Rodrigo Luppi de Oliveira: MP diz que por oito anos não conseguiu encontrar ele e outros acusados - Reprodução
Rodrigo Luppi de Oliveira: MP diz que por oito anos não conseguiu encontrar ele e outros acusadosReprodução
Por O Dia
Rio - Além das suspeitas de irregularidades que envolvem etanol comercializado no Rio, o gestor da usina Canabrava também se vê em meio a problemas com a justiça criminal. Acusado por crime econômico, Rodrigo Luppi de Oliveira teve sua prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) no mesmo mês em que a justiça trabalhista o garantiu no comando da empresa do Norte Fluminense.
Em 17 de maio de 2017, Luppi foi acusado pela 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, de crimes contra a ordem econômica no processo de número 0061253-77.2007.8.19.0021. No entanto, segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ), ele e os outros citados no processo passaram mais de oito anos “sumidos”.
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Foi o que motivou despacho do promotor público João Bernardo de Oliveira Rodrigues, de 14 de março de 2019, a solicitar a prisão preventiva de Luppi. No documento, o magistrado diz que “para assegurar a aplicação da lei penal, também obstada pelo sumiço dos acusados há mais de 8 anos, representa o Ministério Público pela prisão preventiva dos réus”.
Exatos sete dias depois, a desembargadora relatora do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ), Claudia Regina Vianna Marques Barrozo, negou liminar da própria Canabrava Álcool e Química SA para que tirasse Luppi e sua empresa, a RLO Participações, da gestão da usina. 
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No parecer, a magistrada reconhece que Luppi é investigado pelo MPF e pelo MPRJ por “suposta produção e comercialização de combustível adulterado, captação de recursos públicos e desvio de capital”, mas argumenta: “Os procedimentos ainda não se transformaram em denúncia” e que “tal circunstância não é suficiente para se extrair o convencimento de que o Sr. Rodrigo Luppi de Oliveira seja considerado inidôneo para gerir atualmente o arrendamento”.
O DIA procurou novamente o TRT. Por e-mail, a assessoria de imprensa do órgão informou que a desembargadora Claudia Barrozo “não vai se manifestar
sobre esse novo fato”. E completou que “por se tratar de uma decisão jurisdicional de um órgão colegiado do TRT/RJ, a Presidência do Tribunal não tem competência para se manifestar sobre o caso”.
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Segundo o Tribunal de Justiça do estado (TJRJ), o processo segue em trâmite na 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias. Os últimos movimentos se deram no dia 5 de junho, quando o advogado do réu apresentou a defesa. A pedido da reportagem, o advogado trabalhista Osvaldo Kusano, sócio da Brasil
Salomão e Matthes Advocacia, consultou os processos. Ele diz que não houve qualquer irregularidade na decisão. “Ainda que o acusado tivesse sido condenado, isso não vincula a decisão da Justiça do Trabalho”, explica.
Mesmo assim, há um descontentamento por parte dos donos da Canabrava com os rumos da usina. Eles entraram com mandado de segurança contra a decisão judicial que optou pelo arrendamento da usina à RLO de Luppi em vez do Grupo Othon. A liminar recusada pelo TRT refere-se a esse mandado, que ainda corre na Justiça.
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Réu diz que não debaterá caso na mídia
Depois de meses, a Canabrava retornou por meio de sua assessoria de imprensa. Em nota, Rodrigo Luppi garante que a mencionada ação judicial não era de conhecimento dos acusados e que a citação por edital foi prematura, uma vez que “não foram empregados os meios necessários para proceder a citação válida dos citados”.
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A nota também diz que, “ao tomarem conhecimento, os acusados, de forma livre e espontânea, compareceram pessoalmente perante o juízo, demonstrando, não apenas a boa-fé, mas também de provarem a inocência”. Luppi reclama de supostos “abusos e ilegalidades promovidas em série de reportagens, o que caracteriza uma campanha de cunho altamente agressiva”.
O Grupo O DIA reitera que pratica o jornalismo ético, com base em documentos, fontes e no direito de resposta. Desde março, a reportagem tentou contato com a Canabrava, sem sucesso.
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