Publicado 02/08/2021 05:00 | Atualizado 02/08/2021 10:53
Liberta! É assim que Viih Tube vem se sentindo desde que deixou o 'BBB 21'. A influenciadora conta que sua participação no reality da Globo a fez ter mais segurança de ser publicamente quem ela realmente é, sem medo de errar, acertar e ser sempre cobrada por isso. Depois de viver muitos 'cancelamentos' ao longo de sua carreira no mundo virtual, Viih decidiu expor, pela primeira vez, tudo o que ninguém sabia sobre as polêmicas do passado que tanto a fizeram mal. Para isso, escreveu seu terceiro livro. A obra foi batizada de 'Cancelada - O que a internet não mostra' e já está com a pré-venda aberta. "Eu fui uma garota que viveu com medo por muito tempo", desabafa a influencer, em entrevista exclusiva à coluna. Ela ainda adianta o que o público pode encontrar em sua publicação, revela o desejo de levar suas histórias de vida para o cinema e fala dessa onda de cancelamento que vem tomando conta da internet.
O que as pessoas podem esperar desse livro?
As pessoas podem esperar toda a verdade e a forma mais direta de ser eu e de contar tudo que eu já vivi sem nenhum segredo ou enrolação. Podem esperar ouvir o que não querem, talvez, até eles me conhecerem melhor e conhecerem a minha história antes e depois da internet.
Há algo polêmico nele que você pode adiantar um pouco sobre com um breve spoiler? O que?
Hoje as pessoas consideram polêmica qualquer coisa que cai na internet e viraliza. Sim, tem coisas que as pessoas não sabem e podem considerar polêmico, mas eu considero necessário. São assuntos muito íntimos, coisas que eu já vivi, principalmente com homens na minha vida, em vários momentos diferentes, que eu nunca abri ou comentei. E situações que acho que as pessoas não esperam e não fazem nem ideia.
Qual foi o gatilho que fez você escrever o livro?
Acho que o gatilho foi o sentimento de libertação que eu senti depois que fui confinada. Sendo que agora eu não tenho mais medo de ser eu, de falar tudo o que eu sinto, de demonstrar as minhas fraquezas e todas as minhas versões. Eu me senti muito liberta, porque eu já fui muito cancelada. Já me cobrei muito por isso, já fiquei muito triste. Agora me sinto uma pessoa normal, que erra, que vai errar de novo. E que tem muito o que aprender ainda. E isso é bom. Foi um sentimento de libertação que eu senti e que me deu gatilho para começar a escrever e por tudo pra fora, sem medo nenhum. Eu fui uma garota que viveu com medo por muito tempo. Medo de muita coisa, da opinião dos outros, do cancelamento em si, de desagradar, medo de ser mal interpretada. Então, é um sentimento único.
Sempre foi um desejo escrever um livro ou você sentiu essa necessidade em algum momento e resolveu investir nisso?
Com certeza, falar sempre foi um desejo. Por pra fora. Minha mãe sempre me viu com muita vontade de falar, de colocar pra fora tudo o que eu já vivi, os sentimentos que eu tinha sobre situações que as pessoas julgavam sem saber o que realmente tinha ocorrido. Ela falava "Coloca a boca no trombone! Fala!". Mas eu sabia que isso poderia piorar a situação ou achava que as pessoas iriam ver de uma forma diferente, por outro ângulo. Sempre existe várias possibilidades de se enxergar uma situação, então sempre tive muito medo. Mas depois dessa sensação de liberdade que eu tive quando voltei pro mundo real, eu realmente não tive mais medo de nada. Na verdade, sempre foi um desejo roteirizar os assuntos que eu abordo nesse livro pra um filme. Mas é uma produção mais complexa. Escrever é muito difícil, mas fazer uma produção de audiovisual com um roteiro seria um próximo passo. O primeiro passo seria escrever, então, dessa forma, eu preferi fazer um livro. Depois talvez pensar em levar para as telonas um dia. Então, esse era o meu sonho: mostrar a minha vida e tudo o que eu já vivi, como foi tudo desde que eu era pequena, como eu cresci, tudo o que já aconteceu, as lições de vida que eu já aprendi, mesmo que ainda nova. Quando eu saí e comecei a escrever, era mais como um desabafo pessoal, mas vi que dava pra transformar em um livro. Então, foquei em dividir a história em capítulos e resolvi lançar com o título de "Cancelada".
Pensa em escrever mais livros?
Esse é o meu terceiro livro. Escreveria mais um, sim, mas depende muito de como será a reação das pessoas com esse terceiro, porque o quarto provavelmente seria um complemento desse, com mais coisas da minha vida que eu nunca contei. Eu faria um quarto livro só sobre histórias antes da internet, da minha vida pessoal mesmo. Porque, como eu falei, não tenho mais vergonha, nem medo da minha história ou do cancelamento. Não tenho mais vergonha de absolutamente nada que eu vivi. Encaro como um passo à frente, uma lição de vida. Acho que tudo que vem, vem por algum motivo. Foi muito difícil enxergar as coisas dessa forma. Por muito tempo, tive muita vergonha de mim ou de algo que aconteceu. Hoje, não. Então, escreveria mais, sim, com certeza.
O que o cancelamento virtual mais te ensinou?
