Antes aliados, Bolsonaro e Doria agora vislumbram o Planalto em 2022. Um quer ficar e o outro, entrar - Divulgação
Antes aliados, Bolsonaro e Doria agora vislumbram o Planalto em 2022. Um quer ficar e o outro, entrarDivulgação
Por MARTHA IMENES
As informações em torno da vacina contra a covid-19 no Brasil tem gerado uma 'guerra política da vacina' entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, que já anunciou o início da vacinação com a CoronaVac em 25 de janeiro. O imunizante está sendo produzido no Instituto Butantan em parceria com a chinesa SinoVac. Vale lembrar que Doria garantiu que a CoronaVac não será restrita aos paulistanos, todos os brasileiros poderão se vacinar. E isso irritou Bolsonaro. A reação veio pelo ministro-general da Saúde, Eduardo Pazuello: "Teremos 300 milhões de doses da vacina até o final de 2021". Ele depois se contradisse dizendo que até março devem chegar algumas doses, mas não apresentou planejamento de vacinação. Ocorre que no meio dessa "guerra" está o que os governantes parecem ignorar: mais de 179 mil brasileiros morreram por conta da doença e 6,6 milhões já foram infectados.
Para o sociólogo Paulo Baía, essa guerra política da vacina é "medíocre e perversa". "Os dois estão jogando com o medo da morte de milhões de pessoas", critica o professor. E complementa: "Não existe inocente, ingênuo ou altruísta nessa história trágica."
Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que existem 196 vacinas em andamento. Os imunizantes Pfizer/BioNTech e Sputinik V já estão sendo aplicados de forma emergencial. As farmacêuticas AstraZeneca e Moderna também estão em estágio avançado de pesquisa e devem ser as próximas a serem liberadas de forma emergencial.
Publicidade

Anvisa
As desenvolvedoras de imunizantes que tem estudos de fase 3 em andamento no Brasil podem fazer o pedido de uso emergencial da vacina para a Anvisa. Há 4 vacinas com testes de fase 3 em andamento no país: o modelo desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade Oxford, a da chinesa SinoVac em parceria com o Instituto Butantan, a das americanas Pfizer e BioNTech, além da vacina da Janssen-Cilag (Johnson & Johnson).
A agência reforçou que o uso emergencial só será concedido para imunizar um público restrito no SUS, como de profissionais de saúde ou idosos, preferencialmente em programa do Ministério da Saúde. A regra não impede, contudo, que o Instituto Butantan peça o uso emergencial da CoronaVac no programa do governo paulista.
Publicidade
Pazuello: governo está empenhado
Na terça-feira passada, após se reunir com governadores de estado e participar de um evento oficial no Palácio do Planalto, o ministro-general da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo federal está empenhado em adquirir vacinas para imunizar a população brasileira contra a covid-19. Segundo ele, até agora já estão asseguradas 300 milhões de doses, que poderiam ser usadas em 150 milhões de pessoas, já que cada indivíduo precisa receber duas doses da vacina.
"O Brasil já possui atualmente mais de 300 milhões de doses de vacina garantidas, por meio de acordos, esperando aprovação da Anvisa", disse. De acordo com o Ministério da Saúde, o governo federal tem acordos com o laboratório AstraZeneca para receber 260 milhões de doses e insumos para fabricação em 2021 pela Fiocruz, ao custo total de R$ 1,9 bilhão. Seriam 100 milhões no primeiro semestre e mais 160 milhões no segundo semestre.
Publicidade
Segundo Pazuello, a pasta também ingressou no consórcio internacional Covax Facility, que envolve diversos países, e prevê o repasse, para o Brasil, de outras 42 milhões de doses de algumas das vacinas em produção mundial. O governo também conta com a possibilidade comprar mais 70 milhões de doses de vacinas da farmacêutica norte-americana Pfizer.
"Assinamos esse memorando de entendimento garantindo mais de 70 milhões de doses da Pfizer, já iniciando em janeiro de 2021 o recebimento dessas doses", acrescentou.
Publicidade
O ministro voltou a dizer que a vacina será acessível à toda a população brasileira. Ele não informou uma data exata para o início da imunização, mas a previsão da pasta é que a vacinação comece em março.
Todos têm planos: Reino Unido, Rússia, França, Argentina...
O Reino Unido já começou a vacinar idosos e profissionais de saúde contra o coronavírus com a vacina Pfizer/BioNTech, se tornando o primeiro país do mundo a imunizar contra a doença.
Publicidade
Para se ter uma ideia, a Terra da Rainha tem mais de 61 mil mortes, sendo o país da Europa mais afetado pela pandemia e o quinto do mundo em número de mortes confirmadas por covid-19, superado por Estados Unidos, Brasil, Índia e México. Ou seja, o Brasil é o segundo mais afetado e ainda não tem um plano de vacinação.
Além de Reino Unido e São Paulo, França, Rússia, China, Canadá, Estados Unidos e os hermanos Argentina, México e Chile já apresentaram seus planos de vacinação para o fim deste ano ou início do ano que vem. Já o Brasil...
Publicidade