Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a invasão ao prédio do Congresso NacionalLucas Neves / Enquadrar / Estadão Conteúdo

Caos, desordem e quebra-quebra. Há um ano, em 8 de janeiro de 2023, Brasília era palco de um cenário de terror e violência. Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiam e depredavam os prédios públicos do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, em uma tentativa de golpe de Estado. Os terroristas marcharam do Quartel-General do Exército até a Esplanada, furaram — sem resistência da Polícia Militar (PM) — um bloqueio e invadiram os edifícios dos Três Poderes. O ato antidemocrático gerou prisões, condenações e prejuízos de mais de R$ 27,2 milhões aos cofres públicos. Para marcar a data, um ato "Democracia Inabalada" foi preparado por Lula, junto com os presidentes dos outros Poderes, para lembrar um ano das depredações nesta segunda-feira, 8.
O 8 de janeiro começou com a preparação para a invasão do Congresso Nacional. Nas redes sociais, foram compartilhados vários vídeos em que bolsonaristas relataram supostas conversas com oficiais da Polícia Militar.
A Abin alertou para o risco de invasão aos prédios públicos horas antes dos atos de terrorismo. O órgão chegou a encaminhar um relatório para as forças de segurança de Brasília, incluindo o governo do Distrito Federal, informando que os acampados do QG do Exército ameaçavam invadir a Praça dos Três Poderes.
Por volta de 12h30, pouco antes de os golpistas saírem do QG do Exército, um policial militar explicou como seria feita a escolta ao longo da Esplanada dos Ministérios. Na véspera, Ibaneis Rocha havia afirmado que "manifestações pacíficas" estavam liberadas.
Enquanto isso, o coordenador-geral da Secretaria de Polícia do Senado Federal, Everaldo Bosco Rosa Moreira, foi ao Congresso após receber a informação de que 5 mil manifestantes pretendiam descer do QG do Exército para invadir a sede do Legislativo.
Pouco depois das 13h, em conversa por WhatsApp com o governador do DF, revelada pelo portal "Metrópoles", o secretário de Segurança Pública em exercício, Fernando de Sousa Oliveira, atualizou a situação para o governador. Em um áudio a Ibaneis, afirmava que não havia riscos da situação sair do controle.
Por volta das 14h30, os bolsonaristas chegaram à Esplanada dos Ministérios e encontraram um cenário distinto do observado no dia da posse de Lula: a revista feita pelos policiais era superficial, e alguns deles até mesmo ignoraram a barreira.
Logo após a aglomeração dos golpistas na Esplanada, Flávio Dino recebeu no celular um vídeo feito da janela do ministério por uma auxiliar que, na sequência, ligou para o ministro. Dino já estava a caminho da sede da pasta, de onde iria acompanhar as manifestações. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também se deslocou ao local para uma reunião de emergência.
Às 14h42, começaram os ataques. Com a facilidade de acesso e um número insuficiente de policiais, os golpistas romperam a barreira que cercava o Congresso e começaram a invasão. Alguns agentes tentaram conter os extremistas usando spray de pimenta, mas a tentativa foi insuficiente frente ao número de invasores. Faixas com as inscrições "Lula na cadeia", "intervenção militar", "supremo é o povo" e "Bolsonaro presidente" foram erguidas.
O grupo chegou ao espelho d'água e avançou em direção ao Congresso. Parte enfrentou os policiais que mantinham bloqueios na área, subiu a rampa e alcançou as cúpulas da Câmara e do Senado, enquanto outros caminhavam para acessar a área interna do prédio. Eles invadiram o Salão Nobre.
Os PMs relataram que os bolsonaristas usaram "pedras, paus e estilingues" para atacar os policiais legislativos e destruir os obstáculos na entrada. Seguranças do Congresso viram os vândalos subindo a rampa. Quando as primeiras vidraças foram quebradas, eles correram para se proteger dos invasores.
Os golpistas avançaram no Senado. Sem efetivo suficiente para parar milhares de pessoas, os policiais recuaram e formaram um último bloqueio no plenário da Casa, mas os vândalos conseguiram entrar. O grupo de policiais tentou negociar com os golpistas, mas decidiu sair após a chegada de manifestantes mais violentos.
Após a invasão, policiais legislativos tentaram convencer o grupo no plenário a se retirar, mas não tiveram sucesso. O grupo de policiais legislativos aguardavam a chegada de apoio do lado de fora. Quando o reforço apareceu, cerca de 40 pessoas que estavam no plenário ouviram voz de prisão e foram encaminhadas à Delegacia de Polícia do Senado.
"Eles se mantiveram irredutíveis sob o argumento que só sairiam mortos ou quando o Exército tomasse o Poder", disse um policial do Senado, responsável por dar voz de prisão aos manifestantes, sobre a negociação.
Nas horas em que permaneceram dentro do Congresso Nacional, os golpistas destruíram obras de arte, documentos e objetos expostos nos salões do Senado e da Câmara dos Deputados. Na entrada do Senado, no chamado Salão Negro, boa parte das vidraças foi quebrada.
No caminho até o plenário, depredaram também a exposição de presentes dados por chefes de Estado, atacaram a base de um painel do artista plástico Athos Bulcão e urinaram na tapeçaria de Burle Marx. Foram atacados também os quadros da exposição de ex-presidentes da Casa e uma obra do artista gaúcho Guido Mondim.
No caminho para a Câmara, no chamado Salão Verde, e nos gabinetes, novo rastro do golpismo: a escultura Bailarina, de Victor Brecheret, foi derrubada. Outro painel de Athos Bulcão, o Ventania, teve suas vidraças quebradas.
Enquanto milhares de pessoas dentro do Congresso destruíam o patrimônio público, do lado de fora uma multidão ocupava completamente a cúpula do edifício. Essa foi a primeira imagem marcante da invasão e a que começou a rodar o mundo. Em vídeos compartilhados nas redes sociais ou em lives, os golpistas comemoravam a "tomada do poder".
Após a invasão do Congresso, um grupo menor de golpistas se dirigiu ao Palácio do Planalto, sede do Executivo. Os bolsonaristas chegaram até o quarto andar e depredaram as instalações, destruindo obras de arte, portas e uma mesa de vidro.

