Presidente da Republica Jair Messias BolsonaroAFP

Por ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou atrás nesta sexta-feira, 11, na posição de desobrigar o uso de máscaras protetoras a vacinados ou já recuperados de covid-19. Ao deixar o Palácio da Alvorada, ele repetiu que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo sobre o tema. Mas, ao contrário do que afirmou nesta quinta-feira, a decisão final caberá ao ministro e, principalmente, a governadores e prefeitos.

"Quem vai decidir é ele (Queiroga), não o parecer. Se bem que quem define, na ponta da linha, são os governadores e os prefeitos. Segundo o Supremo, quem manda são eles", afirmou. A mudança do discurso ocorre após série de críticas recebidas após Bolsonaro revelar nesta quinta-feira a demanda feita a Queiroga.

Bolsonaro retoma, no entanto, a posição equivocada de que o STF daria estados e municípios autonomia sobre a União. A Corte, desde o ano passado, autorizou apenas que governadores e prefeitos possam adotar medidas mais rígidas no controle da pandemia.

Apesar do recuo na decisão final, o presidente voltou a defender que pessoas infectadas ou vacinadas não utilizem máscaras. Depois de perguntar aos presentes se tomariam a vacina, o presidente repetiu que "dará o exemplo" e será o último a se imunizar. "Alguns acham que o exemplo é se vacinar. Não, o exemplo é dar o lugar para quem está desesperado. Tem gente aí desesperada dentro de casa esperando ser vacinada para sair"

Doria

O que Bolsonaro manteve foram os ataques ao governador paulista João Doria (PSDB). Perguntado sobre o passeio de moto com apoiadores na capital paulista, previsto para sábado (12), ele provocou o Doria, que ameaçou multá-lo, caso vá ao encontro sem máscara. "Quem é governador de São Paulo? Não conheço. Virou 'doninho' de São Paulo? Ai, se vier aqui eu multo. É assim agora?", disse.
Após a fala de Bolsonaro, Doria classificou a ideia de Bolsonaro de desobrigar pessoas vacinadas ou que já tenham sido contaminadas por covid-19 a usarem máscaras, como "mais um ato de irresponsabilidade". Segundo o governador, Bolsonaro reafirma sua condição de negacionista e irresponsável. "Jair Bolsonaro não tem compaixão e não tem nenhum apreço pela vida, principalmente pela vida do povo brasileiro", afirmou.
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O uso do equipamento de proteção é obrigatório no Estado de São Paulo, para evitar a propagação do novo coronavírus, transmitido pelo ar. A posição de Doria foi reforçada pelos membros do governo, como o Secretário da Saúde Jean Gorinchteyn, que destacou a necessidade do uso de equipamentos de proteção mesmo para pessoas vacinadas ou que já tenham sido infectadas pela doença.

O governador esteve nesta manhã na sede do Instituto Butantan para acompanhar a entrega de mais 800 mil doses da Coronavac, imunizante contra covid-19 produzido pelo centro de pesquisas em parceria com a chinesa Sinovac. Segundo o governador, 48 milhões de doses do imunizante já foram entregues ao Programa Nacional de Imunização e até o final de setembro é esperado que se conclua o contrato feito com a Saúde, com a entrega de 100 milhões de doses.