Naiara Azevedo durante o ’Encontro’Reprodução de vídeo
Publicado 25/11/2024 14:35
Rio - Um ano depois de denunciar o ex-marido por violência doméstica, Naiara Azevedo, de 35 anos, falou sobre o relacionamento abusivo que viveu durante o "Encontro", da TV Globo, nesta segunda-feira (25). A cantora também ouviu relatos de pessoas da plateia sobre o assunto e disse que muitas mulheres permanecem nesse tipo de relação devido a descredibilidade da sociedade. 
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"O maior problema, talvez todas concordem comigo, que nos faz permanecer tanto tempo nessas relações abusivas, é a descredibilidade da sociedade, das pessoas para com o nosso sentimento, para com a nossa verdade. Só nós sabemos o que passamos dentro de casa, e o quanto os agressores são uma pessoa dentro de casa para a gente, e quanto eles transparecem ser do lado de fora. A mulher sempre é colocada como errada, [perguntam] 'o que você fez para que ele fizesse isso?'. É como se a gente tivesse provocado isso de alguma forma", afirmou. 
"De fato, não só o agressor tenta nos manipular psicologicamente, que eu falo que é agressão psicológica. A gente fica se perguntando: 'o que eu fiz?', 'onde foi que eu errei?', 'será que de fato eu provoquei essa ira?', 'eu provoquei tanto com palavras quanto fisicamente?'", completou.
Patrícia Poeta, então, lembrou da ida de Naiara ao programa há cerca de um ano para compartilhar a história dela. "Uma história forte, e ter se tornado voz potente nessa luta, você chegou a comentar que, mesmo vivendo todo tipo de violência... Psicológica, física, patrimonial... Você ainda pensava nas pessoas ao seu redor. Inclusive na imagem do ex-companheiro".
A cantora concordou: "Sim, porque é uma forma de manipulação. [Ele dizia] 'você não pode falar isso, o que minha mãe vai pensar disso? Sua família? Eu tenho uma filha!'. A gente é manipulada de uma forma tão suja, que ele nos faz pensar em tudo o que pode prejudicar ele, ao redor dele, mas nunca o nosso sentimento". 
Em outro momento, a sertaneja disse que se aprofundou sobre o assunto. "A violência não é só física. Percebi que a violência começa na parte psicológica, antes do primeiro tapa, antes do primeiro empurrão, antes da primeira agressão física, sempre vem a psicológica e a verbal. Eu posso dizer por mim, que é a psicológica que mais doía, que é algo que ecoa na nossa mente todos os dias, não importa quantos anos se passem, quando termina, você tem uma cicatriz, é algo que é um gatilho, não sei explicar, talvez um dia isso acabe, eu extermine isso de vez dentro de mim, mas em alguns momentos, quando eu vou tomar uma decisão importante na minha vida, parece que lá no fundo, eu escuto uma voz ecoar: 'você não é capaz, não vai conseguir, sem mim você não é nada, vou acabar com a sua vida, ninguém nunca vai te querer'". 
Naiara contou ainda que se sente mais livre após colocar um ponto final na relação e denunciar o ex. "Hoje entendi que eu só comecei a viver dos meus 34 anos em diante. Falo que tenho um aninho de vida. Um ano que estou me descobrindo como mulher, descobrindo o que de é um relacionamento saudável, o que é trabalhar de forma saudável, fazer as minhas escolhas. É uma coisa tão boba, mas sabe quando você respira? Enche o pulmão de ar e respira com liberdade. Me sinto assim. Hoje eu dou valor nas pequenas coisas que antes não conseguia enxergar".

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