Responsável pela segurança do Palácio do Planalto no dia 8, José Eduardo Natale de Paula, coordenador do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ouviu o barulho da chegada de manifestantes, segundo o seu depoimento à Polícia Civil. Após a invasão do Congresso, ele viu parte dos vândalos indo em direção à sede do Poder Executivo, onde ocupavam o estacionamento.

Com a chegada dos manifestantes golpistas, Natale decidiu acionar o Plano Escudo. Trata-se do protocolo a ser seguido em caso de tentativa de invasão do Palácio do Planalto e envolve a participação de agentes da PM, do Exército e do GSI.

Naquele dia, apenas 40 oficiais do GSI estavam trabalhando. Um vídeo do momento mostrava ação descoordenada. Um coronel da PM chegou a gritar para um oficial do Exército: "Comanda a tua tropa". Mesmo após o acionamento das frentes de defesa, os golpistas conseguiram romper as barreiras e chegaram ao espelho d'água em frente ao Palácio.

Os manifestantes entraram no Palácio por dois acessos: o principal, no térreo, e pela rampa, que chega até o segundo piso. No térreo, a destruição foi quase completa. Também foram roubados cassetetes, sprays de pimenta e tasers (equipamentos de choque).

O chefe da segurança contou que, após a invasão, foi até o terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente, de alguns ministros do governo e da primeira-dama, Janja Silva. Chegando lá, dois golpistas já vandalizavam o andar, quebrando vidros, portas e obras de arte. O gabinete presidencial não foi invadido: ao contrário de outros, tem porta e paredes blindadas.

Em diversos gabinetes e nos salões do segundo e terceiro andar do Palácio, a destruição também foi quase completa. Um painel do artista Di Cavalcanti foi atingido em cinco pontos diferentes, assim como outras obras de arte. No Salão Nobre, cadeiras e o púlpito também foram inutilizados.
Por volta das 16h30, os primeiros reforços a chegarem ao local foram oficiais da PM sob o comando do Coronel Vanderly, adjunto do Departamento de Segurança Presidencial. Foram eles os responsáveis por "limpar" o terceiro andar, de acordo com Natale.

Enquanto isso, militares do Exército continham os golpistas que entravam no segundo andar pela rampa. Acuados, muitos vândalos começaram a se ajoelhar no local, a rezar e a cantar o hino nacional. O grupo permaneceu lá até a chegada de policiais militares, que deram voz de prisão a todos.

