Álcool gel produzido pela Ambev foi distribuído em hospitais. Companhia também disponibilizou máscaras para o pessoal da Saúde - Divulgação
Álcool gel produzido pela Ambev foi distribuído em hospitais. Companhia também disponibilizou máscaras para o pessoal da SaúdeDivulgação
Por MARTHA IMENES
Em meio ao caos que a pandemia do coronavírus vem provocando em todas as nações, algumas ações começaram a surgir para dar um alento e ajudar no enfrentamento à pandemia. No Brasil, por exemplo, a Ambev, que faz parte da ABInbev, maior produtora de bebidas do mundo, num gesto humanitário resolveu produzir álcool gel e distribuir em hospitais. O produto tem faltado nas farmácias. Para conter o avanço da Covid-19 o recomendável é lavar bem as mãos com água e sabão por 20 segundos e, na impossibilidade de fazer essa higienização, utilizar álcool gel 70%.
Os executivos da Ambev alertam para a necessidade de união de esforços de todos para combaterem o coronavírus. “Esse momento pede colaboração e união de esforços. Cada um deve fazer o que está ao seu alcance para, juntos, superarmos essa situação o quanto antes", afirmou Jean Jereissati, executivo-chefe da Ambev, no anúncio da construção de um hospital que companhia fará em parceria com a Prefeitura de São Paulo, Gerdau e o Hospital Israelita Albert Einstein. O novo Centro de Tratamento para a Covid-19 terão 100 leitos e atenderão o público exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em outra ocasião, o vice-presidente de Marketing da empresa, Ricardo Dias, inclusive, já havia afirmado: “Tem algo mais importante que a cerveja para a Ambev no momento, a saúde de todas as pessoas no nosso país”.
 
Outras grandes companhias têm anunciado doações para ajudar no combate ao coronavírus. E as demais que quiserem colaborar podem acessar a plataforma Todos por Todos, do governo federal, que permite que mais empresas, entidades e associações, além dos órgãos públicos, possam agora oferecer serviços e produtos gratuitos ou em caráter de emergência. A página é acessível pelo link www.gov.br/todosportodos.
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Em sua última entrevista como secretário executivo do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, demitido por Bolsonado na sexta-feira, João Gabbardo dos Reis, informou que mais de 150 respiradores e 300 mil máscaras N95 chegaram ao Brasil na manhã do dia 15. O secretário executivo do Ministério da Saúde informou ainda que o material foi adquirido pela empresa de papel e celulose Suzano, de São Paulo. 
“Hoje pela manhã, chegou um voo em Guarulhos com 159 respiradores e 300 mil máscaras N95 adquiridas pela Suzano. Grandes empresas estão ajudando, não só com recursos, mas com a aquisição de material, testes, EPIs e o Ministério da Saúde é muito grato, o povo brasileiro é muito grato pelas atitudes tomadas”, disse. 

Mais 53 toneladas de máscaras devem chegar ao Brasil nos próximos dias, com transporte custeado pelas Lojas Americanas, informou o secretário. O primeiro lote, com 15 milhões de unidades deste EPI deve ser apanhado em breve, por um avião que já está a caminho da China. “Duas aeronaves irão até a China e devem retornar para Guarulhos no dia 21 com as cargas. Serão necessários 40 voos como esses, que devem ocorrer nos próximos dias. O Ministério da Infraestrutura está responsável pela logística de transporte aéreo e prevê que até o fim de maio mais 11 voos desses trazendo EPIs”, informou.
Montadoras

As montadoras PSA Peugeot Citroën e General Motors também entraram na luta contra a Covid-19. A fabricante de veículos de origem francesa vai produzir protetores faciais em sua unidade de Porto Real (RJ). Eles são usados por profissionais da saúde no combate ao coronavírus. Os equipamentos serão doados para autoridades das cidades próximas, e vão ser produzidos em parceria com a Fablab de Resende, cidade vizinha.

Já a GM, dona da Chevrolet, está mapeando os respiradores quebrados do país, e fará uma força-tarefa para reparar os aparelhos. Para isso, vai adaptar suas fábricas brasileiras e mobilizar uma rede de funcionários voluntários. A empresa estima que há 5 mil respiradores parados.
A Petrobras vai doar ao SUS 600 mil testes para diagnóstico do novo coronavírus, que serão importados dos Estados Unidos e deverão chegar ao país ainda neste mês. Desse total, 400 mil serão entregues ao Ministério da Saúde e 200 mil à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. 

