Publicado 26/11/2024 08:28
O CEO do Carrefour Global, Alexandre Bompard, fará uma retratação formal ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, após as suas declarações levarem à interrupção de fornecimento de carnes por parte de frigoríficos brasileiros ao Grupo Carrefour Brasil.
PublicidadeUma pessoa próxima à empresa e participante das discussões, afirmou ao Estadão que o desejo da gestão da companhia é de que a carta seja entregue em mãos, o que depende, também, da agenda do ministro.
O governo brasileiro e a Embaixada da França caminham para um entendimento na crise entre o Carrefour e a indústria de carnes nacional. O diálogo avançou nesta segunda-feira, 25, após um encontro entre o embaixador Emmanuel Lenain e o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua. Entretanto, a crise ainda não está resolvida.
No encontro no ministério, no fim da tarde, o embaixador teria apresentado a carta de Bompard. Lenain deixou o ministério sem falar com a imprensa. Ele não se encontrou com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que chegou logo depois, pois estava em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) no Palácio do Planalto.
No encontro no ministério, no fim da tarde, o embaixador teria apresentado a carta de Bompard. Lenain deixou o ministério sem falar com a imprensa. Ele não se encontrou com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que chegou logo depois, pois estava em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) no Palácio do Planalto.
O boicote dos frigoríficos ocorreu após Bompard se comprometer, na última semana, a não vender em lojas da França carnes do Mercosul. Segundo ele, a medida foi tomada após ouvir o "desânimo e a raiva" dos agricultores franceses, que são contrários à proposta de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Fávaro, por sua vez, disse não ter feito um pedido explícito ao setor frigorífico para que realizasse o boicote, mas parabenizou a indústria brasileira pela decisão.
Diálogo entre o governo e a embaixada
Uma nova rodada de conversa entre o embaixador e o ministro está prevista para esta terça-feira, 26. Lenain quer atuar como "intermediário" na questão e aliviar a tensão entre o agronegócio brasileiro e a França.
A crise entre o Carrefour e a indústria de carnes brasileira escalou nos últimos dias, com frigoríficos suspendendo o fornecimento de produtos ao Grupo Carrefour — Carrefour, Atacadão e Sam’s Club — no Brasil.
A crise entre o Carrefour e a indústria de carnes brasileira escalou nos últimos dias, com frigoríficos suspendendo o fornecimento de produtos ao Grupo Carrefour — Carrefour, Atacadão e Sam’s Club — no Brasil.
A represália da indústria é em resposta ao comunicado recente do CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a varejista se compromete a não vender carnes do Mercosul, independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer.
O Carrefour França afirmou que a medida é restrita apenas às unidades francesas, enquanto o Carrefour Brasil afirmou que não há mudanças na operação local. A indústria brasileira de carnes condicionou a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública de Bompard.
O Carrefour França afirmou que a medida é restrita apenas às unidades francesas, enquanto o Carrefour Brasil afirmou que não há mudanças na operação local. A indústria brasileira de carnes condicionou a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública de Bompard.
De acordo com interlocutores, a reunião entre Lenain e integrantes do Ministério da Agricultura foi "positiva" a fim de um entendimento e de aliviar a tensão entre a indústria e o grupo varejista francês. Oficialmente, o ministro não recebeu a carta com pedido de desculpas, tendo sido repassada a seus auxiliares.
Criação de comissão externa contra Carrefour
O deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) apresentou, nesta segunda-feira, um requerimento de criação de uma comissão temporária externa para "acompanhar e monitorar as declarações de boicote auferidas pelo Carrefour quanto à comercialização de carnes do Mercosul".
Na justificativa do requerimento, Moreira argumentou que a posição do Carrefour "é uma atitude absolutamente irresponsável, falaciosa e discriminatória, em uma clara afronta protecionista ao setor agropecuário brasileiro". Ele sustenta que "o Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo no que diz respeito ao controle ambiental".
Além disso, o parlamentar diz que "causa estranheza a despreocupação do Sr. Bompard com as operações da empresa no Brasil, já que 80% do abastecimento interno é realizado por fornecedores brasileiros". O autor do requerimento também afirma que as declarações "ferem os princípios do diálogo e da cooperação internacional".
Segundo Moreira, a comissão externa vai avaliar "a conduta e as constantes denúncias da companhia no Brasil" e cita "antecedentes graves das operações, ligados a violações raciais, ambientais e trabalhistas".
Além disso, o parlamentar diz que "causa estranheza a despreocupação do Sr. Bompard com as operações da empresa no Brasil, já que 80% do abastecimento interno é realizado por fornecedores brasileiros". O autor do requerimento também afirma que as declarações "ferem os princípios do diálogo e da cooperação internacional".
Segundo Moreira, a comissão externa vai avaliar "a conduta e as constantes denúncias da companhia no Brasil" e cita "antecedentes graves das operações, ligados a violações raciais, ambientais e trabalhistas".
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também cobrou uma retratação da rede varejista francesa e afirmou que vai pautar na Casa a discussão de medidas de "reciprocidade econômica" com a França.
"Não é possível que o CEO de um grupo importante, como o Carrefour, não se retrate de uma declaração sobre não contratar as proteínas animais advindas da América do Sul. O Brasil, o Congresso Nacional, os empresários e a população têm de dar uma resposta clara para que esse protecionismo exagerado dos produtores da França não seja motivo de injusto protecionismo contra os interesses de quem se protege debaixo da lei mais rígida do sentido ambiental mundial, que é o nosso Código Florestal", disse.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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