Por thiago.antunes

Rio -  A operação Carne Fraca, que a Polícia Federal fez em 21 frigoríficos na última sexta-feira, pode refletir no preço da carne para o consumidor final. A estimativa é que ocorra queda de 10% a 15% nos próximos dias. A redução seria em virtude da suspensão de importação de carne por parte de países estrangeiros, aumentando a oferta no mercado interno, resultando assim, na queda de preços.

Segundo economistas, o primeiro impacto deve ser sobre os produtos derivados de gado confinado, que fica pronto para o abate em cem dias e, portanto, os produtores não podem esperar muito para colocar no mercado interno.

“A dinâmica de funcionamento do setor impõe a necessidade do abate e distribuição do gado que está confinado. Para produtores e frigoríficos é melhor vender com desconto do que ter prejuízo”, explica Gilberto Braga, economista do Ibmec e da Fundação D. Cabral.

Fiscalização da Vigilância Sanitária recolhe carne de frigorífico envolvido na denúncia da PF em supermercado na Barra, na Zona Oeste do RioSeverino Silva / Agência O Dia

O economista alerta, no entanto, que os frigoríficos têm capacidade para manter parte do estoque abatido nas suas câmaras frigoríficas para apostar na normalização da comercialização. “O consumidor deve aproveitar os preços reduzidos e abastecer o freezer”, orienta.

Alguns supermercados informaram que vão manter a estratégia de promoções,uma boa dica para quem quer aproveitar para repor o estoque de carnes. O Guanabara, por exemplo, tem os Dias Especiais toda quinta-feira. A rede informou, por meio de nota, que “continuará seguindo rigorosamente todas as orientações e determinações dos órgãos competentes”.

Exportações

A queda nos preços não deve ocorrer só no mercado interno. No exterior, por exemplo, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que abriga empresas exportadoras e importadoras, acredita que as restrições que outros mercados devem ter ao país poderá reduzir os volumes vendidos entre 10% e 15%, segundo informações da Agência Estadão Conteúdo. Além disso, o episódio pode reduzir a reputação do produto no mercado internacional, algo que forçaria os produtores a cobrar menos. O resultado, conforme as previsões da AEB, seria um corte de 20% em relação aos preços que eram praticados pelo setor no exterior.

No saldo final, com a queda tanto de volume como de preços, o Brasil pode perder neste ano entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões em exportações. No ano passado, os embarques de carne chegaram a US$ 12,7 bilhões. “É um impacto grande”, afirma o presidente da associação, José Augusto de Castro.

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