O índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante divisas fortes, caiu abaixo de 100 pontos pela primeira vez desde o último dia 20. Nos emergentes, as moedas ganharam força ante o dólar, como pode ser visto pelo desempenho do WisdomTree Emerging Currency Strategy, fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) com divisas de emergentes negociado em Nova York, que subiu 1,36%.
Na avaliação do estrategista de moedas do banco canadense Scotiabank, Shaun Osborne, o ambiente de busca por ativos de risco hoje e nos últimos dois dias favoreceu as moedas mais arriscadas. "Seria ótimo pensar que o pior já passou, mas realmente ainda é muito cedo para dizer isso", ressalta ele. Moedas de emergentes podem até ganhar um pouco mais de fôlego no curto prazo, mas Osborne avalia que o espaço para ganhos mais amplos é menos certo e deve ser limitado a partir de agora.
Para o analista de mercado da Oanda em Nova York, Edward Moya, o dólar se manteve em queda no mercado financeiro internacional, com a aprovação no Senado do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões estimulando a busca por risco, ressalta ele em comentário à imprensa. O principal evento econômico da semana, a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego dos EUA, confirmou o que todos estavam temendo, que a crise do desemprego deve ser feia e pode competir com a de 2008/2009. Para Moya, não seria espanto se os pedidos atingirem 16 milhões nas próximas semanas.
Em conferência pela internet hoje, o chefe de risco para as Américas da Fitch Solutions, Jeffrey Lamoureux, e o analista de risco, Andrew Trahan, destacaram que as reformas no Brasil "estão fora da mesa no futuro previsível" e que a economia brasileira deve encolher 1,9% este ano. Sobre as recentes declarações de Jair Bolsonaro contra a quarentena, a avaliação dos analistas é que elas mostram uma subestimação da crise, assim como no México, e criam risco político.