Publicado 21/03/2024 11:45 | Atualizado 21/03/2024 12:38
O Palácio do Planalto discordou das declarações dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ronaldo Caiado (União Brasil) sobre a posição brasileira diante da guerra na Faixa de Gaza. Tarcísio e Caiado estão em missão diplomática em Israel e, em agenda pública nesta quarta-feira, 20, criticaram a postura do governo brasileiro diante do conflito.
Os governadores voltaram a rechaçar a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou a incursão israelense em Gaza com o Holocausto, gerando uma crise diplomática com Israel. O governo Lula, em resposta, pontua que os governadores estão "distorcendo a posição do Brasil sobre o tema".
Para Tarcísio, a fala de Lula não representa a "posição do povo brasileiro". "Não ao Hamas, não ao Hezbollah, não ao terrorismo!", afirmou o governador de São Paulo em evento na cidade de Ranana. "Se alguém pretende ter uma posição de destaque deve se inspirar no exemplo de Osvaldo Aranha, não se aliar a terroristas", disse, referindo-se ao diplomata que é considerado como um dos fundadores da política externa do País.
Ronaldo Caiado endossou as críticas e "pediu desculpas" ao povo judeu pela declaração. "A fala do presidente Lula não condiz com o pensamento do Brasil", afirmou o governador goiano. "Um homem que não conhece a história fez um depoimento que agride a todos vocês", pontuou.
Planalto 'lamenta' declarações
O Palácio do Planalto, em nota, disse que "lamenta" as declarações. "Lamentamos que governadores no exterior distorçam a posição do Brasil sobre o tema, em momento em que o mundo todo se preocupa com os civis palestinos", diz um trecho do comunicado.
O governo afirma que Lula não deixou de condenar os ataques terroristas do grupo Hamas. A declaração sobre o Holocausto, diz o Planalto, não foi direcionada ao povo de Israel, mas aos mandatários do país. "O presidente condenou os ataques do Hamas repetidas vezes e não fez fala contra o povo judeu e sim contra ações do atual governo de Israel, que também foram criticadas por governos do mundo inteiro, inclusive Europa e Estados Unidos", afirma a nota.
Nesta quarta-feira, Lula voltou a falar em "genocídio" ao aludir ao conflito entre Israel em Hamas. "Chega de matar mulheres e crianças!", exclamou o presidente na festa de 44 anos do PT. "Aquilo não é guerra, é genocídio", reiterou.
Fala sobre Holocausto fez popularidade de Lula cair
No início de março, três institutos de pesquisa de opinião divulgaram relatórios sobre a aprovação à gestão Lula. A tendência nos três levantamentos convergiu: a popularidade do presidente teve queda ao longo do primeiro bimestre do ano. Foram as primeiras pesquisas que puderam mensurar o impacto da comparação do petista entre a incursão em Gaza e o Holocausto. Segundo os relatórios, a fala teve consequências nos resultados.
Na pesquisa empreendida pelo instituto Quaest, constatou-se que a declaração foi percebida como um "exagero". Para 60% dos entrevistados, o presidente "exagerou" na comparação. Entre os evangélicos, o índice chegou a 69%. E, justamente entre evangélicos, substrato relevante na amostra da pesquisa, a popularidade de Lula despencou de forma mais nítida.
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