Publicado 29/07/2020 10:33
Campos — Davino Cordeiro deu entrada no Centro de Controle Combate ao Coronavírus (CCC) no dia 18 de junho, aos 109 anos, em estado grave. Ele recebeu alta no dia 6 de julho e deixou o centro de referência aos 110 anos. Davino comemorou seu nascimento e seu renascimento ao mesmo tempo, e espera ter mais aniversários para celebrar, junto com os sete filhos, os 11 netos e os 18 bisnetos. A história de Seu Davino é a mais marcante das muitas histórias de superação escritas pelos sobreviventes da covid-19 em Campos.
“Graças a Deus meu pai se recuperou, vamos agradecer e pedir que ele chegue aos 111 anos, para a gente festejar”, diz o filho Daniel, de 68 anos, que aproveita para fazer o alerta que muitos parecem ignorar. “Acho que isso aí é coisa séria, não é uma gripezinha. Você vê, o mundo todo tá contaminado”.
Com mais de um século de luta, a força de seu Davino pode ser atestada pela equipe do CCC que o assistiu. Apesar de ter chegado ao hospital em situação grave, ele não precisou ser internado na UTI. Ao sair, foi celebrado como um símbolo de esperança e motivação pelos profissionais do CCC.
“Prestar cuidados ao Seu Davino foi um marco muito grande na minha vida profissional”, frisa a enfermeira Daniela Muniz. “Receber um paciente que entrou no hospital com 109 anos e fez o aniversário de 110 aqui com a gente é muito gratificante”.
Davino nasceu em 1910, e recorda de momentos marcantes da sua vida e da cidade. Entre eles, a pandemia da gripe espanhola, que matou milhares no Brasil entre 1918 e 1919. Época em que o pequeno Davino, começou a trabalhar, aos 9 anos, como cortador de cana de açúcar. Mais velho, foi trabalhar na estrada de ferro em Campos, e depois na extração de areia do Rio Paraíba do Sul, quando nem havia o cais da Lapa, reconta ele, inaugurado em março de 1958. Outro marco de Campos que tem a mão de Seu Davino é a Ponte Saturnino de Brito, mais conhecida como Ponte da Lapa, inaugurada em 17 de outubro de 1964.
“Trabalhei em muita coisa, já trabalhei em linha férrea, trabalhei na usina (de cana), aí depois sai e fui trabalhar na Leopoldina uns tempos. Trabalhei com cavalo e carro de boi. Eu não tenho mais saudade de nada”, ri Davino, que só não consegue apontar a razão da sua longevidade e lucidez.
“Nem me lembro mais”.
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