Comércio de móveis,utilidades para o lar, discos e livros mais baratos. Na foto, Daniela Pandolfi em sua loja no Bairro de Fátima.   Estefan Radovicz / Agência O Dia            -   Estefan Radovicz / Agência O Dia
Comércio de móveis,utilidades para o lar, discos e livros mais baratos. Na foto, Daniela Pandolfi em sua loja no Bairro de Fátima. Estefan Radovicz / Agência O Dia Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por O Dia

Rio - Em tempos de crise, driblar os preços altos é mais que rotina para o consumidor, e o comércio de usados tem sido boa alternativa para quem precisa trocar de geladeira, por exemplo, ou mesmo colocar a leitura em dia. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC) mostrou que 92% dos entrevistados acreditam na vantagem da compra e venda de itens de segunda mão, entre eletrodomésticos, livros e roupas.

O ranking do levantamento tem em primeiro lugar os livros, com 54% de adesão na compra. Outros produtos que os entrevistados também costumam adquirir são eletrônicos (38%), móveis (38%) e eletrodomésticos (36%). Na venda de produtos, 33% das pessoas vendem roupas para comprar outras peças.

"Os livros de ciências humanas, sociais e poesia estão no topo das vendas". É o que conta Ricardo Duarte, vendedor do Berinjela, sebo localizado no Centro do Rio. "O valor das publicações é decidido após análise do estado do livro, e consulta aos preços dos mesmos títulos na Estante Virtual" explica. A 'Estante' é um site de vendas de livros usados online que, desde 2005, reúne vários sebos.

O Berinjela faz promoção no primeiro sábado de todo mês com todos os títulos além de CDs e DVDs sendo vendidos com 30% de desconto.

No Bairro de Fátima, a empresária Daniela Pandolfi, 44, mantém uma loja de usados há dez anos. Tem móveis, eletrodomésticos, livros e vinis, tudo com pronta entrega. Segundo Daniela, que divulga o comércio nas redes sociais, muitos clientes buscam itens para montar a casa nova.

"O que mais sai são os itens de primeira necessidade, como fogão, geladeira e colchão. Mas para montar uma casa completa, a pessoa não gasta mais do que R$ 2 mil em tudo", explica.

CASA NOVA

Nesse comércio que mais parece um troca-troca, a assistente administrativa Juliana Afonso, 28 anos, foi aos poucos montando sua casa e comprou roupas novas para a filha de um ano, após vender as de recém-nascida.

"Comecei por um grupo de mães no Facebook, e fui conhecendo outras mães que também vendiam e compravam. O mesmo foi nos móveis, quando eu e o meu marido fomos morar juntos. Compramos rack, mesa, armários e um guarda roupa. Assim nós conseguimos mobiliar a nossa casa sem gastos exorbitantes", comenta Juliana.

E a prática se tornou um costume. "Compro mais quando temos necessidade de algo, às vezes também vendemos quando precisamos levantar algum dinheiro. Nada fica encalhado, uma hora ou outra sempre acaba vendendo. A economia é enorme", relata a assistente.

FUGA DA CRISE

Marco Quintarelli, especialista em varejo, acredita que o drible na crise financeira também é num movimento de sustentabilidade.

"O consumidor está sendo obrigado a ser mais consciente. Mas a reutilização já vem sendo uma prática mais constante", explica.

Ele defende que esse tipo de comércio também cria novos consumidores. "Um grupo de pessoas que não poderiam comprar roupas de luxo, por exemplo, já pode arcar com isso pagando menos. E os direitos do consumidor são os mesmos que nos produtos novos. Na compra, ele mesmo avalia o estado", ressalta Quintarelli.

Até roupa pode ser garimpada
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Ainda que 65% dos entrevistados acreditem ser mais vantajoso comprar uma roupa nova, adeptos do brechó dizem que vale a pena 'garimpar' e montar um look usado. A depiladora Cristiana Bruno, 40, diz que pagou R$ 100 em um conjunto para usar em festa de casamento.
"Comprei vestido, sapato e um par de brincos, em diferentes lugares, tanto loja física como brechó na internet", disse a depiladora.
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O Hipstrechó 10, por exemplo, é um brechó virtual no Facebook, que tem hoje mais de 33 mil participantes. Com foco no vestuário para mulheres, a principal regra do grupo é ter itens até R$ 10.
Na Tijuca, o Brechó da Nilda funciona há 40 anos e resiste ao impacto da crise econômica. A proprietária afirma: "Não aumento o preço!". "Uma camisa social masculina, por exemplo, não custa menos de R$ 25 em outros brechós. Aqui vendo a R$ 15", diz.
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