Publicado 04/08/2021 13:43 | Atualizado 04/08/2021 15:03
Brasília - Após a paralisação da CPI da Covid por conta de uma discussão entre o relator Renan Calheiros (MDB-AL) e Marcos Rogério (DEM-RO), a sessão retomou os questionamnetos ao coronel da reserva Marcelo Blanco, ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. No retorno, Blanco negou que tenha havido pedido de propina no jantar no restaurante Vasto, em Brasília, no dia 25 de fevereiro.
Com isso, Blanco desmentiu a versão apresentada pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti e disse ainda não ter ideia por qual motivo ele tenha "inventado essa história". Sobre o pedido, ele se limitou a dizer: "É isso que todo mundo se pergunta, não faço ideia".
A sessão foi paralisada após Marcos Rogério questionar o fato de Renan ter dito que recebeu de um internauta mensagens trocadas entre Blanco e o cabo Luiz Dominguetti. Renan corrigiu depois dizendo que o internauta apenas havia lembrado que a CPI tinha o conteúdo.
Negativas
Blanco também negou ter feito qualquer pedido de comissionamento ou vantagem durante a intermediação do acordo entre Dominghetti e Dias, conforme o policial militar que o denunciou. Segundo Blanco, inclusive, durante o encontro em 25 de fevereiro, não foi tratado sobre vacinas, mas sobre a agenda do Ministério da Saúde. Dominghetti, porém, queria uma agenda com autoridades da pasta para oferecer vacinas.
De acordo com Blanco, ele intermediou o encontro entre Dias e Dominghetti no início do ano, após ter se reunido na mesma semana com o vendedor para tratar de venda de vacinas para o setor privado. Segundo ele, em 25 de fevereiro, após Dias lhe informar que ele estaria em um restaurante à noite, ele sugeriu o encontro com Dominghetti. "Posso ter sido inconveniente de levar o Dominghetti lá sem a ciência do Roberto, até posso ter sido, mas não vi mal algum".
De acordo com o ex-assessor, o encontro foi intermediado para que Dominghetti pudesse enviar a proposta de venda de vacinas ao governo. Blanco também negou ter proximidade com alguém do Ministério da Saúde, dizendo ter apenas uma relação amistosa com Dias, e que apenas orientou Dominghetti para enviar aos e-mails institucionais. O ex-assessor negou também ter continuado a exercer funções no Ministério após sua exoneração, em 19 de fevereiro.
Explicações causam estranheza
As tratativas de Marcelo Blanco com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti na venda de vacinas para o mercado privado, conforme declarou o depoente durante sua oitiva na CPI nesta quarta, causaram estranheza nos membros da colegiado. O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), argumentou que, na época das conversas, o Parlamento ainda não havia discutido o tema de venda de vacinas ao setor, alegando que as negociações de Blanco eram feitas com base na irregularidade - e questionando se ele não teria informações privilegiadas sobre as matérias em debate no governo.
Segundo Randolfe, a venda de vacinas para o setor privado só começou a ser cogitada pelo governo em março. Mais cedo, Blanco afirmou que se reuniu com Dominghetti para tratar sobre a venda de vacinas ao setor privado na mesma semana em que o vendedor se reuniu com o ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias para tratar de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, em 25 de fevereiro, encontro onde Dias teria feito um pedido de propina a Dominghetti para fechar o acordo com a Davati.
O ex-assessor negou então ter informações privilegiadas sobre a aprovação da lei - hipótese levantada pelos senadores - e disse que não era sua intenção negociar nada que não fosse aprovado pelo Congresso. Segundo ele, ele tentou se adiantar após um sinal de apreciação da lei para construir um modelo de negócio.
A suspeição sobre as tratativas também foi levantada pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que considerou como "gravíssimas" as declarações em torno das negociações. Renan criticou a declaração de que Blanco estaria tentado se adiantar a um modelo de negócios "projetando um mercado que não existia, e que era de interesse da Precisa", disse, em crítica à Precisa Medicamentos, "uma espécie de Dominghetti da Covaxin".
