Pré-candidatos se manifestam sobre ataques russos em cidades na UcrâniaReprodução
Publicado 24/02/2022 13:27 | Atualizado 24/02/2022 13:40
Os pré-candidatos à presidência da República condenaram a invasão da Rússia contra a Ucrânia, nesta quinta-feira, 24, que levaram a uma série de explosões na capital, Kiev, e em diversas cidades do país europeu. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de um evento e permaneceu em silêncio
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou os ataques russos à Ucrânia. Lula disse que a situação deveria ser resolvida em uma "mesa de negociação". "Ninguém pode concordar com guerra, ataques militares de um país contra o outro. A guerra só leva a destruição, desespero e fome. O ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências em uma mesa de negociação, não em campos de batalha", disse ele. 
Lula também pontuou sobre como deve ser o posicionamento do presidente da República para com os outros países. O ex-presidente aproveitou para falar da viagem de Jair Bolsonaro (PL) até a Rússia em meio ao cenário de conflito entre o país russo e a Ucrânia. 
"Um presidente precisa conversar, ser um maestro da orquestra chamada Brasil para ela viver em harmonia. Se você tem um presidente que briga com todo mundo, ele serve para que? Até em coisas sérias, ele mente, disse que tinha conseguido a paz ao viajar para a Rússia", afirmou.
O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) também foi às redes sociais na manhã desta quinta-feira repudiar os ataques russos contra a Ucrânia.
"Repudio a guerra e a violação da soberania da Ucrânia. A paz sempre deve prevalecer", disse. Nesta quinta-feira a Rússia atacou a Ucrânia com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv, e outras cidades no centro e no leste europeu depois que o presidente Vladimir Putin autorizou uma operação militar na região. Também foram registradas explosões nas cidades portuárias de Kiev e Mariupol.
Já Ciro Gomes (PDT) destacou as consequências que podem ser sofridas pelo Brasil e demais países pelas consequências da guerra, além de criticar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"No mundo atual não existe mais guerra distante e de consequências limitadas. Precisamos nos preparar, portanto, para os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Muito especialmente por termos um governo frágil, despreparado e perdido", disse ele.
Em seguida, ele continuou e disse: "Para ficar em um só aspecto preocupante, basta lembrar que o barril do petróleo já passou dos 100 dólares o que vai nos atingir em cheio por termos uma política absurda de preços rigidamente atrelada ao mercado internacional". 
De acordo com ele, a sociedade e outros poderes precisam estar alertas para fiscalizar o Executivo "com políticas interna e externa cheias de equívocos e desvarios". "O desequilíbrio na ordem internacional pode gerar efeitos de um outro tipo de pandemia, em especial neste Brasil hoje tão vulnerável, afirmou.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), também pré-candidata, afirmou que o mundo precisa ainda mais de paz neste momento de pandemia. No entanto, os impactos do conflito na Ucrânia já são sentidos em todos os países.
"A reação negativa das bolsas de valores e alta no preço do petróleo vão gerar recessão, mais inflação e mais fome no Brasil. O Itamaraty precisa prestar assistência imediata aos brasileiros, garantir sua segurança e tirá-los da área de conflito", disse ela.
Ainda segundo Simone, o governo federal precisa deixar claro que o respeito é à soberania e aos princípios de não intervenção territorial. "E que estaremos lutando por uma solução de paz, através do diálogo e da diplomacia. Que Deus tenha misericórdia… As consequências da guerra invisível da fome e da miséria podem ser mais sangrentas", afirmou.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também comentou sobre a invasão russa na Ucrânia e prestou solidariedade aos ucranianos. "Churchill ensinava que não adianta tentar negociar com um tigre quando ele já tem a sua cabeça na boca. Aparentemente, retomamos um ciclo histórico onde tigres ocupam o comando de grandes potências. As consequências para o mundo podem ser dramáticas. Solidariedade aos ucranianos", disse.
O governador João Doria (PSDB-SP) também condenou os ataques russos no país do leste europeu. "Condenável a invasão da Ucrânia pela Rússia. Guerra nunca é resposta a nada. Ninguém ganha quando a violência substitui o diálogo. Muitos acabam pagando pelas decisões de poucos. O que está em jogo são milhões de vidas humanas. Mais do que nunca o mundo precisa de paz", avaliou. 
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou uma nota defendendo solução rápida e negociada para o conflito entre Rússia e Ucrânia, apontando consequências inimagináveis com a crise atual.
"Consoante a política externa brasileira, que historicamente tem-se orientado pela busca da paz e pela solução negociada dos conflitos internacionais, como presidente do Congresso Nacional e, em nome de meus pares, reafirmamos a necessidade de um diálogo amplo, pacífico e democrático com vistas a uma rápida solução negociada que contemple os legítimos interesses das partes envolvidas", diz a nota.
Invasão 
Nesta madrugada, a Rússia iniciou uma invasão da Ucrânia, com ataques aéreos em todo o país, incluindo na capital Kiev, e a entrada de forças terrestres ao norte, leste e sul, provocando dezenas de mortos, segundo as autoridades ucranianas.
A ofensiva provocou clamor internacional, com reuniões de emergência previstas em vários países. Os 27 membros da União Europeia se reúnem na parte da tarde em Bruxelas, enquanto a Otan convocou uma videoconferência para sexta-feira.
Dois dias depois de reconhecer a independência dos territórios separatistas ucranianos na região de Donbas, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou durante a madrugada a invasão do país vizinho.

"Tomei a decisão de uma operação militar", declarou Putin em um discurso. "Vamos nos esforçar para alcançar uma desmilitarizaração e uma desnazificação da Ucrânia", afirmou.
"Não temos nos nossos planos uma ocupação dos territórios ucranianos, não pretendemos impor nada pela força a ninguém", assegurou, apelando aos soldados ucranianos "a deporem as armas".

Ele repetiu suas acusações infundadas de um "genocídio" orquestrado pela Ucrânia nos territórios separatistas pró-Rússia no leste do país e utilizou como argumento o pedido de ajuda dos separatistas e a política agressiva da Otan em relação à Rússia, da qual a Ucrânia seria uma ferramenta.

Seu porta-voz, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Moscou pretende impor um "status neutro" à Ucrânia, sua desmilitarização e a eliminação dos "nazistas" que, segundo ele, estão no país.

"A duração (da operação) será determinada por seus resultados e sua relevância. Isso será determinado pelo comandante-em-chefe", declarou, referindo-se ao presidente Putin.

"De modo ideal, a Ucrânia precisa ser libertada e limpa dos nazistas", reiterou, acrescentando que seu país não está tentando organizar uma "ocupação".
Pouco depois da meia-noite começaram a ser ouvidas explosões em várias cidades ucranianas, da capital, Kiev, a Kharkiv, a segunda maior cidade do país na fronteira com a Rússia, mas também em Odessa e Mariupol, às margens do Mar Negro.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, proclamou a lei marcial no país e pediu aos compatriotas que "não entrem em pânico", antes de anunciar o rompimento das relações diplomáticas com Moscou.
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