Publicado 05/08/2021 14:19
São Paulo - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou nesta quinta-feira, 5, a prisão temporária de Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Paulo Galo, considerado um dos suspeitos de incendiar a estátua de Borba Gato, na Zona Sul de São Paulo, no dia 24 de julho.
Galo está preso desde o dia 28 do mês passado, quando se apresentou à polícia voluntariamente no 11º Distrito Policial de Santo Amaro e afirmou ter sido um dos autores do incêndio na estátua. No mesmo dia, a esposa, Géssica Silva Barbosa, também foi presa.
Entretanto, a Justiça de São Paulo revogou a prisão, no dia 30, depois de comprovar que ela não esteve presente no local na hora do incêndio da estátua. Desde o dia da prisão, ela alegava que cuidava da filha do casal, de 3 anos.
No domingo passado, 1º, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) havia negado o pedido de habeas corpus que foi apresentado pela defesa. De acordo com o desembargador Walter da Silva, da 14º Câmara do TJ-SP, não havia elementos para revogar a prisão temporária.
De acordo com um dos advogados, Jacob Filho, Galo deve ser solto ainda hoje. "Galo será posto em liberdade ainda hoje. Mas a problemática que enfrentamos agora é que o delegado pediu a prisão preventiva", afirmou ele.
Para Jaboc, após a soltura concedida pelo STJ, qualquer pedido para a "decretação de prisão preventiva é considerada esdrúxula e se mostra incabível".
Em uma entrevista dada em frente a delegacia que se apresentou em SP, Galo declarou que cabe ao povo escolher se querem ou não uma estátua de 13 metros de altura de um "genocida e abusador de mulheres".
"Para aqueles que dizem que a gente precisa ir por meios democráticos, o objetivo do ato foi abrir o debate. Agora, as pessoas decidem se elas querem uma estátua de 13 metros de altura de um genocida e abusador de mulheres", comentou Paulo.
"Para aqueles que dizem que a gente precisa ir por meios democráticos, o objetivo do ato foi abrir o debate. Agora, as pessoas decidem se elas querem uma estátua de 13 metros de altura de um genocida e abusador de mulheres", comentou Paulo.
Para a defesa de Galo, a prisão foi considerada política, fundamentada na criminalização de movimentos sociais. Os advogados destacaram que Galo não possui antecedentes criminais, não praticou ações violentas e colaborou com as investigações.
Incêndio
O incêndio foi assumido pelo grupo chamado "Revolução Periférica", que publicou imagens com amontoado de pneus e o monumento já encoberto de fumaça. De acordo com as primeiras informações, por volta das 13h30, um grupo desembarcou de um caminhão e espalhou pneus pela via e nos arredores do monumento, ateando fogo na sequência. Policiais militares e bombeiros chegaram rapidamente ao local e controlaram as chamas e liberaram o tráfego. Não houve feridos e nem detidos.
No dia 23 de julho, nas redes sociais, os membros do grupo divulgaram uma ação em que colaram cartazes com a pergunta "Você sabe quem foi Borba Gato?" em vários postes e muros da capital.
Ao longo dos anos, a estátua, que foi inaugurada em 1963 e tem autoria de Júlio Guerra, é duramente criticada e já foi alvo de protestos. Em 2016, manifestantes derrubaram um banho de tinta.
Os atos levam em conta o posicionamento contrário de exaltar bandeirantes. Isso porque eles eram responsáveis por muito mais que adentrar o território brasileiro. Também capturavam e escravizavam indígenas e negros encontrados pelo caminho, quando não os matavam em confrontos sangrentos, dissipando etnias. Estupraram e traficaram mulheres indígenas, além de roubar minas de metais preciosos nos arredores das aldeias.
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