caos para essa nação. Que Deus livre o Brasil dessa praga e dessa pandemia, que esse espírito de morte seja repreendido da nossa nação", afirmou Malafaia.
O pastor disse ainda que Deus vai revelar "todos os planos escondidos" dos "inimigos da nação" e que eles vão ser "envergonhados e cair por terra". Ele ressaltou que não se referia ao presidente, mas à nação e profetizou que virão "tempos de paz e prosperidade". "Temos uma arma que o Exército não tem, que a Polícia Militar não tem, nós temos o poder da oração. Vão cair por terra toda essa potestade do inferno, esse principado, pensando que vai destruir o País. Convulsão institucional, convulsão social... Nós declaramos em nome de Jesus a paz sobre a nossa nação e que vão vir dias de bênção".
O missionário RR Soares seguiu a mesma linha. Disse que "o Senhor colocou o presidente Bolsonaro para ser pastor aqui durante quatro anos" e que rezou para que "os que são contra o País respeitem a decisão do povo". "Oramos para que todo o Brasil entre num acordo. Amarramos todas as forças espirituais contrárias a Tua vontade", disse.
Cada um deles orou e pediu a intercessão divina em benefício do País e de um dos três poderes. Abner Ferreira, por exemplo, chegou terminar a oração com o slogan de campanha de Bolsonaro: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
O bispo Eduardo Bravo, representante do bispo Edir Macedo, pediu Justiça em tempos de "guerra de poderes, corrupção, pandemia, crise econômica, coronavírus e pessoas aflitas".
Em poucas palavras, Bolsonaro disse que sua eleição foi um "milagre" assim como ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato, na campanha eleitoral de 2018. Ele afirmou que "obstáculos serão vencidos" e que "a fé conduzirá o Brasil a um porto seguro".