Imagem usada em boato sobre morte de idosa detida pela PF e imagem original, disponível em banco de imagens gratuitoReprodução redes sociais e Edu Carvalho
Publicado 10/01/2023 10:17 | Atualizado 10/01/2023 13:17
A Polícia Federal (PF) negou na segunda-feira, 9, que uma idosa tenha morrido após ter sido detida no acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército, em Brasília. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) circulam a informação falsa, nas redes sociais, de que ela teria morrido no ginásio da PF. A foto usada no boato está disponível em um banco de imagens gratuito. Ela é sogra do fotógrafo e faleceu em novembro de 2022, vítima de acidente vascular cerebral (AVC).
Nas redes, bolsonaristas se mostram assustados com as consequências dos atos. Eles chegam a comparar o ginásio da PF com um "campo de concentração" e usam uma foto de uma senhora tirada de um banco de imagens para dizer que ela havia falecido no local. Os bolsonaristas chegam a manifestar luto pela mulher.
"A Polícia Federal informa que é falsa a informação de que uma mulher idosa teria morrido na data de hoje (9/1) nas dependências da Academia Nacional de Polícia", diz a nota publicada na página oficial da corporação.
O interventor Paulo Cappelli, que assumiu a segurança pública no Distrito Federal após decreto do presidente Lula (PT), também negou a informação.
A notícia falsa, no entanto, foi repercutida dita até mesmo em Plenário na Câmara dos Deputados. A parlamentar Bia Kicis (PL-DF), afirmou que havia confirmado o falecimento com a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF). Depois, disse que cometeu um "equívoco".
Bia Kicis (PL-DF) discursa na tribuna da Câmara dos Deputados  - TV Câmara
Bia Kicis (PL-DF) discursa na tribuna da Câmara dos Deputados TV Câmara
Na tribuna da Câmara, Bia Kicis afirmou: "Acabo de receber uma notícia de que uma senhora veio a óbito hoje (segunda) nas dependências da Polícia Federal. Não foi nas dependências da PM, não. Falo de uma senhora a quem foi negado comida e água e que, depois de horas, e horas, e horas a fio sendo destratada e descuidada, veio a falecer".
"É preciso ainda confirmar essa informação, mas a recebi de mais de uma fonte. Quero aqui lamentar e até torcer para que isso não seja verdade, mas, se for, isso não aconteceu nas dependências da Polícia Militar, e sim, nas da Polícia Federal, que é ligada ao governo federal", disse.
Em seguida, já fora da tribuna, Kicis interrompeu a sessão para dizer que a informação do suposto óbito tinha sido confirmada pela OAB-DF.

"É só para falar que a OAB acabou de confirmar o falecimento da senhora que estava lá sob a custódia da Polícia Federal. Só queria confirmar porque eu disse que não tinha certeza. Era só para confirmar essa informação muito triste", acrescentou.
Na madrugada desta terça, a deputada federal publicou em seu perfil nas redes sociais que o presidente da OAB-DF negou qualquer confirmação sobre óbito entre os detidos. A parlamentar pediu "desculpas pelo equívoco".
Desmonte do acampamento
A ação fez parte da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para "desmontar imediatamente o acampamento" no local. A operação deveria ser realizada pelas Polícias Militares dos estados e DF, com apoio da Força Nacional e Polícia Federal (PF) se necessário, devendo os governadores dos estados e DF serem intimados para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade pessoal.
"O comandante militar do QG deverá, igualmente, prestar todo o auxílio necessário para o efetivo cumprimento da medida. "Absolutamente nada justifica a existência de acampamentos cheios de terroristas, patrocinados por diversos financiadores e com a complacência de autoridades civis e militares em total subversão ao necessário respeito à Constituição Federal", escreveu Moraes.
Horas depois, a PM e o Exército começaram a desmontar o acampamento. Mais de 1.200 pessoas foram detidas e levadas à PF para uma triagem. O grupo teve que esperar os procedimentos em um ginásio. No local, os radicais têm acesso a água, comida, celulares e ficam com os próprios pertences. Idosos também tiveram preferência para passar pela triagem.
A Polícia Federal confirmou que houve casos de mal-estar, mas que todos foram atendidos, sem maior gravidade. Tendas de saúde também foram montadas no local pelo Corpo de Bombeiros.
A Secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, e o diretor do Samu, Victor Arimatea, foram pessoalmente até a Academia da PF prestar o apoio necessário às equipes de saúde disponibilizadas para realizar os atendimentos que fossem necessários.
Ainda na noite de segunda, a corporação liberou ônibus com mulheres com filhos pequenos, idosos com comorbidades, e menores de idade que haviam sido detidos no acampamento. A PF disse que ainda não tem um balanço de quantas pessoas foram liberadas nem quantas permanecem detidas.
Bolsonaristas retirados de acampamento do QG do Exército, em Brasília, são levados para ginásio da PFJosé Vianna/TV Globo
Publicidade
Leia mais