Por luana.benedito
Rio - Prestes a informar a decisão que pode definir a sua trajetória profissional, o jovem chega em casa e diz aos pais: ‘Eu quero fazer games’. O diálogo hipotético ilustra uma nova alternativa de graduação convencional, em expansão no mercado de trabalho nos últimos anos. E que já faz parte da realidade nas universidades brasileiras, em meio ao crescimento dos games no país, na 11ª posição no ranking mundial dos maiores mercados para jogos digitais. Mas ainda há uma barreira que precisa ser ultrapassada: a possível reação dos pais ao ouvir a decisão do filho, citada no começo da reportagem.
Ancine vai financiar projetos de games de até R%24 1 milhão. País ocupa 11ª posição no ranking mundial dos mercados para jogos digitaisDivulgação

O professor Victor Azevedo, que vai coordenar o inédito curso de Jogos Digitais da Universidade Veiga de Almeida (UVA) a partir de fevereiro, defende a nova graduação. “O pai, automaticamente, vai pensar: ‘Não vou pagar faculdade para o meu filho ficar jogando’. Existe esse preconceito. Na verdade, vamos formar profissionais que podem trabalhar em agência de marketing, produtora de vídeo, produtora de jogos, agência de publicidade ou até ser um criador de games e jogos educativos”, enumera.

Mundo dos Games
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A graduação é dividida em quatro áreas. Gestão e Mercado, que define a linha pedagógica do curso, passa ao aluno uma visão estratégica sobre o negócio dos games e o público-alvo. Digital-Arte e Animação é a área no curso destinada à construção do game e animação do cenário. Programação é a disciplina tida como a mais ‘ferramentista’, expressão usada no meio para se referir à construção técnica do game. Apontada como o ‘coração do jogo’, a Identidade de Propriedade passa noções da construção de um mundo, com roteiro, enredo, narrativa, personagens e edição de áudio.

O mercado de games está em efervescência no país nos últimos dois anos. Agora, já invade o meio universitário. Só no estado do Rio, há pelo menos outras três universidades com graduações voltadas para o profissional da área. O coordenador do curso da UVA explica que o diferencial da graduação é uma filosofia voltada para o processo de criação.

“Não queremos formar só ferramentistas. Queremos fazer com que o aluno construa o jogo e conheça a experiência que vai proporcionar ao jogador. O curso é digital, mas precisa ser planejado analogicamente. A ideia é formar o profissional que sente na mesa com papel e caneta e faça o jogo”, argumenta Victor Azevedo.Os alunos podem atuar na construção de site, canais no Youtube ou jogos educativos no ramo publicitário, produzindo games que envolvam a marca de um produto. 
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Outra alternativa rentável é o edital para desenvolvimento de jogos eletrônicos lançado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), que prevê financiamento de projetos de R$ 250 mil a R$ 1 milhão, bancados pelo Fundo Setorial Audiovisual (FSA). Mas o principal foco do curso está nos games para aplicativos de smartphone.
“Os alunos podem desenvolver games de baixo orçamento, os famosos e altamente consumidos jogos indie. O nosso posicionamento é fazer com que o aluno tenha uma visão estratégica do negócio e não trabalhe só com jogos”, explica Victor, mostrando que o mundo dos games já virou uma boa opção de trabalho no país.