Após a chegada dos agentes, os invasores foram reunidos no segundo andar do Palácio. Vídeos desse momento mostram uma discussão entre um oficial do Exército com a PM. Em uma imagem divulgada por militares no momento da ação, um dos comandantes militares interveio após um policial derrubar no chão de forma violenta uma mulher.
Mas os golpistas não se contiveram. Os vândalos foram em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo dos bolsonaristas nos últimos anos, e invadiram o prédio. As vidraças do STF foram quebradas e uma parte dos bolsonaristas chegou até o plenário da corte, também totalmente depredado.
Em depoimento à PF, um dos seguranças do Supremo disse que ele e os colegas tentaram conter os invasores com bombas de efeito moral e granadas de gás lacrimogêneo, mas que as medidas não foram suficientes para parar a multidão.
Os golpistas entraram no Supremo por várias entradas diferentes, quebrando os vidros do andar térreo. Com barras de ferro, atingiram o encanamento, além de acionar o sistema de incêndio, formando poças d’água em diversos locais.
Os terroristas destruíram tudo o que viram no plenário, onde os ministros fazem os julgamentos. Retiraram poltronas e rasgaram documentos. A porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes foi arrancada.
De lá, avançaram também para a área onde ficam os gabinetes, de onde roubaram as togas usadas pelos ministros da Corte. Outra leva de vídeos compartilhados nas redes sociais mostrou que o alvo principal foi o Moraes.
Tentativa de retomada dos prédios públicos
Após às 17h, as imagens da conivência e falhas policiais em relação as invasões já circulavam nas redes, assim como a informação de que o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro, Anderson Torres estava de férias na Flórida — junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Imediatamente, políticos condenaram os ataques e, nos bastidores, criticavam a atuação do governador Ibaneis Rocha. A partir daí, Ibaneis tentou se salvar. Nas redes sociais, anunciou a exoneração de Torres e as medidas adotadas para tentar conter os vândalos.
"Estou em Brasília monitorando as manifestações e tomando todas as providências para conter a baderna antidemocrática na Esplanada dos Ministérios. Determinei a exoneração do Secretário de Segurança DF, ao mesmo tempo em que coloquei todo o efetivo das forças de segurança nas ruas, com determinação de prender e punir os responsáveis. Também solicitei apoio do governo federal e coloco o GDF à disposição do mesmo", escreveu em uma publicação.

Em Araraquara (SP), Lula soube da gravidade da situação. Ele acompanhou os atos de vandalismo pela televisão e fez uma videoconferência com ministros. Também falou por telefone com Moraes, e os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Lula ainda pediu para o ministro da Justiça, Flávio Dino, formular um texto de intervenção na segurança pública do DF.
O presidente da República condenou os atos terroristas, disse que houve "falta de segurança", prometeu punição aos envolvidos e decretou então a intervenção na segurança do Distrito Federal.
"Invadiram a sede do Governo, invadiram a sede do Congresso Nacional, invadiram a Suprema Corte, como verdadeiros vândalos, destruindo o que encontravam pela frente. "Queria dizer para vocês que todas essas pessoas que fizeram isso serão encontradas e serão punidas", disse o presidente em coletiva de imprensa.
A Polícia do DF retomou os prédios do STF e o Palácio do Planalto mas, por volta de 18h20, ainda não havia conseguido esvaziar o Congresso. No Supremo, houve tiros de balas de borracha e bombas. Muitos dos terroristas que invadiram as sedes dos Poderes usavam roupas parecidas com as de militares.
As forças policiais usaram cavalaria, jatos d'água e bombas de efeito moral para desocupar o Congresso. Helicópteros atiraram bombas de gás e bala de borracha para dispersar o grupo que se concentrava em cima do prédio e nos arredores.
Por volta das 19h, as tropas de choque da PM fizeram um bloqueio para isolar os prédios dos três Poderes e evitar que manifestantes dispersados voltassem ao local. Os grupos de golpistas então começaram a retornar em direção ao acampamento no QG do Exército. A Operação Escudo havia sido concluída.
Lula encerrou a viagem ao interior de SP e voltou para Brasília. Às 20h36, ele desembarcou na capital federal e seguiu em direção ao Palácio do Planalto para inspecionar a devastação do prédio. Depois, o presidente foi até o STF, onde foi recebido pela então presidente da Corte, Rosa Weber, e os ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso.

