Publicado 30/05/2021 08:46
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro disse ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que não quer que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, seja punido por participar, sem máscara, de um ato em favor do presidente no Rio no domingo passado (23).
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro deu sinal de que busca livrar Pazuello de qualquer punição durante viagem que fez a São Gabriel da Cachoeira (AM) com Paulo Sérgio, comandante do Exército, onde o presidente foi inaugurar uma ponte de menos de 20 metros em visita de dois dias a partir de quinta (27).
General da ativa, Pazuello está no topo da carreira de intendente, responsável pela logística militar, com três estrelas. O comandante do Exército é, portanto, seu superior, e o pedido de proteção ao ex-ministro da Saúde feito por Bolsonaro acirra a já grave crise entre o Planalto e o Exército, de onde o hoje presidente saiu quase expulso como capitão em 1988.
Na viagem ao Amazonas em que Bolsonaro defendeu que Pazuello não seja punido estavam presentes, além do comandante do Exército, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Os dois são generais de quatro estrelas, também superiores a Pazuello na hierarquia militar, e não teriam gostado do pedido feito pelo presidente para livrar seu ex-ministro.
Entre os generais, a "desfaçatez" de Pazuello em ser flagrado sem máscara em diversas oportunidades, mas defender "medidas preventivas" na CPI da Covid no Senado e depois ir ao ato bolsonarista sem máscara não foi bem vista. O ex-ministro da Saúde deve, inclusive, ter de voltar à CPI em breve para dar explicações. Em seu último depoimento, Pazuello foi acusado de mentir dezenas de vezes, o que configura crime.
Não contente em contradizer seu discurso na CPI após poucos dias, Pazuello subiu ao palanque para dar apoio ao presidente em um evento de motociclistas no Rio. O ex-chefe da Saúde foi demitido em março após gestão considerada desastrosa e então foi incorporado a um cargo burocrático na Secretaria-Geral do Exército.
O Alto-Comando do Exército, colegiado de 15 generais de quatro estrelas - todos superiores a Pazuello - encabeçado por Paulo Sérgio defendeu punir Pazuello, já que o regimento militar veta manifestações políticas de quem está fardado (na ativa). O ex-ministro poderia, sem a proteção de Bolsonaro - ou com a opinião de Bolsonaro não sendo levada em conta - ser advertido verbalmente, receber uma repreensão por escrito ou até mesmo pegar 30 dias de cadeia em um quartel. A ideia de Pazuello ir para a reserva para minimizar a crise já é vista como insuficiente no Exército.
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