Publicado 27/01/2021 11:59 | Atualizado 27/01/2021 12:00
Autor de um pedido de investigação sobre as compras do Executivo - incluindo os R$ 15 milhões gastos em leite condensado - ao Tribunal de Contas da União (TCU), o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) censurou o "apagão" no Portal da Transparência. Ao Estadão, Vieira afirmou que a inacessibilidade do portal "aumenta suspeita" sobre os gastos e disse ter solicitado informações à Controladoria Geral da União (CGU) sobre a "queda" do site oficial.
"Solicitei informações sobre esse "apagão" (no Portal da Transparência). Isso só aumenta a suspeita de problemas sérios nestes gastos", afirmou o senador. Ao lado dos deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES), o senador protocolou um pedido para abertura de investigação, pelo TCU, sobre os gastos. Ao Estadão, o parlamentar explicou que a medida pretende determinar as responsabilidades por cada uma das despesas, identificando eventuais fraudes e abusos.
"O pior é saber que este tipo de despesa teve um aumento de 20% em 2020, ano de pandemia e home office. O básico da gestão é fazer boas escolhas, dentro dos princípios de eficiência e moralidade", disse Vieira. E completou: a sensação é de desperdício, de desrespeito com o interesse público."
O Portal da Transparência do governo federal, canal de prestação de contas dos gastos públicos feitos pelo Executivo, ficou fora do ar entre a noite de terça-feira, 26, e a manhã desta quarta, 27, sendo restabelecido após às 8h da quarta. O portal ficou inacessível no mesmo dia em que os gastos do Executivo com alimentos viraram centro do debate público, motivando pedidos de investigação de parlamentares.
Os gastos alimentícios do governo federal somaram mais de R$ 1,8 bilhão em 2020. Além dos R$ 15 milhões gastos com leite condensado, R$ 2,2 milhões pagos em chicletes e R$ 32,7 milhões em pizza e refrigerante.
Apenas o montante pago pelo leite condensado é cinco vezes mais que tudo que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) recebeu para fazer o monitoramento por satélite de toda a Amazônia, Pantanal e demais regiões do País - R$ 3,2 milhões no mesmo período, segundo dados levantados pela consultoria Rubrica
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