Publicado 12/01/2023 11:26 | Atualizado 12/01/2023 11:28
Após os atos golpistas do último domingo, 8, realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), parlamentares da região de Vêneto, na Itália, começaram a pressionar a prefeita de Anguillara, Alessandra Buono, para que ela revogue a cidadania honorária concedida a Bolsonaro, em 2021.
A concessão da honraria já era tema de debate na região. Na época, o título foi proposto por Buono usando o argumento das origens do ex-chefe do Executivo do Brasil. O avô de Bolsonaro, Vittorio Bolzonaro, saiu da região com sua família para o território brasileiro por volta de 1878. A mudança da ortografia no nome ocorreu por conta de um erro no cartório.
Na época, a prefeita emitiu um comunicado explicando o título: "Sem nunca ter dado qualquer passo, fomos contatados por expoentes brasileiros dizendo que finalmente haviam chegado os resultados das pesquisas que confirmavam que o presidente é descendente direto de Anguillara". "O reconhecimento é para todas aquelas pessoas que deixaram sua terra natal. É um gesto simbólico de esperança para todos os povos que, todos os dias, são obrigados a migrar para outros países em busca de uma nova vida", acrescentou.
Em fevereiro de 2022, moradores da cidade e o Partido Europa Verde recorreram à Justiça com a apresentação de uma ação popular em que pediam a anulação da homenagem. Nesta semana, o Partido Democrático (PD), o Movimento Cinco Estrelas (MCE), os Verdes e a Refundação Comunista também pediram a anulação da honraria, segundo o jornal Corriere del Veneto.
A conselheira regional Erika Baldin do MCE, foi uma das que voltou a se posicionar contra a cidadania honorária de Bolsonaro. Ela propôs a votação de uma resolução em apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Conselho Regional de Vêneto.
"Estamos diante de fatos muito graves. O ataque às instituições democráticas por parte dos seguidores de Bolsonaro é um ataque à democracia e não pode ser tolerado de forma alguma. Peço à Região, em primeiro lugar ao Presidente Zaia, que se solidarize com o presidente Lula e às instituições democráticas votando a favor da minha resolução o mais rápido possível", disse a conselheira.
Os parlamentares regionais do Partido Democrático, Vanessa Camani e Andrea Zanoni, também pedem pela revogação da honraria: "Após a tentativa de golpe no Brasil por partidários do ex-presidente, só podemos confirmar o absurdo desse reconhecimento que pedimos para ser revogado com urgência".
Outra conselheira regional, Elena Ostanel, do partido "Veneto che Vogliamo", também se manifestou contra a cidadania de Bolsonaro, após comparar as cenas do domingo com as da invasão do Capitólio nos estados Unidos, feita por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, em 2020.
"A Região não pode ficar parada assistindo: peça ao Município de Anguillara Veneta que retire imediatamente a cidadania honorária", escreveu a parlamentar nas redes sociais, se dirigindo aos seus eleitores.
A prefeita Alessandra Buono, ligada ao partido de extrema-direita Lega Nord, responsável pela concessão da honraria a Bolsonaro, ainda não se manifestou sobre o tema.
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