Publicado 23/04/2022 20:24
Rio - Com fantasias mágicas e maquiagem impressionante, a Estação Primeira de Mangueira foi um dos destaques na primeira noite de desfiles do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí. No entanto, o enredo em homenagem aos baluartes Cartola, Jamelão e Delegado falhou em agradar completamente a neta do primeiro, Nilcemar Nogueira. Neste sábado (23), em entrevista ao DIA, a sambista criticou o tratamento que o avô e sua esposa, Dona Zica, receberam da agremiação.
"Eu achei lindo, eu acho que a Mangueira estava devendo uma homenagem pra Cartola, embora eu ache que ainda continua devendo. Porque, sim, o Cartola estava bem acompanhado de Jamelão e o Delegado, mas eu acho que a gente tem uma narrativa que ainda está sendo esperada", declarou a ex-secretária de Cultura do Rio, em ligação telefônica enquanto seguia para o hospital por conta de "altos e baixos da pressão".
Em seguida, Nilcemar ainda relembrou o samba-enredo que garantiu o título mais recente da Verde e Rosa: "Falar de Cartola não é só fazer alusão às músicas, mas de todo o processo de construção do samba. Eu acho que essa é uma história como, em 2019, a "História pra ninar gente grande", contar a 'história não contada'. Então acho que é uma abordagem por um viés necessário", continuou a doutora em Psicologia Social.
Apesar de elogiar o trabalho do carnavalesco Leandro Vieira, a sambista revela que não participou do processo de criação do enredo: "Assisti como qualquer outro ser. Eu e todos os outros homenageados", disparou. Horas antes do desfile, Nilcemar foi às redes sociais manifestar sua insatisfação e escreveu: "Chegou o grande dia. Era para ser de alegria, afinal, meu avô é um dos homenageados [...] Depois explico porque meu coração não bate feliz."
"Meu coração não batia feliz porque eu acho que o tratamento que as escolas em geral, não só a Mangueira, dão aos filhos da casa não é igual como elas tratam homenageados de fora. Toda condução de construção, eu acho que não foi como deveria, como a escola faz normalmente quando ela tem homenageados externos. Ela tem um cuidado, inclusive, de comunicação com com os envolvidos, de respeito às pessoas. E não tem esse mesmo cuidado com os filhos da casa", opinou, neste sábado.
Mesmo com a decepção, Nilcemar ostentou um belo sorriso enquanto cruzava a Avenida vestindo as cores da agremiação e explica o motivo de sua alegria. "Minha emoção de mangueirense, minha relação afetiva visceral com a Mangueira são coisas que vêm de berço. A minha avó já dizia assim: 'a Mangueira é uma bandeira e a bandeira não faz mal pra ninguém. Os homens vão passar e a escola fica. A gente tem que lutar por ela até o final'", relatou.
A Estação Primeira de Mangueira foi procurada pelo DIA para responder as declarações de Nilcemar mas, até o momento, não se pronunciou.
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