Publicado 09/07/2021 20:59 | Atualizado 09/07/2021 21:00
Manaus - Três semanas após o pico da cheia histórica dos Rios Negro e Solimões, no Amazonas, milhares de pessoas continuam desabrigadas ou desalojadas de suas casas. A vazante dos rios ocorre de forma lenta e os efeitos da inundação, classificada pela Defesa Civil como severa, estão longe de serem resolvidos.
Foi a maior cheia do Rio Negro em 119 anos, quando começou a medição a partir do Porto de Manaus, e a maior da história registrada do Solimões, em 49 anos de monitoramento. No total, atingiu cerca de 455 mil pessoas em 52 cidades, 26 das quais ainda em situação de emergência.
A autônoma Marcilene Santos, de 38 anos, moradora do centro de Manaus - uma das áreas mais afetadas - teve de conviver com a enchente por não ter para onde ir. "A água subiu muito rápido, o que deu para salvar a gente salvou. Mas a situação ficou precária, perdi duas máquinas de lavar, fogão, geladeira, minha cama e as duas camas boxes em que minhas filhas dormiam. Prejuízo total", disse ela, solteira e mãe de três meninas, de 18, 16 e 9 anos. "Não temos nem onde dormir direito porque a estrutura da cama não suportou o volume da água e se desfez toda "
Pelo menos 14 escolas em oito municípios estão interditadas e mais de 17 mil famílias tiveram a produção agrícola afetada, o que afeta na oferta de alimento às comunidades ribeirinhas e também a Manaus.
Covid
Outro desafio além da enchente, a crise sanitária pela covid mostra sinais de diminuição. O Amazonas não registrou nenhuma morte pelo coronavírus na terça-feira, dia 6, segundo dados do governo do Estado. Mesmo após essa marca simbólica, especialistas alertam que os registros diários de casos da doença estacionaram em patamares elevados, o que exige cautela e prevenção ante o risco de possíveis mutações.
Enquanto o trágico auge de 14 de janeiro apontava 176 óbitos e 258 hospitalizações em 24 horas, além dos mais de 5 mil casos só no dia 17 daquele mês, as mortes diárias pelo novo coronavírus no Amazonas se mantiveram abaixo de dez por dia desde o fim de março e inferiores a cinco desde junho, com oscilações de internações pela doença entre 14 e 36 por dia a partir de meados de abril. Os dados são do boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS).
No Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do bairro Alvorada, zona oeste de Manaus, o número de pacientes internados voltou ao patamar pré-pandemia, de acordo com um trabalhador do local. Durante o caos da segunda onda, a unidade chegou a registrar 12 mortes em uma só noite. Já o atendimento de alta complexidade ficou restrito a somente dois hospitais. São 339 UTIs exclusivamente para covid disponíveis nas redes pública (265) e privada (74), com 62% dos leitos ocupados até terça-feira.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.