Há uma suspeita de que os repasses para a campanha de comunicação do governo durante a pandemia tenham sido usados para propagar notícias falsas sobre a Covid-19.Agência Brasil
Por iG
Publicado 22/04/2021 20:57 | Atualizado 22/04/2021 20:58
Brasília - O ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fábio Wajngarten, que deixou o cargo no mês passado, disse em entrevista à Veja publicada nesta quinta-feira que o real motivo do insucesso na compra das vacinas da Pfizer, oferecidas ao Ministério da Saúde em mais de uma oportunidade, foi motivado pela "incompetência e ineficiência" do Ministério da Saúde, até então comandado pelo general Eduardo Pazuello.

Segundo Wajngarten, ele mesmo participou ativamente das tratativas sobre a compra dos imunizantes em 2020. Ele diz que guarda e-­mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato e tem um "rol de testemunhas" que pode comprovar tudo o que está dizendo. 
De acordo com o ex-chefe da Secom, a Pfizer enviou uma carta ao Ministério da Saúde oferecendo prioridade na venda dos imunizantes, mas que a pasta "nem sequer respondeu".

"A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos. Precisávamos da maior quantidade de vacinas no menor tempo possível. E dinheiro nunca faltou", diz. 
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O publicitário diz que a Pfizer tentou até mesmo baixar o preço do imunizante. O valor ficou abaixo de 10 dólares por unidade." 
"Só para se ter uma ideia, Israel pagou 30 dólares para receber as vacinas primeiro. Nada é mais caro do que uma vida. Infelizmente, as coisas travavam no Ministério da Saúde", conta à Veja, revelando que as negociações travaram nas cláusulas leoninas que a Pfizer não abria mão no contrato. "Havia excesso de burocracia e pessoas despreparadas cuidando dessa questão", continua.

Wajngarten conta, ainda, que o general Pazuello foi demitido após rumores de que seria preso. O publicitário, porém, exime Bolsonaro da culpa pela má condução da compra das vacinas.

"Ele era abastecido com informações erradas, não sei se por dolo, incompetência ou as duas coisas. Diziam que a pandemia estava em declínio e que o número de mortes diminuiria muito até o fim do ano."
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