Valor dos aluguéis em alta - Reprodução
Valor dos aluguéis em altaReprodução
Por Maria Clara Matturo*

Em clima de pandemia, condomínios do Rio registraram maior taxa de inadimplência da história. Uma pesquisa da Apsa, empresa de gestão condominial, mostrou que a taxa de atraso das cotas subiu 100% comparando os meses de março e abril. Com a marca de 14% das taxas atrasadas, os condomínios podem ter contas comprometidas. No Senado, foi aprovado um projeto de lei para impedir as ordens de despejo durante a crise.

O estudo analisou mais de dois mil condomínios, que representam cerca de 20% dos condomínios da capital, além de apontar uma tendência de aumento ainda maior para maio. A intensificação da inadimplência pode ser sinônimo de preocupação, visto que a cota paga pelos moradores é usada para arcar com as despesas básicas do espaço, como conta de água, energia e manutenção.

O advogado Leandro Sender é parte da comissão de direito imobiliário e garantiu que, mesmo inadimplente, o morador não pode ter seus direitos prejudicados, e isso inclui o uso de áreas comuns, como elevadores. Na hora de negociar as dívidas, "precisa existir bom senso de ambas as partes, é provável que o inquilino consiga parcelar as cotas, por exemplo", explicou Leandro.

O projeto de lei que impede o despejo ainda precisa ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro para entrar em vigor. Mas a medida deve apenas normatizar o comportamento que já está sendo adotado. "Em geral, as pessoas estão sendo flexíveis umas com as outras", explica Sender.

Alternativas

Na hora de economizar, a educadora financeira e coautora do livro A Roda do Dinheiro, Karine Martins, explicou que como primeira atitude é importante que o administrador entenda a situação financeira. "É preciso saber se existe reserva de caixa. Pode ser interessante criar uma comissão especial para administrar as finanças durante a pandemia".

Para diminuir as despesas, a especialista orienta que os síndicos analisem contratos e gastos que podem ser cortados. "As piscinas estão fechadas, então pode diminuir a frequência de limpeza, assim como outras áreas comuns como quadras e parquinhos", concluiu Karine.

 

Negociação pode reduzir o aluguel
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Com a chegada da pandemia, muitos locadores flexibilizaram o pagamento dos aluguéis e até reduziram os valores. O comerciário Fernando César, de 59 anos, tomou a iniciativa de reduzir o aluguel de seus inquilinos em 50%.
"Meus inquilinos não estão trabalhando e já moram aqui há muitos anos. Também pago aluguel, então entendo a situação, sei o que é estar trabalhando e ter que continuar pagando", explicou. 
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O especialista em direito imobiliário Leandro Sender afirmou que a negociação é um direito básico.
"Nada impede que as duas partes sentem e conversem, tentem atingir um meio termo. É preciso manter o bom senso, sem propostas absurdas. Algo que tem acontecido muito é dividir o aluguel em parcelas, paga metade agora e metade depois". Apesar do momento econômico ser tenso para todos, Leandro reforçou que as negociações têm sido bem sucedidas. 
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Maio atinge maior endividamento
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Uma pesquisa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo mostrou que o mês de maio atingiu o maior patamar de endividamento das famílias brasileiras em quase três anos. Como consequência da pandemia, este mês 66,5% das famílias se declararam endividadas. Percentual maior do que maio de 2019, quando a marca era de 63,4%. 
Para a educadora financeira Karine Martins, a pandemia só reforçou a importância do planejamento financeiro. "Quem tem uma reserva ter maior controle emocional para passar por este momento", explicou a especialista.
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"Agora é importante listar todas as dívidas, criar um cronograma de pagamento priorizando o que é essencial para sua sobrevivência. Assim, a pessoa consegue observar o que dá para postergar e se programar para começar a pagar", orientou Karine. 
 
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 *Estagiária sob supervisão de Max Leone
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