Por Luiz Fernando Santos Reis*
Rio - Terminamos nosso último artigo da coluna Infraestrutura, no 15 de abril, dizendo que “É fundamental que haja união e entendimento entre nossos governantes. Que disputas e brigas menores fiquem para outra ocasião. E que o foco seja pensar no bem maior para população: salvar vidas.

Será que é isso o que estamos vendo enquanto o país atravessa a maior crise de sua história? Não queremos entrar no mérito de quem está certo ou errado, mas no momento em que nossa Economia, nossas empresas, nossos negócios, nossos postos de trabalho e nossa Saúde escoam pelo ralo, todos estão errados.
Enquanto o país tenta combater os efeitos da covid-19, o que não é tarefa fácil – a exemplo do que estão passando vários países do chamado primeiro mundo – temos que começar a pensar e programar o day after.

As medidas como o auxílio emergencial de R$ 600 para cerca de 54 milhões de trabalhadores informais (montante de R$ 98,2 bilhões); a ajuda para pequenas e micro empresas, com o adiamento do recolhimento do simples nacional (renúncia de recolhimento de R$ 22,2 bilhões, beneficiando 4,9 milhões de empresas); a liberação de linhas de crédito de R$ 5 bilhões por repasse pelo Programa Geração de Renda (Proger) para que os bancos públicos emprestem e ajudem as empresas a garantirem capital de giro são, entre outras ações, provas do esforço que o governo vem tentando fazer para minimizar o impacto na Economia.

É obvio que, por outro lado, os governos (federal, estaduais e municipais) sofrerão uma brutal redução na sua arrecadação fazendo que, se o panorama para investimentos já não era dos mais animadores, imagine o cenário com o qual nos depararemos quando voltarmos a normalidade.

O IBRE/FGV – Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, responsável pelas sondagens mensais de confiança junto a consumidores e setor produtivo, concluiu em sua pesquisa de abril que o setor da Construção relatou maior impacto (94,3%,) negativo ou muito negativo. Segundo o levantamento, a redução da demanda e a paralisação das atividades foram os principais fatores para que os empresários da construção sentissem os efeitos negativos da crise do novo coronavírus.

Se considerarmos que o setor da construção alavanca outros 62 segmentos, não causa espanto vermos que em segundo lugar, no levantamento da FGV, venham as prestadoras de serviço com 91,7%, tendo em destaque as que participam da cadeia que alimenta a construção como às ligadas a alojamentos, serviço rodoviários e obras de acabamento.

Esse é o cenário hoje: o setor no fundo do poço, governos sem capacidade de investir. Como então conseguimos ver cumpridas as metas do “Diagnóstico de Ministério do Desenvolvimento Regional”, que aponta a necessidade de mais R$ 8 bilhões adicionais, apenas em 2020, para retomar as obras paradas e ajudar na retomada da atividade econômica? O governo federal anunciou na semana passada a criação do “Plano Pro-Brasil”, que prevê investimentos da ordem de R$ 30 bilhões e a geração de 1 milhão de empregos. Esses investimentos serão cumpridos? De onde sairá tanto dinheiro?

Vamos torcer, vamos rezar!

*Presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)