Buracos viram verdadeiras piscinas em dia de chuva - Divulgação/Aedin
Buracos viram verdadeiras piscinas em dia de chuvaDivulgação/Aedin
Por MARTHA IMENES
Os desafios para o prefeito diplomado Eduardo Paes (DEM-RJ) são muitos. Eles vão desde recuperar as finanças combalidas da Prefeitura do Rio a dar cabo do abandono, que é visível por toda a cidade. Os distritos industriais do Rio, concentrados na Zona Oeste, são um bom exemplo da situação: ruas esburacadas, falta de pavimentação e calçadas, pouquíssima ou nenhuma iluminação, pontos de ônibus inexistentes - inclusive o próprio coletivo desapareceu da região -, poda de árvore e áreas de convivência urbana. Ou seja, toda infraestrutura da região que abriga indústrias que geram empregos, mesmo durante a pandemia de coronavírus, é caótica.
A Avenida Brasil, principal via de acesso a esses polos na Zona Oeste, padece com engarrafamentos e buracos. Por conta disso, escoar a produção e produtos dessas regiões - que deveria ser uma tarefa relativamente fácil -, tem se mostrado um desafio constante. Para se ter uma ideia, a região abriga 49 empresas. Sendo Campo Grande com o maior número (22), seguida de Santa Cruz, com 16; Palmares tem sete e Paciência, quatro; segundo informações da Companhia Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), responsável por implantar os distritos. A sua manutenção é, constitucionalmente, feita pelas prefeituras dos municípios.
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No polo de Santa Cruz, por exemplo, cada vez que chove é uma "emoção". A chuva cria, inclusive, verdadeiros lagos. É possível ver pássaros se banhando na água suja que fica acumulada. Em uma das visitas que a reportagem de O DIA fez ao local, máquinas da Prefeitura do Rio surgiram, mas desapareceram na semana seguinte. Os buracos, no entanto, permaneceram.
Após muita cobrança e inúmeras denúncias, a prefeitura começou a recapear a via principal no último dia 6. Mas o problema não foi resolvido. O próprio secretário de Infraestrutura Sebastião Bruno, admitiu durante reunião com representantes das indústrias na Associação de Empresas do Distrito Industrial (Aedin), que a medida era paliativa. Máquinas foram colocadas no local mas a obra não avançou.
É importante destacar que as intervenções nos distritos devem abranger, além do pavimento asfáltico, recuperação da rede de drenagem, saneamento, iluminação e sinalização das rodovias.
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Um distrito, muitos problemas
Mais de 15 mil empregos diretos e 2,5 mil terceirizados, 14 grandes indústrias, 550 ônibus para transporte de funcionários diariamente, 800 caminhões em trânsito diário e cerca de 2 mil veículos de passeio. Some a isso R$ 260 milhões anuais desembolsados em impostos (estadual e municipal). Estes são alguns dos números do Distrito Industrial de Santa Cruz.
No polo, que deveria ter uma boa contrapartida dos entes públicos, falta iluminação adequada, calçamento e, principalmente, asfalto, as ruas têm verdadeiras crateras. Um risco para quem precisa transitar no local.
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É comum ver caminhões quebrados, ainda com as cargas que deveriam ser escoadas da região, carros de passeio com pneus e suspensão avariados pelo caminho, trabalhadores com rostos e roupas cobertos de poeira amargando a longa espera do coletivo, que sumiu do distrito.
Distritos carecem de infraestrutura
Os desafios para Eduardo Paes passam não só por Saúde e Educação, mas também pela revitalização dos quatro distritos industriais da capital, que geram empregos e exportam produtos, fortalecendo a Economia do estado.
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A reivindicação por melhoria na região dos distritos industriais da capital, que abrigam 49 empresas e indústrias, é antiga. Segundo Paulo Bachur, diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga (Sindicarga) e empresário do ramo de transporte que atende empresas no distrito de Santa Cruz há mais de 20 anos, o descaso dos governos é gritante. "A nossa briga por um olhar especial a essa importante fonte de renda e trabalho do nosso estado é antiga e vem se agravando nos últimos 4 anos", diz Bachur.
Cabe lembrar que os distritos foram criados na década de 1970 e, desde então, não passaram por obras de infraestrutura. "Trabalho com logística há mais de 30 anos e, na minha visão, o Distrito Industrial de Santa Cruz é o mais estratégico de todo estado pela sua localização para recebimento dos insumos e distribuição de seus produtos acabados por todo Brasil, podendo utilizar todos os modais para o seu transporte", avalia. E complementa: "O que vimos nos últimos anos foram várias empresas deixando de investir no distrito pela sua péssima reputação na conservação e acesso às indústrias".