De acordo com Blanco, ele intermediou o encontro entre Dias e Dominghetti no início do ano, após ter se reunido na mesma semana com o vendedor para tratar de venda de vacinas para o setor privado. Segundo ele, em 25 de fevereiro, após Dias lhe informar que ele estaria em um restaurante à noite, ele sugeriu o encontro com Dominghetti. "Posso ter sido inconveniente de levar o Dominghetti lá sem a ciência do Roberto, até posso ter sido, mas não vi mal algum".
De acordo com o ex-assessor, o encontro foi intermediado para que Dominghetti pudesse enviar a proposta de venda de vacinas ao governo. Blanco também negou ter proximidade com alguém do Ministério da Saúde, dizendo ter apenas uma relação amistosa com Dias, e que apenas orientou Dominghetti para enviar aos e-mails institucionais. O ex-assessor negou também ter continuado a exercer funções no Ministério após sua exoneração, em 19 de fevereiro.
Explicações causam estranheza
As tratativas de Marcelo Blanco com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti na venda de vacinas para o mercado privado, conforme declarou o depoente durante sua oitiva na CPI nesta quarta, causaram estranheza nos membros da colegiado. O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), argumentou que, na época das conversas, o Parlamento ainda não havia discutido o tema de venda de vacinas ao setor, alegando que as negociações de Blanco eram feitas com base na irregularidade - e questionando se ele não teria informações privilegiadas sobre as matérias em debate no governo.
Segundo Randolfe, a venda de vacinas para o setor privado só começou a ser cogitada pelo governo em março. Mais cedo, Blanco afirmou que se reuniu com Dominghetti para tratar sobre a venda de vacinas ao setor privado na mesma semana em que o vendedor se reuniu com o ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias para tratar de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, em 25 de fevereiro, encontro onde Dias teria feito um pedido de propina a Dominghetti para fechar o acordo com a Davati.
O ex-assessor negou então ter informações privilegiadas sobre a aprovação da lei - hipótese levantada pelos senadores - e disse que não era sua intenção negociar nada que não fosse aprovado pelo Congresso. Segundo ele, ele tentou se adiantar após um sinal de apreciação da lei para construir um modelo de negócio.
A suspeição sobre as tratativas também foi levantada pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que considerou como "gravíssimas" as declarações em torno das negociações. Renan criticou a declaração de que Blanco estaria tentado se adiantar a um modelo de negócios "projetando um mercado que não existia, e que era de interesse da Precisa", disse, em crítica à Precisa Medicamentos, "uma espécie de Dominghetti da Covaxin".
Insulto à CPI
Durante a sessão, o depoimento de Blanco chegou a ser interrompido em razão do deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR), estar, segundo Randolfe Rodrigues (Rede-AP), gravando um vídeo em que insultava os membros da CPI.
Após a retirada do parlamentar, Randolfe informou que a CPI irá comunicar o ocorrido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao Conselho de Ética. Ele disse que a direção da comissão não vai admitir qualquer tentativa de tumultuar os trabalho ou permitir atos de provocação e intimidação aos membros do colegiado.
Jantar em Fevereiro
Por diversas vezes, Blanco foi citado em depoimentos na CPI. O ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, participou de jantar em restaurante em Brasília onde teria sido feita a proposta de pagamento de propina na comercialização de doses da vacina Astrazeneca.
Em depoimento à CPI em 1º de julho, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira — que se definiu como representante da Davati Medical Supply — afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o ministério.
O pedido de propina, de acordo com o vendedor, foi feito no dia 25 de fevereiro deste ano, em jantar no restaurante Vasto, em um shopping em Brasília, onde esteve presente o coronel Blanco, que o teria apresentado a Dias.
O ex-diretor Dias, que recebeu voz de prisão ao final de seu depoimento aos senadores no dia 7 de julho, afirmou, inicialmente, que seu encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante em Brasília foi casual, mas depois assumiu — a partir de áudios exibidos na comissão — que o coronel sabia que ele estaria no local.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.