Publicado 05/04/2022 11:57 | Atualizado 05/04/2022 12:06
São Paulo - A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiram comunicados de repúdio ao comentário do deputado Eduardo Bolsonaro, ironizando o período em que a jornalista Miriam Leitão, do Jornal O Globo, sofreu torturas na ditatura militar.
Por meio de uma publicação em seu site oficial, a Fenaj defendeu que o deputado perca seu mandato pelo crime de apologia à tortura. A entidade destacou que esta não foi a primeira menção do filho do presidente à tal prática tão pouco foi o primeiro ataque da família Bolsonaro direcionado à jornalista.
"Não foi a primeira vez que a jornalista Míriam Leitão foi desrespeitada pela família Bolsonaro, em sua história de militante e presa política. Portanto, passa da hora de os demais poderes constituídos da República brasileira, agirem para garantir o Estado de Direito, com a punição cabível para autoridades que insistem em agir fora dos preceitos legais e democráticos", destacou a Fenaj.
A Abraji também destacou que o episódio não é um fato isolado e que a continuidade dos ataques mostra que esta seria uma tentativa de silenciar e desvalorizar o trabalho da jornalista no debate político.
"Míriam Leitão tem contribuído para o jornalismo político e econômico há mais de 40 anos, sendo uma das profissionais mais respeitadas do país. O ataque de Eduardo Bolsonaro, notadamente defensor desse período sombrio da história do país, causa indignação não só no meio jornalístico como no político e econômico. É de se lamentar que um parlamentar eleito com os mecanismos democráticos use seu discurso para atacar profissionais que se colocaram sempre na defesa da democracia e apoie um período em que direitos civis foram suprimidos no Brasil", disse o comunicado da Abraji.
No domingo (3), o filho de Bolsonaro publicou em uma rede social, "ainda com pena da cobra", ao responder uma publicação de Miriam Leitão em que a jornalista dizia que o presidente da república é um inimigo confesso da democracia.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou nesta segunda-feira (4), que vai entrar, junto com a bancada do PSOL, com um pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética da Câmara.
Diversos parlamentares e personalidades repudiaram a fala do deputado. Políticos utilizaram as redes sociais para se manifestarem sobre o caso. "Difícil saber quem é o pior dos torturadores. O que fere primeiro ou o que reacende a chaga da memória sempre aberta de um torturado. Ao debochar de Miriam Leitão (@miriamleitao), o verme Eduardo Bolsonaro nos provoca esta sombria reflexão", escreveu Ciro Gomes.
"Minha solidariedade à jornalista Miriam Leitão, vítima de ataques daqueles que defendem o indefensável: as torturas e os assassinatos praticados pela ditadura. Seres humanos não precisam concordar entre si, mas comemorar o sofrimento alheio é perder de vez a humanidade", disse o ex-presidente Lula.
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