Isabelle Nogueira, a Cunhã Poronga, no Festival de ParintinsReprodução/Instagram
Publicado 14/06/2024 16:59
Rio - A TV amazonense A Crítica, responsável por transmitir o Festival de Parintins de forma ininterrupta há 10 anos, se manifestou sobre a desistência da Globo de exibir o evento que destaca a cultura folclórica da região e pretende conversar com outras emissoras futuramente. A empresa carioca divulgou uma nota, na noite de quinta-feira (13), afirmando que não houve acordo com a detentora dos direitos de imagens.
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O telejornal "Crítica Notícia", exibido também na quinta-feira, soltou uma nota informando que desde o início de maio, após a emissora ser surpreendida com o anúncio de que a Rede Globo faria transmissão do evento este ano em alguns de seus veículos "sem que ainda houvesse negociações abertas naquele momento", passaram a ter uma respeitosa conversa para viabilizar essa divulgação ainda mais ampla do maior produto cultural do estado.
"A Crítica, uma empresa genuinamente amazonense, entende a importância do Festival de Parintins para o nosso estado, nossa cultura e, acima de tudo, para a nossa gente. Durante as tratativas, abordamos esse assunto de uma forma que temos certeza nenhuma outra empresa desse porte trataria. A Crítica abriu mão de qualquer ganho financeiro extra, concordou também em ceder de forma gratuita toda a produção para gerar o sinal, arcando com todos os custos de sua estrutura técnica e a expertise dos mais de 120 profissionais envolvidos em nossa longa cobertura para que o Grupo Globo fortalecesse ainda mais a divulgação do Festival Folclórico de Parintins, algo que tanto prezamos e lutamos há décadas", diz um trecho.
Em entrevista ao jornal O DIA, nesta sexta-feira (14), Dissica Calderaro, vice-presidente da TV A Crítica, afirma que a Globo tinha interesse em fazer a transmissão na TV aberta apenas para cinco estados, número bem menor que a amazonense, que exibe para 13 estados do país e reforça que não existiu "discussão de valor" na tentativa do acordo. A ideia, segundo o executivo, era disponibilizar o evento para o público no Multishow e no Globoplay, já que o jogo do Brasil e Paraguai terá transmissão na sexta-feira (28), dia de estreia do Festival de Parintins, o que tornaria inviável a exibição no horário da partida. 
"Eles nunca assinaram contratos com os bois. A afiliada da Globo, a Rede Amazônica, anunciou no dia 2 de maio a transmissão, teve um atropelo sem ter nem contrato", disse Dissica.
"A Globo ia fazer um compacto, uma semana depois na grade. Então o festival é para ser transmitido em compacto? Eu fiz o que pude, abri mão de tudo, não cobrei um real com o objetivo de ver nossa cultura divulgada. Eu vendo a festa também, tenho 12 patrocínios, quero que a festa cresça. A única coisa que ficou estranho para gente foi a forma atrapalhada conduzida no início", completou.
Segundo a emissora do Amazonas, mesmo com todos os esforços, não houve acordo momentâneo entre as empresas por conta dos objetivos futuros de cada uma das partes. "É importante mencionar que durante toda a negociação, fomos tratados de forma profissional por parte do maior grupo de comunicação da América Latina. Valorizamos o respeito e a maneira digna com que as tratativas foram conduzidas, o que infelizmente não aconteceu em âmbito local. Sem os atropelos, pressões e arroubos autoritários que marcaram as atitudes iniciais. Por parte dos envolvidos no Amazonas, temos certeza que poderíamos chegar a um acordo satisfatório para todos os lados, o que sempre foi o nosso maior desejo", continua a nota.
A Crítica confirma que vai abrir conversas com outras empresas do mercado televisivo para seguir ampliando o alcance do Festival de Parintins. "Algo que fazemos de forma pioneira e responsável desde 1988. A Crítica seguirá de mãos dadas com o Festival Folclórico de Parintins e convidamos você a acompanhar conosco todas as emoções na íntegra da maior festa folclórica do mundo nas 13 capitais do país em que hoje estamos presentes, e não somente em cinco, e de forma gratuita para o Brasil e para todo mundo em nosso canal do YouTube", conclui o texto lido no telejornal.
Bumbódromo é cedido para Boi Garantido e Boi Caprichoso
O Bumbódromo, local onde acontece o Festival de Parintins, é cedido pelo governo do estado do Amazonas para as disputas entra o Boi Garantido e Boi Caprichoso. Esse ano, uma nova cláusula contratual, tirou o contrato de exclusividade de uma emissora de televisão.
"A Globo viu isso e veio conversar com a gente. Como é uma empresa que vive de compra e venda direitos, eles reconheceram os nossos direitos", explicou o executivo da TV A Crítica.
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