Após os ataques, Rosa Weber manifestou o compromisso do Poder Judiciário em assegurar a responsabilização integral dos envolvidos. "O STF atuará para que os terroristas que participaram desses atos sejam devidamente julgados e exemplarmente punidos", afirmou.
Após as invasões, à noite, Bolsonaro afirmou que depredações "fugiam à regra" das manifestações e retrucou a afirmação de Lula, que o havia associado aos atos.
Os ministros da Justiça, Flávio Dino, da Defesa, José Múcio Monteiro, e da Casa Civil, Rui Costa, foram até o quartel general do Exército para um encontro com o comandante do Exército, Júlio César de Arruda, e com o comandante militar do Planalto, Gustavo Menezes.
No dia seguinte, Lula se reuniu com lideranças no Palácio do Planalto. Participaram do encontro ministros do Supremo, incluindo a presidente da Corte, a ministra Rosa Weber, o presidente da Câmara, Arthur Lira, o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, e integrantes do ministério. Foi divulgada uma nota conjunta em defesa da democracia.
"O país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação", dizia um trecho da nota.
Lula ainda participou de um encontro com todos os 27 governadores do país. A reunião se transformou em um ato de união e repúdio aos atos golpistas.
Após o evento, o chefe do Executivo, os governadores e as lideranças do Poder Legislativo e Judiciário se encontraram na rampa do Palácio do Planalto e fizeram uma caminhada pela Praça dos Três Poderes.
Repercussão na imprensa internacional e autoridades
Assim como no Brasil, as invasões viraram manchetes nos veículos da imprensa internacional. A BBC News referiu-se às imagens do ato como "cenas dramáticas" e ainda ressaltou que os apoiadores se recusaram a aceitar que Bolsonaro perdeu.
O The Guardian afirmou que "apoiadores de Bolsonaro atacam o Palácio Presidencial". O jornal britânico também destacou o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, escrevendo: "Lula condena 'barbárie' e critica polícia brasileira após protesto".
O jornal francês Franceinfo informou que os manifestantes a favor do ex-presidente de "extrema direita" não queriam aceitar a posse de Lula. Já o The New York Times, dos Estados Unidos, também repercutiu a notícia e publicou uma foto do Congresso Nacional sendo invadido. A reportagem, que apareceu na página principal do site do jornal, ressaltou que os apoiadores invadiram também o STF alegando que a última eleição foi manipulada.
The Washington Post, também dos EUA, destacou na manchete do seu portal a participação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nos atos golpistas e relembrou a semelhança com as invasões do Capitólio.
"As cenas dos manifestantes, muitos dos quais alegam falsamente que a eleição foi roubada, quebrando janelas, percorrendo os corredores do Palácio do Planalto, trouxeram comparações assustadoras da insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos Estados Unidos por apoiadores do presidente Donald Trump", escreveu a publicação.
Em Portugal, o jornal O Público começou a noite repercutindo a declaração do presidente Lula: "Lula decreta intervenção federal para garantir segurança". Em um destaque secundário, o jornal lusitano afirmou que "Bolsonaristas vandalizam a democracia brasileira com a complacência da polícia".
O espanhol El País publicou: "Milhares de apoiadores de Bolsonaro invadem o Congresso, a Presidência e o Supremo Tribunal Federal". E detalhou: "A polícia retoma o controle da sede dos três poderes e o presidente Lula acusa o antecessor de incentivar a invasão".
Durante os atos golpistas no dia anterior, diversas lideranças mundiais foram às redes sociais demonstrar apoio às instituições brasileiras. Lula recebeu um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Na ligação, Biden declarou apoio incondicional do país à democracia brasileira e à vontade expressa nas urnas, que elegeram Lula a Presidência. Biden condenou os atos. No telefonema, Biden convidou o petista para uma visita em Washington no início do mês seguinte.
Alberto Fernández, na época presidente da Argentina, disse que a democracia é o único sistema político que garante as liberdades e nos obriga a respeitar o veredicto popular. "Aqueles que tentam desrespeitar a vontade da maioria ameaçam a democracia e merecem não só a sanção legal correspondente, mas também a rejeição absoluta da comunidade internacional. Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu apoio incondicional e do povo argentino a Lula diante dessa tentativa de golpe que vocês estão enfrentando."
O governo russo, escreveu: "Nós apoiamos totalmente o presidente Lula e condenamos as ações em Brasília".
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que "a vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada! O presidente Lula pode contar com o apoio inabalável da França".
Já a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, disse que as imagens da irrupção nos gabinetes institucionais são inaceitáveis e incompatíveis com qualquer forma de dissidência democrática. "É urgente um retorno à normalidade e nos solidarizamos com as instituições brasileiras."
