Principal dica de especialistas é fazer um levantamento de todos os gastos mensais e cortar o que for supérfluo - Reprodução internet
Principal dica de especialistas é fazer um levantamento de todos os gastos mensais e cortar o que for supérfluoReprodução internet
Por Marina Cardoso e Larissa Esposito*
Rio - Ter nome sujo na praça e dificuldade de comprovar renda são os principais impedimentos de  consumidores terem crédito para fazer compras a prazo, segundo pesquisa divulgada ontem pela  Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Especialistas ouvidos pelo DIA explicam quais os caminhos a serem seguidos para o CPF ficar sem problemas e ter como provar os rendimentos.
De acordo com Juliana Moya, especialista em Relações Institucionais da Proteste, o caminho para limpar o nome sujo é buscar uma renegociação da dívida com as instituições financeiras. "O consumidor deve procurá-las para encontrar a melhor forma de efetuar os débitos. O valor das parcelas vai depender de cada instituição", explica Juliana.
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Ela ressalta que o consumidor precisa verificar a melhor possibilidade de pagamento e dividir o valor de forma que caiba no orçamento final. "Além disso, também há a possibilidade de renegociar desconto de juros, o que facilita ainda mais o pagamento", avalia a especialista. 
Economista do Idec, Ione Amorim explica que a avaliação é essencial, pois uma vez renegociada, a dívida deve ser paga, pois, do contrário, os problemas serão ainda maiores. "Cada vez que o consumidor renova os débitos, os juros tendem a crescer. Vira um ciclo, que parece que não tem fim. Por isso, a importância de fazer acordos dentro da capacidade de pagamento. Talvez um caminho para quitar é procurar uma renda complementar ou liquidar um bem", explica Ione. 
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Sobre a dificuldade para comprovar renda, as especialistas indicam que há algumas alternativas. A primeira delas é mostrar o extrato bancário. Dessa forma, mostra quanto o consumidor movimenta financeiramente e se há capacidade para fechar determinada compra. 
"Ele deve mostrar o extrato bancário dos últimos três a seis meses. Além disso, de acordo com cada instituição financeira, outros documentos podem ser válidos, como a Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos (Decore). No entanto, esse documento só podem ser emitidos por contadores", orienta Juliana.
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Ione afirma que a situação pode ser mais complicada no casos de quem trabalha informalmente. "Para os empreendedores, a dificuldade pode ser ainda maior. Caso a pessoa trabalhe com máquina de cartão, uma dica é mostrar as informações de antecipação de recebido", orienta. 
Porém, há situações em que a pessoa só trabalha com dinheiro em espécie. Nesse cenário, as duas especialistas concordam que a apresentação da declaração do Imposto de Renda pode ser uma possibilidade. 
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PESQUISA
Atrás desses dois principais fatores apontados pela pesquisa, há, ainda, entrevistados que não souberam o motivo da negativa, não tinham renda suficiente e que estavam com o limite de crédito excedido. O levantamento mostrou que o crédito foi negado para dois em cada dez consumidores em abril. 
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Na avaliação dos entrevistados, o financiamento é a modalidade mais difícil de obter aprovação, com 60% de citações. Nesse caso, apenas 11% consideram o processo fácil. Contratar um empréstimo é considerado difícil para 54% dos consumidores, ao passo que 42% avaliam como complicado obter um cartão de crédito. Já no caso das compras no crediário, 39% classificam como difícil a sua contratação.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, há uma limitação nos modelos atuais de análise e de concessão de crédito, que atribui um peso maior na existência ou não de apontamentos de inadimplência, o que torna o acesso ao crédito mais difícil para uma grande massa de consumidores.

“Hoje, as políticas de análise de crédito são baseadas apenas nas informações de negativação. Com a entrada do Cadastro Positivo neste ano, os credores poderão visualizar não apenas as contas que os consumidores têm em atraso, mas também aquelas que estão sendo pagas em dia. Isso significa que aquela parcela da população de renda mais baixa, que normalmente possui poucas garantias para fornecer em operações de crédito ou possuem registros pontuais de inadimplência, também poderá mostrar que é boa pagadora e ter mais acesso ao mercado de crédito”, explica Pellizzaro Junior.
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Ainda segundo a pesquisa, a maioria (52%) dos brasileiros não usou nenhuma modalidade de crédito no mês de abril, como empréstimos, linhas de financiamento, crediários ou cartões de crédito. Outros 48%, porém, mencionaram ter recorrido, ao menos, a uma modalidade no período.
O cartão de crédito (42%) e o crediário (13%) foram as modalidades mais recorridas no último mês. Já o cheque especial foi citado por 9% da amostra. Há ainda 7% de consumidores que buscaram empréstimos e 3% entraram em financiamentos. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. 
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*Estagiária sob supervisão de Max Leone