Por O Dia
Publicado 02/07/2021 00:00
As críticas europeias ao Governo brasileiro dificultam o diálogo e bloqueiam as nossas tentativas de reaproximação. A China aproveita essa situação e ganha cada vez mais influência por meio da sua agenda de sustentabilidade.
Tópicos como sustentabilidade nas relações comerciais, cadeias comerciais certificadas na agricultura e alimentos, descarbonização econômica, alimentos orgânicos e redução de queimadas na Amazônia e Pantanal fazem parte da agenda comum sino-europeia.
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Todos esses temas, na verdade, deveriam constar de uma agenda bilateral entre o Brasil e a Europa. Hoje, o Brasil dificilmente passa uma semana sem sofrer críticas severas na Europa. O objetivo essencial são as políticas ambientais e amazônicas do Governo brasileiro.
No momento, o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul não tem nenhuma possibilidade de ser aprovado, visto que Áustria e França já declararam que não assinarão o documento.
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As empresas da Europa dedicadas a alimentos e cadeias de supermercados do velho continente estão pedindo que a União Europeia use seu poder regulatório para impor regras e sanções internacionais contra a devastação por queimadas do meio ambiente brasileiro.
A Europa está pouco a pouco fechando as portas para o Brasil. Pequim está explorando de forma sutil e pragmática esse conflito com a sua diplomacia sempre mais ofensiva no diálogo entre meio ambiente e sustentabilidade.
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As relações entre Brasil e China estão desgastadas, assim como com os Estados Unidos e os europeus. A superpotência asiática é o parceiro comercial mais relevante do Brasil com os norte-americanos e os europeus, mas Brasília insiste em lançar ataques ideológicos e populistas contra nossos principais interlocutores.
Europa, China e Estados Unidos estão trabalhando em conjunto as questões do meio ambiente, proteção ao consumidor e sustentabilidade para determinar as regras futuras no comércio internacional de mercadorias descarbonizadas.
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A agenda política e tecnológica mundial avança nessa direção e corremos o risco de alienação e marginalização nesses pontos fundamentais da nova agenda internacional.
A diplomacia brasileira precisa rever posições anacrônicas para evitar a perda de influência brasileira na organização das novas linhas de diálogo global. Em caso contrário, passaremos de atores dinâmicos a sujeito passivo, obrigado a correr atrás do prejuízo.
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A suspensão de conversas entre os Estados Unidos e o Brasil inserem-se nesse contexto. Os motivos podem ser as investigações contra o ministro do meio-ambiente e a paralisia na luta contra o desmatamento acelerado, como advertiu a presidente da comissão de relações exteriores do Senado Federal.
Essa comissão alertou o Governo brasileiro para o risco de sanções em razão do novo vínculo crescente entre meio ambiente e comércio exterior.
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Com o fim de agradar grileiros, garimpeiros e madeireiros, o Executivo federal insiste nas práticas de devastação acelerada da Amazônia e do Pantanal com fins eleitoreiros. E essa prática vai custar muito caro ao nosso país para beneficiar um pequeno grupo de criminosos.
Até a crise hídrica que se aproxima tem a ver com essa devastação proposital e a desmontagem do aparelho de fiscalização ambiental. Para evitar um apagão, o Brasil será obrigado a um racionamento energético e incentivo ao uso eficiente de energia, de forma voluntária, por cidadãos e empresas.
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A queda de Ricardo Salles, representante de tudo que há de mais danoso para o meio-ambiente, em nada altera pelo momento a situação descrita anteriormente, pois as ordens vêm do Planalto e a farra da exportação de madeira sem autorização pode continuar eventualmente sob novo comando.
Nesse caso, o bloqueio do diálogo com ao Europa vai continuar e também com os Estados Unidos, que em janeiro de 2020, passaram a exigir a autorização do Ibama para a exportação de madeira.
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