Sempre digo que não acho que foi o cancelamento em si que me ensinou algo. Talvez as críticas construtivas, talvez as pessoas à minha volta que realmente gostavam de mim e me ajudaram. As pessoas que me mostravam o correto de uma forma educada, sem realmente fazer um linchamento virtual. Na verdade, o linchamento e o cancelamento virtual mais me destruíram do que me ensinaram algo. Não acho que é a forma certa de ensinar alguém sobre o bem e sobre o que é certo, porque isso machuca, traumatiza e destrói. Mas, claro que me ensinou a ser mais forte, ter mais calma, ser mais paciente, ter mais cuidado com as coisas, ser mais cautelosa com o que eu falo, com o que eu posto… Me ensinou a ser mais positiva, a ver o lado bom, tentar entender o porquê das coisas, porque tudo sempre acontece por um motivo.
Foi só você entrar no BBB para o polêmico episódio do gato voltar à tona. Você acha que a internet é cruel quando o assunto é cancelamento?
Eu acho que a internet se tornou muito cruel. Quando eu comecei na internet, em 2013/2014, era um meio tão gostoso de conviver. Era uma paz, eram dicas legais, papos legais, conselhos. Era outra vibe. Acho que hoje as pessoas descontam muita coisa na internet, e eu me incluo nisso. Acredito que tudo o que faz parte da nossa história pode sempre voltar à tona, a qualquer momento. E nós sempre temos que estar preparados pra isso, porque nunca vai dar pra apagar o passado, mas a gente pode mudar o futuro, evoluir e evoluir. Não dá pra mudar o que já aconteceu. Acho, sim, que as pessoas são cruéis quando o assunto é o cancelamento. Elas não veem limite. Eles esquecem que a pessoa que ela está xingando pode estar errada, mas ela também está errando em xingar a pessoa e julgar por algo que ela não sabe 100%, sabendo que xingar não vai ajudar em nada. Existe outra forma de ajudar as pessoas. Acho que a empatia é uma coisa que sumiu na internet de uns tempos pra cá. Eu acho isso muito triste, mas são coisas que a gente acaba tendo que aprender a lidar automaticamente. É algo que eu abordo muito no meu livro. Eu não acho que a gente deve fingir que não está enxergando tantos influenciadores, atores, cantores tendo pensamentos ruins, sofrendo com o linchamento e com o cancelamento, chegando a situações de saúde absurdas. Então, isso é algo que eu vou abordar muito no meu livro, porque não adianta esperar o setembro amarelo para falar sobre sentimentos suicidas e depois voltar a cancelar as pessoas. Vemos muita gente sofrendo com o cancelamento na internet e muita gente acha absolutamente normal, mas não é. Não vale surfar a onda do setembro amarelo com hashtag pra engajar, e depois seguir linchando virtualmente.
Você nunca teve vontade de cancelar ninguém?
No primeiro capítulo do livro, eu comento que todos nós somos canceladores. Todos nós cancelamos alguém em algum momento, e cancelar não é só virtualmente. Você pode cancelar alguém na escola, falar mal de alguém no trabalho, excluir alguém, enviar o story de alguém pra uma amiga falando mal ou debochando… Claro, a pessoa não vê, mas você sabe a intenção e a maldade que você está colocando naquilo. Então, sim, com certeza já cancelei alguém na minha vida. Você que está lendo, também. Todos nós. Mas até que ponto isso é certo? Até que ponto a gente pensa em parar e em mudar? Ao invés de comentar algo ruim, podíamos falar algo em um post que a gente goste. E se a gente invertesse? Se pegássemos tudo o que achamos de ruim e transformasse em algo bom, pra alguém que a gente goste? Seria muito melhor a gente colocar a nossa energia nisso, mas a gente não para pra pensar nisso. Essa é a minha intenção. No meu livro, eu tento fazer as pessoas pararem pra pensar.
Você saiu do BBB cancelada? Onde você errou?
Claro, acho que errei em muita coisa, acho que joguei muito e passei dos limites no jogo em muitos momentos . Mas eu realmente gosto de todo mundo que estava lá dentro comigo. Todo mundo é muito especial e tinha propósito para estar ali dentro, todos mereciam. Quero que todo mundo que estava lá comigo seja muito feliz e tenha muito sucesso na vida. Ao mesmo tempo em que eu sinto que saí cancelada, eu não sinto, porque eu já vivi cancelamentos muito piores que esse, então pra mim foi "fichinha" lidar com tudo do Big Brother. "Ah, você criou uma família lá dentro" ou "Ah, você não toma banho" - pra mim, isso foi tão bobo. Eu entendi o que as pessoas falaram. Talvez, se eu estivesse aqui fora me assistindo, também teria a mesma atitude que as pessoas tiveram comigo. Eu também acompanho reality e sei como é. Então, eu entendi tudo. Pra mim, foi muito tranquilo lidar, foi realmente muito de boa. Eu entendo as pessoas julgarem e a maioria foi por causa do jogo. Eu saí e as pessoas entenderam, ficou tudo bem. Depois que saí, nunca passei por nada ruim aqui fora. Pelo contrário, só coisas boas, elogios, pessoas que gostaram da minha participação, e isso é muito legal. Pra mim é isso que vale. Claro que, provavelmente, me cancelaram em muitos momentos enquanto eu estava lá dentro, mas quando eu saí, foi tranquilo o que eu encontrei. Consegui lidar com tudo, mas também nunca parei pra assistir todos os episódios porque, por enquanto, não me faz bem.
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