Publicado 10/08/2021 09:34
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acompanhou na manhã desta terça-feira, 10, a passagem de um comboio de veículos militares pelo Palácio do Planalto para o recebimento de um convite. O desfile ocorre no mesmo dia em que está prevista para ocorrer a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
Durante o ato, estiveram presentes o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Além disso, ao lado do presidente também estavam os chefes militares da Aeronáutica, Exército e Marinha. Todos sem máscara de proteção contra a covid.
No trajeto realizado, o comboio passou em frente ao Palácio do Planalto, que fica na Praça dos Três Poderes, junto com o Congresso Nacional e o STF. No local, alguns apoiadores aplaudiam a passagem dos veículos e gritavam em apoio ao presidente. Opositores também marcaram presença e se manifestaram pedindo o impeachment de Bolsonaro.
No trajeto realizado, o comboio passou em frente ao Palácio do Planalto, que fica na Praça dos Três Poderes, junto com o Congresso Nacional e o STF. No local, alguns apoiadores aplaudiam a passagem dos veículos e gritavam em apoio ao presidente. Opositores também marcaram presença e se manifestaram pedindo o impeachment de Bolsonaro.
Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), lamentou o desfile, que disse ser uma "trágica coincidência" ocorrer horas antes da votação da PEC na casa.
O motivo do ato foi a entrega de um convite para que o presidente assista a um exercício militar que ocorre todos os anos na cidade goiana de Formosa, no Entorno de Brasília. Ele recebeu o convite no alto da rampa do palácio, das mãos de um militar.
O motivo do ato foi a entrega de um convite para que o presidente assista a um exercício militar que ocorre todos os anos na cidade goiana de Formosa, no Entorno de Brasília. Ele recebeu o convite no alto da rampa do palácio, das mãos de um militar.
Operação Formosa
A chamada operação Formosa, para a qual Bolsonaro foi convidado durante o desfile militar, é um evento anual da Marinha que ocorre desde 1988. Desta vez, além do inédito desfile para a realização do convite ao presidente, o exercício militar incluirá também o Exército e a Aeronáutica.
O objetivo da operação é treinar militares da Força de Fuzileiros da Esquadra, sediada no Rio de Janeiro.
Reação dos parlamentares ao desfile
Na última segunda, parlamentares reagiram contra o desfile, encarado como uma tentativa de intimidar o Congresso Nacional, que vota ainda hoje a PEC do voto impresso, que, apesar dos esforços em torno da pauta, deve ser rejeitada no plenário.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, afirmou no Twitter que "colocar tanques na rua" é demonstração de "covardia". “Quer tentar golpe Sr. Jair Bolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”, disse.
A deputada Tabata Amaral (sem partido - SP) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) entraram com uma ação na Justiça nesta segunda-feira a fim de proibir o desfile. A ação, no entanto, foi rejeitada.
Na manhã desta terça-feira, nove partidos também divulgaram nota de repúdio ao desfile militar. "Estranhamente, e diferente das edições anteriores, é a primeira vez que o convite é feito com um ostensivo e desnecessário desfile de blindados militares, injustificável e reprovável por várias razões de interesse sanitário público", afirmaram os representantes em nota.
A declaração foi assinada pelas siglas PSB, PCdoB, PDT, PT, REDE, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular.
'Ameaça à democracia'
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), classificou o desfile militar como "uma clara ameaça à democracia". "O inédito e desnecessário desfile de tanques de guerra na Praça dos Três Poderes é uma clara ameaça à democracia. E tem o repúdio dos brasileiros de bem. A iniciativa é mais um flerte com o autoritarismo. O Brasil quer democracia, respeito à constituição e liberdade", escreveu em publicação no Twitter.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), também criticou a passagem do comboio militar e disse que "é a entrega de correspondência mais cara da história brasileira". "Hoje vamos assistir à entrega de correspondência mais cara da história: um desfile militar para entregar um mero convite ao presidente da República. O pretexto é tão absurdo quanto o fato. É da tradição da extrema-direita: na falta de votos, apelam a tanques. Odeiam a democracia", publicou Dino em sua conta no Twitter.
A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, afirmou que a "imagem patética dos tanques em Brasília vai rodar o mundo e mostrar um presidente fraco e desesperado". "Tentativa de coação não vai funcionar, vamos derrubar hoje o voto impresso e fazer valer a democracia brasileira", escreveu no Twitter.
Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) publicou no Twitter que o desfile em Brasília "é o retrato da insanidade de um governo de arruaceiros que só pensa em golpe, enquanto milhões de famílias sofrem com a fome e o desemprego". "Não nos intimidarão. Hoje vamos enterrar o voto impresso e seguir trabalhando p/ tirar o Brasil do buraco", completou.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.