Cena do filme ’Carnaval’DESIREE DO VALLE/NETFLIX
Por TÁBATA UCHÔA
Publicado 02/06/2021 07:00
Rio - Os amantes da folia já podem se preparar para o gatilho! Em um ano marcado pela pandemia e pela ausência de uma das maiores comemorações do planeta, o filme "Carnaval", que estreia na Netflix nesta quarta-feira, vai deixar todo mundo com mais saudade ainda dos trios elétricos, dos blocos de rua e do calor humano que só essa festa é capaz de proporcionar. 
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No longa, Giovana Cordeiro vive a influenciadora digital Nina, que descobre uma traição do namorado e, para piorar, o vídeo da pulada de cerca viraliza nas redes sociais. Nina, então, tenta superar o término usando seus contatos para viajar para Salvador no Carnaval junto com as três melhores amigas, Vivi (Samya Pascotto), Mayra (Bruna Inocencio) e Michelle (Gkay), que têm personalidades completamente diferentes. No Carnaval de Salvador, Nina faz de tudo para conseguir seguidores e acaba negligenciando as amigas.
A atriz Giovana Cordeiro vê algumas semelhanças entre ela e sua personagem, mas se identifica mesmo com o lado espiritual de Mayra. "A gente torce por cada uma, se diverte e se reconhece também em cada uma das meninas. Mas me identifico mais com a Mayra (Bruna Inocencio). Esse lado esotérico, de gostar de cristais, incensos. Eu sou essa pessoa na vida também. Mas o meu trabalho como atriz me aproxima da Nina, eu reconheço muitos aspectos nesse caminho". 
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Já Samya Pascotto compartilha com sua personagem Vivi a recente descoberta de que o Carnaval é pura alegria. "Eu me identifico com a Vivi pelo jeito que ela lida com o Carnaval. Eu era como ela. Ficava dizendo ‘não gosto de Carnaval’. Mas caí sem querer em um Carnaval e falei ‘isso é muito maravilhoso’". 
A única diferença entre Gkay e sua personagem, Michelle, é o desapego que esta última tem pelas redes sociais. "A Michelle tem tudo a ver comigo. O único aspecto da Michelle que eu não tenho é essa questão da rede social, que a Michelle é muito desapegada. A Michelle tem muito de mim e eu tenho muito da personagem nesse sentido de ser múltipla: uma hora ser 'periguetona', outra hora ser apaixonada, debochada, sarcástica, sincera, emotiva. Eu levei muito da persona da Gkay para a Michelle".
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Bruna Inocencio também se identifica com sua personagem, Mayra. "Eu tenho essa coisa meio 'good vibes', mas não tanto. Eu gosto dessa busca pela espiritualidade, pela cura".
Crítica às redes sociais
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"Carnaval" mostra os bastidores por trás do atual sonho de muitas meninas: trabalhar com internet e ser uma influenciadora digital. No filme, a protagonista Nina têm que escolher entre estar com as amigas ou se dedicar a pessoas que podem ajuda-la em sua busca por seguidores. 
Para Giovana, o filme e a caçada de sua personagem por likes não chega a ser uma crítica às redes sociais, mas promove uma discussão sobre o uso exagerado dessas plataformas. "Não sei bem se é uma crítica. É um convite a uma reflexão necessária", diz a atriz, ressaltando que o Carnaval é o verdadeiro foco do longa. "O Carnaval toma conta do filme e eu acho isso incrível. O universo da internet é muito evidente, sim, mas não tem jeito... O Carnaval tem uma força muito maior", explica. 
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Samya Pascotto analisa que, nos dias atuais, não há como falar de grandes eventos, como o Carnaval, sem abordar o tema das redes sociais. "É um filme que fala sobre amizade e que tem como plano de fundo o Carnaval. No final, as coisas se completam. As redes sociais estão aí para todo mundo, não tem como fugir muito delas. Você está no Carnaval, você vai acabar saindo no Instagram de alguém. Seja da sua amiga, seja de uma influencer… São temas que estão intrínsecos, não dá muito para separar porque são matéria da vida, são matéria do cotidiano. E aí nesse sentido ele (o filme) faz um convite, sim, a refletir sobre as redes sociais". 
Quem pode falar com muita propriedade sobre o assunto é Gkay, que é influenciadora na vida real. "Sendo influenciadora e vivendo esse mundo, eu acho que seria um pouco ilógico não ter essa parte da rede social no filme, visto que hoje em dia é uma coisa tão presente no nosso universo, no nosso ambiente. O filme quis mostrar o outro lado das coisas, quis mostrar que esse trabalho com internet tem também o seu lado chato, ruim, um lado que ludibria um pouco. Não foca só na magia das redes sociais, mostra que é um trabalho como qualquer outro". 
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Gkay, inclusive, teve que trabalhar internamente a forma como lida com comparações com outras influenciadoras. "A comparação rouba de você um pouco até dos seus méritos e suas conquistas. As vezes a pessoa tem o sonho de chegar a cinco milhões de seguidores, mas se compara tanto que quando atinge a meta nem comemora, porque outra pessoa já tem 10 milhões. A terapia me ajudou muito. Toda hora temos no Instagram perfis e mais perfis, vários estilos de vida, você passa a querer coisas que você nem sabia que você queria. Isso é problemático e é uma coisa que pra mim pegou muito. Eu parei para resolver e falei: ‘calma, eu tenho que comemorar a minha vitória, a minha vivência’. Se você se deixar consumir, você começa a entrar numa corrida maluca de comparação que nunca tem fim, não tem meta, não tem prêmio, não tem ganhador, não tem nada". 
"O filme mostra a rede social como um trabalho e como equilibrar isso", concorda Bruna Inocencio.
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