Brasília - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Dyogo Oliveira, avaliou,nesta terça-feira, que o problema do setor de transporte de cargas no Brasil não deriva dos financiamentos de caminhões, dados pela instituição a taxas subsidiadas no passado, mas sim do baixo crescimento econômico do País.
"Temos que financiar o caminhão que transporta o PIB (Produto Interno Bruto) do País. Não temos caminhões demais, temos PIB de menos", disse o titular do BNDES ao responder a uma pergunta acerca dos juros baixos cobrados durante o governo petista em financiamentos a veículos de carga.
Oliveira observou que, no período em que vigorou a política de juros subsidiados pelo Tesouro, o PIB do Brasil crescia a um ritmo de 5% a 7% ao ano. "O que se pode questionar é se esses subsídios eram grandes ou não", disse.
Ele lembrou, porém, que o governo Temer extinguiu o Programa de Sustentação do Investimento, que trazia a subvenção nos empréstimos do BNDES, e aproximou os juros do banco às taxas do mercado com a substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP).
A atual greve dos caminhoneiros, comentou o presidente do BNDES, não é a primeira paralisação de uma categoria no País e o Brasil não é o primeiro a enfrentar essa situação.
"São questões momentâneas que estão sendo tratadas de modo diligente pelo governo", afirmou o titular do BNDES em entrevista à imprensa durante o Fórum de Investimentos Brasil 2018.
Oliveira procurou minimizar o potencial de impacto do movimento nos investimentos, citando os objetivos de longo prazo dos investidores. "O governo tirou o País de uma recessão para uma perspectiva de crescimento entre 2,5% e 2%. A expectativa é de crescimento sustentável para a frente."
Ele ressaltou ainda que o País se destaca perante os investidores por conta do seu tamanho, democracia, coesão social e outras qualidades que fizeram, por exemplo, que US$ 80 bilhões fossem colocadas no Brasil no ano passado.
"Não podemos imaginar que esse tipo de investidor e que suas decisões sejam influenciadas por questões cotidianas que fazem parte de um país democrático." Diante da continuidade da greve dos caminhoneiros, Oliveira pediu compreensão do movimento grevista com as necessidades da população.