Cerca de 40% dos hipertensos abandonam o tratamento no primeiro ano
Cerca de 40% dos hipertensos abandonam o tratamento no primeiro anoReprodução de Internet
Por Luísa Bertola*
Rio - A hipertensão arterial é uma doença caracterizada pelos altos níveis da pressão arterial e que pode levar a morte. O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial é nesta segunda-feira (26) e tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico. Com isso, o DIA conversou com a médica cardiologista e geriatra Margarete Henriques, que explicou a importância do diagnóstico preventivo, do tratamento e os cuidados para evitar a doença.
A médica explicou que a hipertensão arterial pode ser definida de dois modos, a hipertensão primária ou essencial e a secundária. "Sabe-se que entre os mecanismos responsáveis pela elevação da pressão arterial na hipertensão primária, estão o aumento da absorção de sal pelos rins, uma excessiva resposta dos vasos sanguíneos a estímulos nervosos, como adrenalina e uma perda da elasticidade das artérias mais rígidas. A hipertensão primária, geralmente surge gradativamente, piorando ao longo dos anos".
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Alguns fatores, como histórico familiar e influência genética, também contribuem para o risco da hipertensão primária. "Quanto mais parentes portadores de pressão alta você tiver, maiores são as chances de também desenvolver hipertensão arterial. Pessoas com, pelo menos, um parente de primeiro grau hipertenso tem o dobro de chance de desenvolver pressão alta quando comparado com pessoas sem histórico familiar", informou Margarete.
"A pressão arterial primária é uma doença típica da sociedade do mundo Ocidental, que habitualmente consome muito sal. Pessoas que ingerem mais de seis gramas de sal por dia apresentam maior risco de terem pressão alta. O excesso de peso é outro importante fator de risco para hipertensão arterial. O consumo excessivo de álcool aumenta em duas vezes o risco de hipertensão. Além disso, a idade também pode ser outro fator de risco, quanto mais velha é a pessoa maior o risco de desenvolver a doença. Isso porque com o passar dos anos, os vasos sanguíneos  sofrem um processo chamado de arteriosclerose - o endurecimento da parede das artérias, fazendo com que elas percam a elasticidade e a capacidade de se acomodar", alertou.
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O colesterol alto elevado também acende um alerta para um desenvolvimento da hipertensão essencial. Além disso, pessoas sedentárias e fumantes também precisam ficar atentas à doença. "A prática regular de exercícios diminui os níveis circulantes de adrenalina e aumenta a liberação de endorfinas, que causam dilatação das artérias, que contribui para a diminuição da pressão arterial. O cigarro não só causa aumento imediato da pressão arterial, mas também acelera o mecanismo de arteriosclerose deixando os vasos duros e rígidos". 
Margareth explica que diferente da hipertensão essencial, a secundária tem uma causa bem definida. "A hipertensão secundária é por definição aquela que tem uma causa bem definida. Uma das doenças que podem causar hipertensão secundária é a insuficiência renal crônica, glomero oi nefrite, rins policísticos, estenose da artéria real - que é um termo indicado para estreitamento de uma artéria -; feocromocitoma - que é um tumor maligno das glândulas suprarrenais -; aldosteronismo, que é causado por um tumor benigno da suprarrenal, apneia obstrutiva do sono, que é uma doença que ocorre principalmente em obesos e se caracteriza por períodos de ausência de respiração durante o sono e doenças da tireoide. Tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo podem causar a hipertensão arterial".
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Alimentação balanceada e atividades físicas
Um dos cuidados básicos para a prevenção da doença é medir a pressão pelo menos uma vez a cada seis meses ou com um intervalo máximo de um ano. "Assim quando a doença aparece, logo se faz o diagnóstico". Além disso, exercícios físicos regulares, controlar os gatilhos geradores de estresse, usar os remédios conforme as orientações médicas, também são cuidados que a pessoa deve seguir.
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Uma alimentação balanceada, com alimentos ricos em Ômega 3, como peixes, sardinha, salmão, atum, linhaça e azeite é essencial, o consumo de alimentos como "alho, aveia, leite e derivados nas versões desnatadas, alimentos ricos em potássio como feijão, espinafre, cenoura" ajudam na eliminação do sódio do sal. 
A doutora explica que a doença não tem cura, mas mesmo assim é possível controlar e conviver com a hipertensão. "O médico determinará o melhor método para cada paciente. Uns terão que usar medicamentos. Outros, apenas uma modificação do estilo de vida, dos hábitos. Fazendo exercícios físicos, parar de fumar, preferir alimentos cozidos ou assados, evitar frituras, usar temperos naturais, evitar açúcares e doces, o excesso de sal, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, é recomendado a prática de atividade física, pelo menos trinta minutos por dia, cinco vezes por semana.
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A médica ressalta que com a pandemia da covid-19, muitos pacientes deixaram de ir aos consultórios médicos e realizar exames regulares. "Isso é muito grave, porque o hipertenso precisa ir regularmente ao médico para verificar a sua pressão, fazer os seus exames laboratoriais, eletrocardiográficos, ver se há necessidade de mudança da medicação".
Margarete ainda fez um alerta sobre a importância de idas frequentes aos consultórios médicos: "O paciente não ir ao consultório pode evoluir para uma gravidade até a morte súbita ou um infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais tromboses, arritmias cardíacas, insuficiências cardíacas, insuficiências renais. Portanto, os pacientes devem procurar regularmente o seu médico, mesmo com a pandemia do covid-19".
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*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno