Publicado 10/07/2021 00:00
Não sou de dar conselhos. Muito menos, palpites. Cada um sabe do seu cada um. Diante de tanta inflação, resolvi quebrar a regra para mostrar às amigas e amigos uma maneira que ajuda a enfrentar a disparada dos preços que assola a nação. Antes, porém, devo explicar como cheguei até a conclusão. Devo alertar, entretanto, que não é muito conveniente fazer certas compras. Pode dar problemas jurídicos e acarretar o incentivo a crimes previstos no Código Penal. Diante do aviso, vamos ao assunto. Não esqueçam o aviso-alerta. Muito bem: em busca do médico perfeito, o doutor Salvador (já falei dele por aqui), cheguei até a Zona Oeste, mais precisamente em Campo Grande, logo ali, um pouquinho antes de Santa Cruz. A bordo de um trem da Supervia (Joana Costa entende muito bem dos trens. Ela esteve na fábrica, na China, acho que foi em 2017). Então, parti da estação do Engenho de Dentro. Ah, como sou idoso, não precisei pagar a passagem. Maravilha de prioridade que a idade proporciona aos velhinhos que ainda sobrevivem à Covid. Incrível, me ofereceram lugar para viajar sentado. Fenomenal.
Antes de chegar a Piedade, já tinha visto, e ouvido, as promoções dos mascates ferroviários. Tudo baratinho. Até a cerveja. Resisti à tentação. Pô, eu estava a caminho do médico. Já em Madureira, fechei os olhos para não ver a quantidade de chocolates ofertados. Empadinhas quentinhas, recusei. Detesto frango. Equipamentos eletroeletrônicos, pentes inquebráveis, escovas dentais, carteiras Louis Vuitton de couro sintético (os vendedores afirmam ser couro legítimo ), filhotes de gatos e de cães, cocadas das pretas e das brancas, iogurtes variados, biscoitos, leite em pó e, finalmente queijos, goiabada e linguiças oferecidas em pacotes lacrados de fábricas. Foram os quarenta minutos de viagem em que mais ofertas recebi. Tudo com valores abaixo do mercado formal, bem menos que 60 ou 70 por cento, conforme os vendedores pregoavam. Esqueci dos produtos de beleza...baratinhos, também. Incrível foi a unanimidade dos mascates nos anúncios verbais: validade até o mês 11 ! Outro detalhe que notei, importante em ressaltar, é que não há disputa de mercado. Parece que os produtos, todos, são tabelados. Que união...Para explicar o preço baratinho, os vendedores têm o mesmo bordão: caminhão tombado, nada é roubado! Todos aceitam cartões de débito, crédito e pix. Que facilidade. Não morro sem antes levar a Lilian Newlands, e o Fernando Foch, para uma esticada ferroviária. Todos de bermudas e sandálias de dedo!
Para vocês terem ideia de valores de algumas mercadorias, gravei na memória alguns produtos. A forma de queijo tipo Minas, com uns 400 gramas, custa R$ 5. A linguiça defumada de fabricante conhecidíssimo, o pacote de meio quilo sai por R$ 5. O porta-documentos Louis Vuitton, R$ 5. Barras de chocolate são vendidas por R$ 3 levando duas delas, e R$ 5 levando cinco. A mobilidade dos vendedores, mesmo em vagões cheios de passageiros, é incrível. Eles têm um jogo de cintura de dar inveja. Circulam com facilidade, mostram que são cordiais e não vi um único entrevero entre eles. Lembrem, eu ainda estava indo. Desembarquei em Big Field pouco antes do meio dia. Ainda teria que atravessar o calçadão. Lá, claro, tem congestionamento de ambulantes, misturados com as mercadorias de lojistas, nas calçadas. Bancas e barraquinhas são vizinhas com geladeiras, aparelhos de TVs e móveis. E, sem esquecer o congestionamento de pessoas, num vaivém incrível, em orquestrada aglomeração. Mas, confesso que, no regresso, pensei em encontrar alguém, no trem, vendendo terrenos. Afinal, todos já ouvimos as histórias das imobiliárias clandestinas, tipo da Muzema e Rio das Pedras. Vacinas ainda não são ofertadas. Calma...
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