Por gabriela.mattos

Rio - Mais uma pesquisa vem mostrar que são poucos os brasileiros que poupam e são muitos os brasileiros “imprevidentes”. Nesse ambiente onde a maioria não preserva e não previne, as crises tendem a ser cada vez mais doidas e doídas. Isso não é bom porque o futuro não depende só do que desejamos lá na frente, depende também do que fazemos lá atrás.

80% não guardaram dinheiro

Por conta dos gastos adicionais de início de ano, os brasileiros não conseguiram poupar nos primeiros três meses de 2017. Situação agravada pela crise econômica, que reduziu a renda disponível das famílias. O Indicador de Reserva Financeira, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que chegaram a 80% os entrevistados que não conseguiram guardar dinheiro.

Nas classes A e B, a proporção de poupadores (34%) foi maior do que nas classes C, D e E (12%). A comparação entre homens e mulheres não mostra diferença estatística significante. Entre os que conseguiram poupar em janeiro, a quantia média foi de R$ 446,49, um pouco abaixo da quantia média observada em dezembro (R$ 480,85).

“Além da questão conjuntural da economia, o início de ano concentra o pagamento de alguns tributos e a chegada das faturas dos gastos de final de ano. Isso aperta o orçamento das famílias e reduz a margem para poupança”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Uma reserva financeira é uma garantia contra imprevistos, além de um meio de realização de planos de consumo. O consumidor que, nesses casos, não pode se valer de recursos próprios acaba tendo que recorrer a entidades financeiras, arcando com juros geralmente muito elevados”, alerta.

Morte, doença ou desemprego

O levantamento mostra ainda que, ao fazer reserva, a maior parte dos poupadores busca se proteger contra imprevistos, como morte, doenças e problemas diversos (35%), ou mesmo se preservar para o caso de desemprego (27%). Há também 27% que poupam pensando em garantir um futuro melhor para a família, 26% que citam planos de viajar e 23% a realização de sonhos de consumo.

Idosos na dependência de terceiros

Mesmo em tempos de discussão sobre a reforma da Previdência, somente 16% mencionam a aposentadoria como motivação do hábito de guardar dinheiro. “É um percentual bastante baixo, já que estamos considerando apenas a realidade dos poupadores”, afirma Kawauti. “A longo prazo, a falta de preparo cobra seu preço. Sem ter constituído uma reserva ao longo da vida, muitos idosos são obrigados a rever seu padrão de consumo ou acabam na dependência de terceiros”.

Despesas extras, saques excepcionais

De acordo com os dados da SPC Brasil e do CNDL, até entre aqueles que se consideram poupadores habituais, 48% precisaram dispor de suas reservas financeiras para conseguir fechar as contas. Nesse caso, os principais motivos dos saques excepcionais foram o pagamento de contas ou gastos da casa (16%), despesas extras (16%) e dívidas em geral (10%).

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