'Movimento está em linha com nossa busca constante por produtos mais eficientes e com menos impacto ambiental', afirma a diretora de Refino e Gás da Petrobras, Anelise LaraAgência Brasil
Por Leonardo Maia
Publicado 04/08/2020 10:50 | Atualizado 04/08/2020 10:56
Campos — Uma das plataformas de Petrobras na Bacia de Campos, a P-50, parece estar com um surto de coronavírus. Num único desembarque, no domingo, em Vitória-ES, estavam oito funcionários da empresa contaminados pelo vírus. A denúncia é o do sindicato da categoria na região, o Sindipetro-NF. Segundo a entidade, também aportaram número não especificado de trabalhadores terceirizados com a covid-19. Desde a última quinta, pelos menos 20 petroleiros da P-50 foram desembarcados em terra, 13 deles testaram positivo para o novo coronavírus.
Trabalhadores embarcados da Petrobras passam por medição de temperatura em barreira sanitária montada pela prefeitura de Campos no heliporto do FarolDivulgação prefeitura de Campos
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Em reposta à reportagem, a Petrobras não foi clara ao confirmar o número exato de infectados que foram retirados da plataforma, mas disse, em nota, que “foram tomadas medidas adicionais de higienização e conscientização a bordo e, de forma preventiva, a companhia optou por testar todos os colaboradores a bordo com teste RT-PCR”.
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A falta de transparência da Petrobras sobre os casos registrados em suas bases operacionais em alto-mar, estratégia tomada pela companhia desde o início da pandemia, é a principal crítica do Sindipetro, que acusa a Petrobras de não “cumprir decisão do STF que determina a emissão de CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) em caso de contaminação nos locais de trabalho”.
A empresa tem alegado sigilo médico de seus funcionários para não divulgar o número de pessoas infectadas sob sua responsabilidade.
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O sindicato também reclama que as medidas preventivas que antecedem o embarque para o trabalho são insuficientes ou ineficientes. Alguns petroleiros não estariam cumprindo a quarentena prévia. A Petrobras rebate e diz que todos passam por “período de quarentena com monitoramento de saúde de 14 dias no pré-embarque”.
A realização de testes rápidos no momento do embarque é considerada enganosa pela entidade de classe, que cobra a utilização do mais confiável teste PCR.
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“Apesar de todos a bordo realizarem o teste rápido no dia do embarque, este teste tem um período de janela de até 3 semanas após a exposição ao vírus”, diz o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF. “Já o PCR pode ter sucesso na detecção a partir de uma semana após a exposição”.
Além da crise da covid-19, funcionário da Petrobras estão apreensivos com a paralisação de plataformas na Bacia de CamposArquivo / Secom Macaé
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A Petrobras diz que, além dos testes ao embarcar, faz avaliação constante da saúde dos trabalhadores e determina o “uso obrigatório de máscaras, distanciamento entre as pessoas e reforço na higiene. Todos esses procedimentos vêm sendo cumpridos na P-50”.
Mas de acordo com relatos dos próprios petroleiros embarcados, muitos deles ficam em contato com colegas doentes durante dias antes de que sejam retirados das plataformas. O que a companhia nega: “qualquer colaborador que reporte sintomas compatíveis com Covid-19 é desembarcado, bem como seus contactantes (sic)”.
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Boletim semanal do Sindipetro aponta que o número de pessoas a bordo (POB) das plataformas petrolíferas na Bacia de Campos também aumentou nos últimos meses, na contramão das medidas de prevenção que preveem redução de pessoal embarcado.
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Na P-56, aponta o informe, entre 1º de junho e 1º julho, o número de trabalhadores a bordo aumentou de 132 para 176.
A Petrobras alega que “reforça o seu compromisso com a saúde e a segurança dos colaboradores e reafirma que vem adotando procedimentos robustos em todas as suas unidades desde o início da pandemia, atuando sempre de forma diligente”.