A queda de produtividade dos campos de petróleo da Bacia de Campos tem afetado fortemente a economia dos municípios do Norte FluminenseArquivo / Secom Macaé
Por Leonardo Maia
Publicado 12/08/2020 12:13 | Atualizado 12/08/2020 12:17
Campos - Ao que tudo indica, Campos chegou ao fundo do poço. Pelo menos no que se refere ao repasses das Participações Especiais pela exploração de petróleo da Bacia de Campos. Pela primeira vez na história, desde que os pagamentos se iniciaram, em 2000, o município não vai receber nada do bônus pela produção trimestral dos poços da Bacia de Campos. O cenário de grave crise de arrecadação por que passa a prefeitura se acentua ainda mais num ano que reuniu a tempestada perfeita do desastre econômico: crise do mercado internacional de petróleo, mudanças ao longo dos últimos anos nos repasses dos royalties e a pandemia do coronavírus.
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"A gente vem falando há muito tempo que o dinheiro acabou. Será que as pessoas agora vão acreditar?", questiona o prefeito Rafael Diniz. "Fazemos um milagre de administrar com muito pouco, atendendo minimamente à população, no que é básico e prioritário. Mas vamos continuar trabalhando para manter nossa cidade viva, respirando mesmo sem dinheiro".
Homem trabalhando no navio de produção FPSO P-37 - PetrobrasDivulgação/Agência Petrobras
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Para se ter uma ideia do tamanho da degradação persistente dos royalties como fonte principal de renda e desenvolvimento dos municípios produtores da região, em novembro de 2008, Campos recebeu R$ 230 milhões de Participação Especial, um recorde até hoje. Além do grande zero "recebido" pelo segundo trimestre deste ano, no primeiro trimestre o depósito foi de R$ 1,1 milhão, até então o recorde negativo.
"Houve queda no preço do petróleo (Brent), numa médiade 20,7% no trimestre abril/maio/junho, utilizado para pagar a PE de agosto, quando comparado ao trimestre jan/fev/mar, que pagou a PE de maio", explica Diogo Manhães, diretor de Petróleo e Gás da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Inovação de Campos.
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Ainda de acordo com Manhães, soma-se a isso uma queda de produção da maioria dos campos que pagam a PE na Bacia de Campos, decorrente de mudança do plano de negócios da Petrobras, que tem fechado e revendido vários desses campos, e em parte pela pandemia da covid-19, que forçou redução de pessoal nas plataformas marítimas.
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Campos não é o único município da região afetado. São João da Barra, Macaé, Casimiro de Abreu e Carapebus também não vão ver um mísero centavo depositado em suas contas de Participação Especial. Quissamã é o único que terá pouco mais de R$ 1 milhão depositado pela produção do trimestre, mesmo assim uma queda de mais da metada do recebido em maio.