Publicado 21/04/2021 18:59
Rio - Em sua terceira reprise na televisão brasileira, a novela "Da Cor do Pecado" foi complementada com um alerta no fim da exibição de seu primeiro capítulo, na última segunda-feira (19). "Esta obra reproduz comportamentos e costumes da época em que foi realizada", dizia o aviso incluído pelo canal VIVA.
A novela exibida originalmente pela TV Globo, em 2004, carrega assuntos controversos, a partir de seu próprio título. A expressão "da cor do pecado" traz um significado que, em primeiro lugar, remete à sexualização de mulheres negras. Além disso, o termo é racista por sua raíz no período da escravidão, em que negros eram ligados ao pecado e seu cativeiro era justificado como uma forma de "justiça divina".
Esta é a primeira vez que o canal VIVA exibe esse tipo de advertência, mas já repetiu o feito na exibição das novelas "A Viagem" e "O Salvador da Pátria". Na web, a emissora foi elogiado pela atitude: "Quase 20 anos atrás, infelizmente não tínhamos a evolução que temos hoje. Correta atitude do Viva", comentou o jornalista Gabriel Vaquer.
Uma internauta cobrou um posicionamento mais efetivo da emissora que produziu a novela que trouxe a primeira protagonista negra da teledramaturgia brasileira. "Apesar da boa intenção, qual a diferença entre o racismo sofrido pela personagem em 2004 e o que vemos em 2021?", escreveu.
Outra espectadora também apontou que o aviso poderia se relacionar com a trama da família "Sardinha", formado pela mãe, Mamuska, que cuida de Abelardo e seus irmãos lutadores. Abelardo se destaca de seus irmãos por não ter o físico musculoso e se interessar por maquiagem, não apresentando a "masculinidade padrão". Durante a novela, o personagem vivido por Caio Blat se depara com um ambiente familiar hostil, marcado por comportamentos considerados homofóbicos.
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