Olaf Scholz, chanceler alemão escreveu nas redes sociais: "Imagens ruins nos chegam do Brasil. Os ataques violentos às instituições democráticas são um ataque à democracia que não pode ser tolerado. Estamos próximos do Presidente @LulaOficial e dos brasileiros!"
Rishi Sunak, primeiro-ministro do Reino Unido afirmou condenar qualquer tentativa de minar a transferência pacífica do poder e a vontade democrática do povo brasileiro. "O presidente @LulaOficial e seu governo contam com o total apoio do Reino Unido, e estou ansioso para fortalecer os laços estreitos de nossos países nos próximos anos."
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, também condenou os ataques golpistas: "A vontade do povo brasileiro e das instituições do país deve ser respeitada. Estou confiante de que assim será. O Brasil é um grande país democrático".
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia afirmou que estava "profundamente preocupado" com a notícia de motim e vandalismo contra as instituições do Estado em Brasília. "As tradições democráticas devem ser respeitadas por todos. Estendemos nosso total apoio às autoridades brasileiras", escreveu.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador publicou que era "condenável e antidemocrática a tentativa de golpe dos conservadores no Brasil incentivados pelas lideranças do poder oligárquico, seus porta-vozes e fanáticos. Lula não está sozinho, tem o apoio das forças progressistas de seu país, do México, do continente americano e do mundo".
Outros chefes de Estado — como Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Mario Abdo Benítez do Paraguai, Guillermo Lasso (Equador), Nicolás Maduro (Venezuela), Pedro Sánchez (Espanha), Justin Trudeau do Canadá, Honduras Xiomara Castro (Honduras) —, embaixadores, secretários e ministros de Relações Exteriores de vários países também declararam apoio e condenaram as invasões aos Três Poderes.
Reações no Brasil
No Brasil, autoridades também repudiaram os ataques aos prédios públicos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse nas redes sociais: "Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência."
O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital, disse que "os episódios verificados com as invasões dos locais que sediam os Poderes da República refletem da forma mais definida o espírito terrorista com o qual agem os derrotados democraticamente no voto. Além de explicitar a participação deliberada do Governo do DF e não conter essa depredação generalizada e inadmissível".
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira, chamou os atos de "baderna, destruição e vandalismo". "O Congresso Nacional jamais negou voz a quem queira se manifestar pacificamente. Mas nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo, escreveu.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB-MS), chamou os manifestantes de criminosos e radicais; e lembrou que a Constituição oferece respaldo legal para que os responsáveis sejam punidos.
"A atitude criminosa e radical de golpistas, ao afrontarem os poderes, invadindo o Congresso Nacional e vandalizando o STF e o Planalto, precisa de punição exemplar. Os líderes políticos coniventes, bem como os financiadores dessa ação, devem ser responsabilizados com rigor", diz um trecho da publicação nas redes sociais.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que estava na sede do Ministério e que as faria estavam agindo. "Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer".
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também se manifestou e considerou "inaceitável a invasão dos prédios públicos e os ataques desferidos contra os Três Poderes" e ressaltou que era hora de "encerrar de uma vez por todas os intentos contra o Estado Democrático de Direito no país".
"Além da depredação física, os ataques têm como objetivo o enfraquecimento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e da Constituição Federal, que são os pilares do mais longevo período democrático da história brasileira", dizia um trecho.
Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a invasão aos prédios e órgãos públicos demonstrou a irresponsabilidade das autoridades da segurança pública do Distrito Federal. Nas redes, a petista afirmou que as consequências dos atos de vandalismo deveriam recair sobre o Governo do DF.
"O governo do DF foi irresponsável frente à invasão de Brasília e do Congresso Nacional. É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador e seu secretário de segurança, bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer", afirmou na época.
O ministro Bruno Dantas, do TCU, enfatizou que "são intoleráveis os atos criminosos nas sedes dos Três Poderes, depredando bens públicos e invadindo símbolos de um país democrático". "Não há espaço para isso no Brasil. Que executores, idealizadores e financiadores sejam rigorosamente punidos. Não se pode transigir com golpistas."
O ex-candidato Ciro Gomes tratou o ocorrido como "um dos maiores crimes da história da República". "Um dos maiores crimes da história da República não pode ficar impune. Não há a mínima brecha para condescendência. A consciência nacional clama o MÁXIMO RIGOR DA LEI!"