Presidente LulaReprodução: Youtube/Ricardo Stuckert/PR
Publicado 08/02/2024 09:10 | Atualizado 08/02/2024 13:37
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 8, que acredita que os atos golpistas do 8 de janeiro não teriam acontecido sem a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele ainda afirmou acreditar que Bolsonaro "participou da construção dessa tentativa de golpe de Estado". A fala é um comentário sobre a operação da Polícia Federal (PF) que ocorre contra Bolsonaro, ex-ministros do governo e militares.
"O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair. Tanto é que não teve nem coragem de me dar posse. Ficou em casa chorando e foi embora para os Estados Unidos. Ele deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe. Então vamos esperar as investigações. Espero que no tempo mais rápido possível a gente possa ter um resultado do que verdadeiramente aconteceu no Brasil", disse afirmou Lula em entrevista à Rádio Itatiaia de Belo Horizonte.
"Olha, eu não sei, eu acho que não teria acontecido sem ele", acrescenta o presidente sobre o possível envolvimento de Bolsonaro nos ataques golpistas do 8 de janeiro.
Nas redes sociais, Lula chegou a dizer que espera que não ocorra nenhum excesso durante as investigações e que seja aplicado o rigor da lei.
"É muito difícil um presidente da República comentar sobre uma operação da Polícia Federal que ocorre em segredo de justiça. Espero que não ocorra nenhum excesso e seja aplicado o rigor da lei. Sabemos dos ataques à democracia. Precisamos saber quem financiou os acampamentos. Vamos esperar as investigações", escreveu.
Operação
Policiais federais estão nas ruas cumpridos 30 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Entre os alvos estão ex-ministros do governo Bolsonaro e militares.
Na ação, agentes também foram à casa do ex-presidente, em Angra dos Reis, e apreenderam o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz. Contra Bolsonaro, são aplicadas medidas restritivas, com a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24h, e de se comunicar com outros investigados.
As medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), são realizadas nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Já entre os quatro alvos dos mandados de prisão estão Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins, Marcelo Costa Camara e Bernardo Romão Corrêa Netto.
A operação foi chamada pela Polícia Federal de "Tempus Veritatis" — "hora da verdade", em latim. "Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital", diz a PF por meio de nota.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da "disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação", discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
"O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", conclui.
O Exército acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. "Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", destacou a força militar por meio de nota.
 
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