General Augusto Heleno foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira (8)Marcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 08/02/2024 13:42 | Atualizado 08/02/2024 14:25
Um novo trecho do documento da PF que desencadeou nesta quinta-feira (8) a operação Tempus Veritas mostrou que o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, comunicou ao presidente Jair Bolsonaro a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na campanha presidencial de 2022. No texto, divulgado pelo programa Conexão GlobonewsHeleno — que foi alvo de mandados de busca e apreensão — informou que conversara com um diretor da Abin para colocar infiltrados nas campanhas de adversários políticos.
Durante a reunião, segundo a PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria demonstrado preocupação com a possível identificação dos envolvidos. Ele pediu que Heleno e os demais participantes "conversassem em particular sobre o que a Abin estaria fazendo". 
No entanto, o general teria prosseguido com o discurso e evidenciado a "necessidade de os órgãos de estado vinculado ao Governo Federal atuarem para assegurar a vitória do então presidente Jair Bolsonaro". Heleno teria dito: "(...) não vai ter revisão do VAR, então, o que tiver que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições". Nesse momento, ele citou uma "virada de mesa". "Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições".
Em seguida, o então ministro do GSI afirma que "deveriam agir contra determinadas instituições e pessoas". "Vai chegar um ponto que não vamos poder mais falar, nós vamos ter que agir, agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso para mim está muito claro", disse.
General foi intimado a depor sobre 'Abin paralela'
O general Augusto Heleno foi intimado para prestar depoimento na investigação sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Inicialmente marcado para terça-feira, 6, a audiência foi adiada após a defesa pedir acesso aos autos e um novo prazo para analisar os documentos do inquérito. Uma nova data ainda será definida.
A Abin fez parte da estrutura administrativa do GSI enquanto Heleno esteve no cargo. A agência passou para o guarda-chuva da Casa Civil em março de 2023, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Heleno minimizou delação de Cid
O ex-ministro do GSI chegou a minimizar os depoimentos que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, deu à Polícia Federal sobre a tentativa de golpe que culminou no 8 de janeiro de 2023.

Segundo o militar, o papel de Mauro Cid estava restrito a cumprir ordens dadas pelo então presidente, e que, portanto, não participava de reuniões, nem teria relevância para a tomada de decisões.
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"Cid era apenas um ajudante de ordens do ex-presidente. Ou seja, cumpria ordens", disse Heleno ao afirmar que os depoimentos de Mauro Cid estão sendo utilizados de forma indevida. "Não sei o que ele falou. Ninguém sabe", disse à época.
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