A petroleira informou também que irá direcionar parte da capacidade de processamento de computadores de alto desempenho (HPC) – os chamados “supercomputadores” - para colaborar com pesquisas de universidades sobre o combate ao coronavírus. Além disso está fornecendo alimentação aos caminhoneiros que cruzam as estradas do país.

A mineradora Vale anunciou a compra de 5 milhões de kits de testes rápidos para o novo coronavírus. Os testes, que permitem ter um resultado em apenas 15 minutos, foram comprados na China e serão entregues ao governo brasileiro até meados de abril.

A empresa também está comprando de fornecedores chineses equipamentos de proteção individual, como óculos, luvas e máscaras, para médicos e enfermeiros. O material também será encaminhado ao governo brasileiro. O valor do investimento não foi informado.

Assim como a Ambev, as fabricantes de bebidas Diageo e Pernod Ricard, anunciaram que vão produzir e envasar 88 mil litros de álcool gel, que serão destinados ao sistema de saúde dos estados do Rio de Janeiro e do Ceará.

A Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker, Smirnoff, Ypióca e Tanqueray, vai produzir e envasar 50 mil litros de álcool em gel 70%. A empresa vai usar a infraestrutura da fábrica em Fortaleza, para produzir e envasar 100 mil embalagens. A produção será doada à Secretaria da Saúde do Ceará.

Já a Pernod Ricard, dona de marcas como Absolut, Ballantine’s, Chivas Regal e Jameson, informou que está produzindo na fábrica de Resende (RJ) 36 mil litros de álcool em gel. O produto será doado para hospitais localizados nos municípios de Volta Redonda, Resende, Quatis, Porto Real e Barra Mansa, todos no sul do Estado do Rio de Janeiro.

A Marfrig Global Foods, maior produtora de hambúrgueres do mundo, anunciou a doação de R$ 7,5 milhões para o Ministério da Saúde. O valor será destinado à compra de testes rápidos para diagnosticar a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

A Unilever doou R$ 1 milhão em produtos de higiene e limpeza para o Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de ajudar na contenção do coronavírus. Segundo a empresa, 600 mil itens serão distribuídos pelo governo do Rio para as pessoas em situações de vulnerabilidade, hospitais e entidades de assistência a idosos. Ao todo, no Brasil, as doações da empresa somam R$ 3 milhões. Além do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco já foram beneficiados.

A Hering anunciou, no seu perfil no Instagram, que mobilizou parte de sua produção para fazer uniformes de proteção para os profissionais da saúde. E que milhares de peças serão doadas a diversos hospitais para ajudar a combater o novo coronavírus.

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3 milhões de máscaras PET
Máscara feita com PET pela Ambev
Máscara feita com PET pela AmbevDivulgação
A Ambev vai fabricar 3 milhões de máscaras do tipo face shield, que cobrem o rosto todo, e doar para profissionais de saúde do País. A matéria-prima para a produção dos protetores é o PET, mesmo material utilizado nas embalagens de Guaraná Antarctica.
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Os equipamentos serão produzidos por uma empresa parceira em Guarulhos (SP) e contam com avaliação técnica do Inova USP-Centro de Inovação da Universidade de São Paulo e do INOVAHC-Centro de Inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Os protetores faciais são laváveis e serão doados ao Ministério da Saúde, que se encarregará de distribuí-los às unidades hospitalares em todo o País. “Estamos nos esforçando para encontrar caminhos para ajudar o Brasil a superar este momento o quanto antes. A proteção facial é um dos principais equipamentos de proteção individual para ajudar na prevenção da Covid-19 dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, e dedicamos nosso time de design e engenharia para desenvolver o protetor”, comenta Jean Jereissati, executivo-chefe da Ambev.

Na última semana, diversos profissionais de saúde testaram o protetor facial, como Rubens Belfort, da Academia Nacional de Medicina, e João Aléssio, do Hospital São Paulo. “Esse modelo de protetor facial tem o diferencial de ser facilmente higienizado e é uma das principais demandas da rede de saúde no país, além de complementar o uso da máscara”, afirma Rubens.
"A pandemia da Covid-19 tem desafiado toda a sociedade de várias formas e nesse momento o principal objetivo precisa ser salvar vidas. O governo, o setor privado e a academia não vão deixar ninguém para trás e todos juntos vamos ganhar esta guerra", diz Linamara Rizzo Battistella, professora titular da Faculdade de Medicina da USP.
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Para a produção dos protetores faciais, a Ambev contou com a contribuição de parceiros desde a concepção da ideia, o desenvolvimento da técnica de produção e a fabricação dos equipamentos. Entre eles, estão as empresas Africa e Bizsys.

Os equipamentos terão a sua produção iniciada ainda esta semana e começarão a ser entregues no decorrer da próxima semana.