Em nota, a Economia explicou que o desbloqueio foi possível por causa da redução na projeção de gastos com despesas obrigatórias.Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 12/07/2021 18:44
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, confirmou que não consultou o Ministério da Saúde ao defender a tese de "imunidade de rebanho", segundo a qual o aumento no número de casos de infectados por coronavírus agilizaria a imunização. A ideia tem ineficácia comprovada e contraria a Organização Mundial de Saúde (OMS).
À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Sachsida disse que "NÃO houve qualquer comunicação e/ou troca de documentos do Ministério da Saúde (MS) com a SPE (Secretaria de Política Econômica" sobre a ideia.
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Ao tentar justificar a sugestão, o secretário do ministro Paulo Guedes citou dois estudos não revisados, ou seja, sem nenhum tipo de checagem por pares da comunidade científica.
"Dois estudos, um da Universidade de São Paulo e outro da Universidade Federal de Pelotas, apontavam para a desaceleração da epidemia no Brasil, com base na análise da presença elevada de anticorpos na população em função de taxas de infecção altas e possivelmente pela presença de imunidade pré-existente (imunidade "natural" ou cruzada)", respondeu o secretário à comissão.
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Em novembro do ano passado, Sachsida afirmou que "vários estados já atingiram ou estão próximos de atingir imunidade de rebanho" e que acha "baixíssima a probabilidade de segunda onda". Hoje o Brasil tem mais de 533 mil mortos por coronavírus.
Na opinião de Sachsida, que é o responsável pelas projeções do ministério comandado por Paulo Guedes, isso ocorreria quando 20% da população de um Estado é infectada pelo vírus. A OMS, porém, já declarou que essa imunidade comunitária só seria atingida com 65% da população infectada e que isso não seria a "salvação da pandemia". Em outubro, um grupo de 80 pesquisadores alertou, em carta à revista The Lancet, que abordagens sobre imunidade de rebanho para manejo da covid-19 é uma "falácia perigosa" e "não tem apoio de evidência científica".
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No dia 1º de junho, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que a pasta cometeu "um engano" ao não prever a continuidade da pandemia após 2020. Há um mês, o Ministério da Economia afirmou à CPI da Covid, por meio de ofício, que não destinou recursos específicos para o combate à pandemia no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2021 porque "não se vislumbrou a continuidade bem como o recrudescimento da pandemia da covid-19 no patamar atingido em 2021". "Achávamos que a pandemia estava acabando não por má-fé, foi um engano", afirmou.
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