As meninas Beatriz e Alice estão aprendendo o básico da economia, como produção e consumo, funcionamento da Casa da Moeda e como ter cuidado e planejamento - Agência O DIA
As meninas Beatriz e Alice estão aprendendo o básico da economia, como produção e consumo, funcionamento da Casa da Moeda e como ter cuidado e planejamentoAgência O DIA
Por Larissa Esposito*
Rio - É muito estressante estar inadimplente, mas mantenha a calma, porque esse problema tem solução. Mais pessoas estão empregadas, buscando por linhas de créditos com opções de taxas de juros menores e, o mais importante, saldando as dívidas. O percentual de famílias inadimplentes no estado diminuiu de 28,3% para 27,7% em junho, de acordo com o levantamento feito pela Fecomércio e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (CNC).
Além disso, 55% dos consumidores que ainda estão endividados acreditam que terão condições de regularizar as dívidas, segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Com essas boas notícias, O DIA consultou especialistas para ajudar quem deseja sair do vermelho.
Publicidade
A dica fundamental é: ganhou ou sobrou dinheiro, liquide os débitos. Se não, o consumidor pode entrar em uma bola de neve. "Postergue o consumo superficial, enxuge o orçamento e pague as coisas indispensáveis, como compras de supermercado e a escola dos filhos", recomendou Rafael Zanderer, economista do Instituo Fecomércio de Pesquisas e Análises.
Outra alternativa é renegociar as dívidas com os bancos, para ter juros menores e pagar parcelas que caibam no bolso. Conforme mostra a CNDL e o SPC Brasil, 35% dos inadimplentes querem tentar um acordo com o credor para parcelar o valor do débito. Tudo para evitar o rotativo, como alertou Júlia Monteiro, economista-chefe da UM Investimentos. Nessa modalidade, a cobrança é de juros sobre juros. Ou seja, os juros somam com o valor que a família deixou de pagar, além do valor inicial. Então se quiser comprar algo, entenda primeiro como o valor pode ficar dentro do orçamento familiar.
Publicidade
Mas para reduzir as contas, a especialista em finanças e educadora financeira Raffaela Fahel sugere: "pegue as últimas três faturas do cartão, olhe o que tem de gasto e se pergunte se compensa aquele parcelamento de um bem que não é usado. Analise as compras, veja se valeu a pena e se os gastos do cartão estão compatíveis com o orçamento. A partir disso, é hora de traçar um plano de ação para diminuir esses gastos."
A especialista também ressalta que o que muitas famílias consideram um imprevisto, na verdade pode ser previsto. Por exemplo, sabendo que todo mês de janeiro tem a cobrança do IPTU ou que os custos em dezembro são maiores, o ideal é ter uma estratégia de reserva para que o orçamento doméstico não seja muito comprometido, além de ter controle dos gastos.
Publicidade
Foi o caso da universitária Isabella Ferreira, de 21 anos, e a mãe Ana Ferreira, 59. Com dívidas nos cartões de crédito, a família usou a poupança que tinha nos bancos para quitar boa parte das dívidas. "Assim que comecei a trabalhar há dois anos, ajudei a minha mãe a guardar dinheiro até a gente conseguir uma quantia razoável. Usamos para acabar com a maioria dos débitos, principalmente nos cartões. Agora só faltam poucas parcelas da minha faculdade", conta a estudante.
Outro método para evitar o sufoco financeiro é o investimento nas crianças. Creches e escolas públicas e privadas estão oferecendo o ensino da educação financeira, que nada mais é do que a inteligência para tomar boas decisões econômicas. Com apenas dois anos, os pequenos começam a aprender o básico da economia, como o que é produção e consumo e a ter organização, cuidados e planejamentos. "A educação financeira é um tema interessante porque, além de ser relevante, está dentro da base curricular. Mas o importante é formar o cidadão. A população não está sabendo lidar com a questão financeira, por isso vemos as famílias com problemas", explica Mariza Baumbach, pedagoga e analista comportamental.
Publicidade
Um exemplo do projeto em ação é a turma das pequenas (e lindas!) Beatriz Vitória Moreno e Alice Araujo Nascimento, ambas de 4 anos, que estudam na Creche Escola Casinha da Alegria, em Duque de Caxias. No começo do ano, Beatriz e os colegas fizeram cofrinhos personalizados e levaram para casa. A diretora geral e coordenadora pedagógica da creche, Érica Verdan, explica: "Os pais têm que incentivar os filhos a colocar as moedinhas naquele cofrinho. Em outubro, vamos realizar uma feira de troca de brinquedos, onde as crianças poderão 'comprar' o que quiserem, de acordo com o valor que cada um tem. Assim, vão aprendendo a economizar e a contar, além de aprendem sobre o valor ético e o valor de trabalhar para receber dinheiro".
De acordo com Mariza Baumbach, "se trabalharmos com as crianças, elas vão estimular as próprias famílias e terão relacionamentos mais saudáveis". A mãe de Beatriz Vitória, Tatiana Moreno, reforça esse reflexo da educação financeira nas famílias. "Hoje em dia, no Brasil, a maior dificuldade é o brasileiro ter controle sobre a sua vida financeira. Só tenho a agradecer por esse projeto, porque me ajudou a economizar", conta.
Publicidade
*Estagiária sob supervisão de Martha Imenes