Lício Almendra, de 37 anos, está sumido há 18 dias. Polícia investiga se desembarque do corretor de imóveis no Rio de Janeiro ocorreu na data marcada pela empresa de ônibusArquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Publicado 09/04/2021 15:25 | Atualizado 09/04/2021 15:45
Há 18 dias, familiares e amigos realizam buscas para encontrar o paradeiro do corretor de imóveis Lício Almendra Carvalho, de 37 anos, que desapareceu, após suposto embarque em um ônibus que seguia de Cuiabá, no Mato Grosso, com destino à Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro.
Natural de Brasília, no Distrito Federal, o último contato de Lício com a família foi no dia 23 de março, quando saiu de casa, na Asa Norte, e seguiu para capital mato-grossense. Após três dias, segundo familiares, o corretor de imóveis teria embarcado para o Rio de Janeiro, mas não fez mais contato e desapareceu.
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Lício faz uso de remédios controlados e pode ter sofrido um surto psicótico durante a viagem ou na chegada à capital fluminense. Familiares não descartam a hipótese de o corretor de imóveis estar perambulando pelas ruas ou até ter sido encaminhado para alguma unidade de saúde ou clínica especializada.
Conforme relato da família, quando saiu de casa, Lício estava com a mochila preta, vestia calça jeans azul, camisa social azul, boné azul e tênis cinza. O corretor tem tatuagens de trilho de trens, em ambos os braços. O aparelho celular foi desligado.
Investigações - Durante as investigações, policiais da 5ª Delegacia de Brasília solicitaram imagens de câmeras às concessionárias responsáveis pelas rodoviárias e às empresas de ônibus onde foram registradas as compras das passagens e os supostos embarques. Conforme familiares, os agentes, com autorização da Justiça, deverão solicitar a quebra dos sigilos bancários e telefônicos do corretor.

Informações sobre o caso podem ser repassadas ao Disque-Denúncia (2253-1177). Nas demais regiões utilize o telefone 0300-253-1177 (elimina tarifas DDD).
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Histórico de depressão
Abalados, familiares do corretor de imóveis fazem mobilização nas redes sociais e ajudam à polícia nas buscas. A psicóloga aposentada Teresinha Sepúlveda Almendra, de 63 anos, teme que o filho possa estar em surto psicótico, pois, segundo ela, Lício tem histórico de depressão e, sem os remédios, perde a consciência.
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“Estamos apreensivos e receosos pela integridade física do meu filho. Buscamos explicações e, de todas as formas, compreender às dinâmicas e cronologia do caso. Ele nunca saiu de casa ou ficou tanto tempo fora sem avisar. Isso é angustiante. O Lício faz uso de medicamentos controlados por ter histórico de depressão, mas mantinha a rotina, sem apresentar mudanças de comportamento, tampouco teve desentendimentos ou aparentes problemas particulares que possam ter motivado o desaparecimento”, explicou a psicóloga.
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, os desaparecimentos de pessoas com problemas psiquiátricos correspondem a 12% dos casos registrados no universo da pesquisa, que abrange cerca de 27 mil casos relatados.
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Pandemia pode acelerar aumento de casos de sumiços voluntários
Segundo especialistas, a pandemia pode provocar aumentos dos casos de desaparecimentos espontâneos ou voluntários, que são motivados, em sua maioria, por transtornos psicológicos ou conflitos familiares.
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“São tempos difíceis. O isolamento social despertou ou intensificou transtornos psicológicos. Sintomas de depressão e ansiedade têm se tornado a queixa principal. A convivência familiar, forçada pelo isolamento social ou pelo desemprego, pode fazer emergir conflitos que estavam ‘adormecidos’ e, com isso, a convivência tornou-se dolorosa. A prevenção aos desaparecimentos passa pelo tratamento de saúde mental adequado e apoio da família”, ressalta a psicóloga Maríangela Venas.

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